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Laudo pericial por João B. Paes de Barros, Suzana Greco de ...

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<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 1<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

Exmo. Sr. Dr. Juiz <strong>de</strong> Direito da 2ª Vara Cível Fórum <strong>João</strong> Men<strong>de</strong>s Jr<br />

Ação# 2972/98. ORDINÁRIA. <strong>Suzana</strong> <strong>Greco</strong> <strong>de</strong> França Kleptar x Tam<br />

Trans<strong>por</strong>tes Aéreos Regionais S/A. Unibanco Seguros S/A . IRB Brasil<br />

Resseguros S/A<br />

<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong>, engenheiro <strong>de</strong> Aeronáutica carteira Crea 14018/D perito<br />

nomeado às fls. 1095 dos autos do processo supra, vem mui respeitosamente<br />

peticionar ENTREGA DE SEU LAUDO TÉCNICO DE PROVA INDIRETA, como<br />

requerido.<br />

Fls <strong>de</strong> <strong>Laudo</strong> e fls <strong>de</strong> Anexo, totalizando fls.<br />

Nestes Termos<br />

P. Deferimento<br />

<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong><br />

Telefone (011) 223 6488<br />

São Paulo, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2003


INTRODUÇÃO<br />

<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 2<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

O trabalho <strong>pericial</strong> proposto é <strong>de</strong> escopo limitado, qual seja emitir um <strong>Laudo</strong> interpretativo<br />

com base na Documentação Técnica gerada pelos órgãos nacionais e internacionais<br />

responsáveis <strong>por</strong> investigar o aci<strong>de</strong>nte e coor<strong>de</strong>nados pelo CIAA PT-MRK. É uma prova<br />

indireta que tem <strong>por</strong> escopo dar um melhor entendimento do sinistro a nível leigo.<br />

Embora a Documentação Técnica disponível aponte quase <strong>de</strong> forma unânime<br />

para a inexistência <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> subjetiva da parte Ré nos Autos, a TAM, o perito<br />

do Juízo não está em posição <strong>de</strong> contesta-los. O perito já encontrou um trabalho<br />

investigativo acabado, isto é; os Relatórios analisados foram baseados nos manuais e<br />

procedimentos disponíveis para a aeronave e seus componentes, foram baseados em<br />

observações e medições quando do “joint observations on wreckage examination”, foram<br />

baseados em testes e comparações com peças e procedimentos <strong>de</strong> aeronaves idênticas,<br />

foram confrontados com as normas reguladoras <strong>de</strong> construção e operação aeronáutica.<br />

Os Relatórios obtiveram a aprovação total ou com poucas restrições, dos órgãos<br />

nacionais e internacionais <strong>de</strong> Investigação e Prevenção <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes aéreos; enfim,<br />

os Relatórios analisados apresentaram suas conclusões somente após um compreensivo<br />

trabalho técnico.<br />

O processo investigativo foi coor<strong>de</strong>nado pela CIAA PT-MRK.<br />

CIAA - comissão <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte aeronáutico (um para cada<br />

aci<strong>de</strong>nte). A comissão para este aci<strong>de</strong>nte tomou a sigla CIAA PT-MRK, com membros<br />

técnicos presididos pelo cel aviador <strong>João</strong> Luiz <strong>de</strong> Castro Guimarães.<br />

CIAA fica <strong>de</strong>ntro das ativida<strong>de</strong>s do SIPAER –Sistema <strong>de</strong> Investigação e<br />

Prevenção <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>ntes Aeronáuticos controladas pelo CENIPA –CENTRO DE<br />

INVESTIGAÇAO E PREVENÇAO DE ACIDENTES AERONAUTICOS, órgão do Estado<br />

maior da Aeronáutica (Comando da Aeronáutica). Chefe do Cenipa na ocasião cel<br />

aviador Douglas Ferreira Machado.<br />

DIPAA (Divisão <strong>de</strong> Investigação e Previsão <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>ntes Aeronáuticos) faz a<br />

investigação na aviação civil (DAC) sob supervisão do CENIPA/DAC.<br />

Maiores informações sobre o CENIPA, acessar o site www.cenipa.aer.mil.br<br />

As conclusões a que chegou a CIAA PT-MRK estão consubstanciadas no relatório<br />

final CENIPA 04 <strong>de</strong> Dez/97, com cópia entregue a este perito acompanhada <strong>de</strong> carta<br />

(anexa) <strong>de</strong> restrição ao uso do referido relatório, que, contudo, já se acha parcialmente<br />

anexado aos autos às fls 522 a 623. O perito teve acesso também em caráter reservado,<br />

a outros relatórios e seus anexos, tais como:<br />

a) Análise da Falha Elétrica do Sistema <strong>de</strong> Reverso da Aeronave Fokker F100 –<br />

compilado pelo CTA/IFI. Data <strong>de</strong> emissão nov/97.<br />

b) Re<strong>por</strong>t n.º UK-28-313, title F28 Mk0070/ F28MK-0100 Safety assessment of the<br />

Thrust Reverser Control System compilado pela empresa Fokker Aircraft BV. Data<br />

<strong>de</strong> emissão Jun/94.


