13.05.2013 Views

a morte e as mortes na obra de juan rulfo - Universidade Federal de ...

a morte e as mortes na obra de juan rulfo - Universidade Federal de ...

a morte e as mortes na obra de juan rulfo - Universidade Federal de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

du<strong>as</strong> direções: <strong>na</strong> primeira, Tanilo <strong>de</strong>monstra o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> regressar para c<strong>as</strong>a. E, <strong>na</strong> segunda, a<br />

intenção é apontada como cilada: <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> matar que já estava consumado no pensamento<br />

nos amantes: “lo llevamos empurrándolo entre los dos pensando acabar com él para<br />

siempre 106 ”.<br />

Tanilo, <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do a encontrar a cura do corpo por meio da fé <strong>na</strong> “virgencita <strong>de</strong><br />

Talpa”, vacila n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> pretensões quando - <strong>de</strong>bilitado pela peregri<strong>na</strong>ção - sente su<strong>as</strong> forç<strong>as</strong><br />

sucumbirem.<br />

Os outros perso<strong>na</strong>gens, Natalia e o cunhado, <strong>de</strong>monstram firmeza nos seus propósitos,<br />

não se <strong>de</strong>ixando abater. Insistem <strong>na</strong> caminhada, apostando <strong>na</strong> concretização do que<br />

preten<strong>de</strong>m.<br />

Po<strong>de</strong>-se observar aqui, como especifica Genette, a freqüência insistente com que se<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong> a presença do <strong>na</strong>rrador, repetindo muit<strong>as</strong> vezes: “(...) entre Natalia y yo lo matamos<br />

(...) pensando acabar com él para siempre, lo llevamos a empurrones (...), a estirones lo<br />

levantábamos <strong>de</strong>l suelo (...) queríamos era que se muriera 107 ”. Percebe-se marcadamente a<br />

presença do <strong>na</strong>rrador, insistindo nos seus propósitos. “Eso pensaba él”. Que “La virgencita le<br />

daría el remedio para aliviarse <strong>de</strong> aquell<strong>as</strong> cos<strong>as</strong> que nunca se secaban (...). Ya allí, frente a<br />

Ella, se acabarían sus males; <strong>na</strong>da le dolería ni le volveria a doler más. Eso pensaba él 108 ”.<br />

Explicando, o <strong>na</strong>rrador insinua que não pensavam <strong>de</strong>ste modo. Sabiam que Tanilo iria morrer,<br />

por isso foi que o levaram. Mais uma vez o <strong>na</strong>rrador justifica o motivo da insistência; pois<br />

quando a noite chegava, afirma: “buscábamos Natalia y yo la sombra <strong>de</strong> algo para<br />

escon<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> la luz <strong>de</strong>l cielo” 109 . Ambos sabiam que não estavam agindo corretamente.<br />

“Así nos arrimábamos a la soledad <strong>de</strong>l campo, lejos <strong>de</strong> los ojos <strong>de</strong> Tanilo... 110 ”. E <strong>as</strong>sim,<br />

longe dos olhares, Natalia e seu cunhado satisfaziam seu <strong>de</strong>sejo sexual. Como se busc<strong>as</strong>sem<br />

energia para se recomporem da caminhada extenuante. E <strong>as</strong>sim, nutridos da seiva proibida,<br />

sentir-se-iam mais fortes para levar, a empurrões, seu “cor<strong>de</strong>iro” para ser imolado.<br />

Os perso<strong>na</strong>gens têm função bem <strong>de</strong>limitada. Tanilo, peregri<strong>na</strong>ndo a Talpa, enquanto<br />

Natalia e o cunhado iam com sua intenção secreta: o <strong>de</strong>sejo da <strong>morte</strong> <strong>de</strong> Tanilo. Quando este,<br />

cansado, propõe retor<strong>na</strong>r diz: “Me quedaré aqui sentado un día o dos y luego me volveré a<br />

106 I<strong>de</strong>m p. 38. “Nós o levamos, empurrando-o entre os dois, pensando acabar com ele para sempre.”<br />

107 I<strong>de</strong>m. “(...) Natalia e eu o matamos (...) pensando acabar com ele para sempre, o levamos a empurrões, (...) a<br />

estirões o levantávamos do chão (...) queríamos que morresse”.<br />

108 I<strong>de</strong>m p. 35. “A virgenzinha lhe daria o remédio para aliviá-lo daquel<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> que nunca se secavam. (...) Já,<br />

ali, em frente a ela, se acabariam seus males; <strong>na</strong>da doeria nem voltaria a doer mais. Isso ele pensava”.<br />

109 I<strong>de</strong>m p. 36. “Isso ele pensava. Buscávamos Natalia e eu a sombra <strong>de</strong> algo para escon<strong>de</strong>r-nos da luz do céu”.<br />

“Assim nos aproximávamos à solidão do campo, longe dos olhos <strong>de</strong> Tanilo (...)”.<br />

110 I<strong>de</strong>m p. 36. “Assim nos aproximávamos à solidão do campo, longe dos olhos <strong>de</strong> Tanilo (...)”.<br />

55

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!