Recepção e efeito dos conteúdos digitais educacionais na ... - pucrs

Segundo dados do IBGE 1 , “em 2002, o Brasil tinha 32, 1 milhões de analfabetos
e a defasagem entre idade e série escolar cresce com a idade: é de 14,4 % entre as
crianças de sete anos e de 65,7 7% para as de 14 anos”. A escola é o “centro” de
socialização das pessoas, das famílias, das classes, mas, na contramão da própria rua, é
o “centro” da promoção da desigualdade econômica, cultural, social.
Com a virtualização do ensino, os conteúdos educacionais digitais promovem a
revisão das perguntas, das dúvidas e das inquietudes. O aluno que tinha como único
instrumento pedagógico o livro didático, agora tem acesso e tem certa liberdade
disponível ao computador ligado a um provedor de internet, onde ele busca diretórios de
pesquisas, e através destes, seleciona, escolhe, toma para sua pasta determinado
conhecimento ou pela empatia ou pelo desafio de conhecer o conteúdo disposto.
Há uma inquietação pela necessidade de se descobrir como “caminhar” sem
perder a própria identidade, ou, como forma de evoluir no tempo e no espaço virtual
assumindo um papel imaginário num universo “fantástico” e ilusionista. A partir dos
anos 90 passou-se a valorizar os processos de aprendizagem extraescolares que
certamente influenciam o desenvolvimento dos sujeitos enquanto cidadãos críticos,
participativos e políticos dentro da sociedade. Estes aprendizados consistem no processo
de absorção de uma cultura virtual, ou seja, a educação transmitida pelo acesso à
internet, pela produção midiática somada ou não à educação dada pelos pais na família,
no convívio com os amigos, teatros, leitura de jornais, livros etc. carregados de valores e
representações, são fatores determinantes para o sucesso escolar das crianças de baixa
renda.
Colaborando com a importância da cultura para o desenvolvimento do sujeito
Bourdieu apud Nogueira e Nogueira (2002) afirma que:
Cada indivíduo passa a ser caracterizado por uma bagagem socialmente
herdada. Essa bagagem inclui, por um lado, certos componentes objetivos,
externos ao indivíduo, e que podem ser postos a serviço do sucesso escolar.
Fazem parte dessa primeira categoria o capital econômico, tomado em termos
dos bens e serviços a que ele dá acesso, o capital social, definido como o
conjunto de relacionamentos sociais influentes mantidos pela família, além
do capital cultural institucionalizado, formado basicamente por títulos
escolares. (BOURDIEU apud NOGUEIRA E NOGUEIRA, 2002: 1)
Alguns aspectos culturais, como a cultura de mundo, as práticas e manifestações
artísticas populares que não fazem parte do capital cultural acima definido, favorecem o
1 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, responsável pela PNAD. Disponível em
http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/pesquisas/educacao_no_brasil.html, acessado em 29 de outubro de 2010.