Itaú Cultural
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entre a esfera criativa da cidade e sua<br />
competitividade econômica”. As estimativas<br />
mais recentes atribuem a essa cidade de<br />
, milhões de habitantes um PIB cultural<br />
de 9 bilhões de dólares americanos, o que<br />
ajuda a fundamentar a escolha da cultura<br />
e da criatividade como eixo de elaboração<br />
dos planos para o desenvolvimento futuro<br />
da cidade.<br />
A expressão “a cultura é o futuro das cidades”,<br />
usada pela administração pública de Toronto,<br />
surpreendentemente não é uma citação do<br />
Plano de Cultura da cidade, mas, sim, uma<br />
declaração de intenções da Agenda de<br />
Desenvolvimento Econômico de Toronto.<br />
Em Toronto nós acreditamos que<br />
a cultura é importante porque a<br />
criatividade irá assegurar o sucesso<br />
futuro de nossa cidade e ajudar a<br />
modelar nossa vantagem competitiva.<br />
Richard Florida, um dos mais importantes<br />
pensadores desse campo, além de<br />
outros como Charles Landry, mostrou<br />
que, quando uma cidade tem uma vida<br />
cultural vibrante e criativa, ela se torna<br />
um ímã, um pólo de atração para os<br />
trabalhadores do conhecimento.<br />
Para Rita Davies, a administração de Toronto<br />
finalmente posicionou a cultura onde ela<br />
deveria sempre ter estado e no lugar a<br />
que pertence: “exatamente no centro de<br />
construção da cidade, pois ela é o coração<br />
pulsante da nova cidade”.<br />
Belém: patrimônio cultural e<br />
revitalização<br />
Em vez de se apoiar na inovação tecnológica,<br />
como fez Toronto, Belém foi buscar no resgate<br />
de seu patrimônio histórico e cultural<br />
as bases para as intervenções urbanas<br />
desenvolvidas nos anos em que a<br />
administração da cultura da cidade ficou a<br />
cargo do arquiteto e urbanista Paulo Chaves<br />
Fernandes. O investimento no patrimônio<br />
não significou, entretanto, uma opção pelo<br />
passado. Foi, ao contrário, a forma qualificada<br />
de criar condições para os cidadãos<br />
recuperarem espaços de convivência na área<br />
urbana. As intervenções urbanas receberam<br />
um investimento de cerca de milhões de<br />
dólares em dois anos e foram realizadas de<br />
modo a criar equipamentos urbanos que<br />
pudessem ser incorporados ao dia-a-dia<br />
dos cidadãos, transformando-se em espaços<br />
vitais para a cidade.<br />
Além da recuperação e da criação de espaços<br />
urbanos de uso cultural, foram estimuladas<br />
ações culturais e artísticas que revitalizaram<br />
pelo menos quatro grandes áreas:<br />
• a criação de uma orquestra sinfônica, pela<br />
primeira vez na história do estado do Pará;<br />
• a realização periódica da Feira Pan<br />
Amazônica do Livro, que acabou por se<br />
tornar um grande evento de integração da<br />
região norte do país, e desta aos centros do<br />
mercado editorial brasileiro;<br />
• a criação do Concurso Bidu Sayão de<br />
Canto Lírico;<br />
• a publicação de vários pensadores da<br />
região em livro e em registros fonográficos.<br />
Todas essas ações alteraram profundamente<br />
a forma como a cidade de Belém via a si<br />
mesma, criando referências positivas e<br />
aumentando a auto-estima dos cidadãos.<br />
No entanto, a baixa institucionalização<br />
do setor cultural, ainda que se registre o<br />
esforço do ex-secretário Paulo Chaves<br />
Fernandes em dotar a cidade de marcos<br />
regulatórios claros, continua a ser um dos<br />
maiores riscos causados pela alternância das administrações<br />
públicas. E a cidade de Belém não é uma exceção no quadro da<br />
gestão brasileira da cultura.<br />
Região de Andaluzia: planejamento estratégico para a cultura<br />
A região de Andaluzia, na Espanha, da qual Málaga é um dos mais<br />
importantes centros urbanos, elaborou um Plano Estratégico<br />
para a Cultura ( 008 a 0 ), cujo marco referencial é a Carta<br />
de São Paulo, documento aprovado em º de julho de 00 no<br />
I Encontro de Ministros da Cultura no Fórum <strong>Cultural</strong> Mundial.<br />
Trata-se certamente de um dos primeiros casos em que valores e<br />
conceitos do campo cultural passaram a ser o pólo aglutinador de<br />
estratégias do setor público para formular o desenvolvimento de<br />
toda uma região. Assim como aconteceu no exemplo da cidade de<br />
Belém, o patrimônio histórico foi um dos eixos através do qual se<br />
estruturaram as intervenções urbanas, reconhecendo-o como fator<br />
de desenvolvimento da identidade cultural andaluz.<br />
Segundo o plano para Andaluzia, a cultura deve ser compreendida<br />
não apenas como o conjunto de expressões artísticas, mas, sim,<br />
como o patrimônio material e imaterial das sociedades, grupos<br />
ou indivíduos, e a identidade se expressa através do patrimônio<br />
cultural e existe quando há diálogo com a identidade dos outros.<br />
Ainda segundo os princípios orientadores do plano – apresentados<br />
por Vicente Gramado, secretário-geral de Organização do Território<br />
e Urbanismo do Governo de Andaluzia –, a cultura propicia o<br />
desenvolvimento econômico, e o intercâmbio internacional de bens<br />
deve ser culturalmente sustentável. Finalmente, as novas tecnologias<br />
de comunicação devem ser facilitadoras desse diálogo, estimulando<br />
a circulação de bens e de produtos, propiciando a acessibilidade e<br />
favorecendo o trabalho em redes.<br />
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imagem: Cia de Foto