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 3<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

Os seguintes órgãos e/ou empresas foram relevantes em sua participação com técnicos,<br />

laboratórios e documentação para o TRABALHO PERICIAL da CIAA PT-MRK:<br />

NTSB (NATIONAL TRANSPORTATION SAFETY BOARD), órgão <strong>de</strong> investigação<br />

americano (CENIPA americano).<br />

NASB (NETHERLANDS AVIATION SAFETY BOARD) órgão <strong>de</strong> investigação da Holanda<br />

(CENIPA holandês).<br />

AAIB (AIR ACCIDENTS INVESTIGATION BRANCH) órgão <strong>de</strong> investigação Inglês<br />

(correspon<strong>de</strong>nte ao CENIPA brasileiro).<br />

RLD (Rijks Luchtvaart Dienst) órgão <strong>de</strong> certificação aeronáutica holan<strong>de</strong>sa (correspon<strong>de</strong><br />

ao FAA americano, CTA brasileiro, CAA inglês)<br />

CAA (Civil Aviation Authority) órgão <strong>de</strong> certificação da Inglaterra.<br />

FAA (Fe<strong>de</strong>ral Aviation Administration) órgão <strong>de</strong> certificação aeronáutica dos EEUU.<br />

JAA joint aviation authority (sediado na Holanda) órgão certificador <strong>de</strong> aeronáutica para<br />

EU (correspon<strong>de</strong> ao FAA americano e ao CTA brasileiro)<br />

CENTRO TÉCNICO AEROESPACIAL (CTA)<br />

INSTITUTO DE FOMENTO E COORDENAÇÃO INDUSTRIAL (IFI) e<br />

especificamente, sua Divisão <strong>de</strong> Aeronautical Certification Division & Air Safety<br />

Investigation (IFI).<br />

AMR laboratório <strong>de</strong> materiais do IAE/CTA - Relatórios do AMR/IAE/CTA.<br />

FAR -Fe<strong>de</strong>ral Aviation Regulations da Fe<strong>de</strong>ral Aviation Administration (FAA), U.S.A.<br />

JAR -Joint Aviation Regulations da Joint Aviation Authorities (J.A.A.), Europa.<br />

RBHA -Regulamento Brasileiro <strong>de</strong> Homologação Aeronáutica do Departamento <strong>de</strong><br />

Aviação Civil (DAC), Brasil.<br />

TAM, FOKKER, NORTHROP GRUMMAN, C.I.I. (COMMUNICATIONS INSTRUMENTS<br />

INC- fornecedora da NORTHROP GRUMMAN).<br />

ALLIED SIGNAL AVIONICS INC, REDMONT, WA (Redução do FDR – Registrador <strong>de</strong><br />

dados do vôo - "SOLID STATE FLIGHT DATA RECORDER" –SSFDR)<br />

Oficina <strong>de</strong> Manutenção <strong>de</strong> Motores da ROLLS ROYCE (MRR) motores Rolls Royce no<br />

Brasil (M).<br />

Os trabalhos da comissão CIAA PT-MRK foram acompanhados <strong>por</strong> engenheiro do<br />

CTA (José A Bresciani Meirelles – CTA – MRB ( Maintenance Review Board) - Executive<br />

Chairman).<br />

Os seguintes Relatórios Técnicos foram elaborados e/ou<br />

consi<strong>de</strong>rados na confecção do Relatório Cenipa 04 relacionados na or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong> sua citação.


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 4<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

11/NOV/96 - Preparado <strong>por</strong> técnico da FOKKER SERVICES, nas <strong>de</strong>pendências do CTA,<br />

on<strong>de</strong> acusa uma alta resistência no SWITCH S1 do SEC LOCK ACTUATOR, que<br />

possivelmente teria reduzido a performance do STOW LlMIT RELAY, enviando sinais<br />

espúrios ao STOW SOLENOID da SELECTOR VALVE..........................................fls 4<br />

07/Jan/97 - EW/B96/10/2, emitido pelo representante do AAIB, relata que a pressão<br />

hidráulica necessária para operar o SPOOL das válvulas SELECTOR VALVE testadas<br />

estava baixa em relação à pressão do sistema hidráulico. A válvula para o " thrust<br />

reverser " # 2 operava <strong>de</strong> 48 a 52 PSIG (STOW -DEPLOY) e <strong>de</strong> 48 a 49 PSIG (DEPLOY -<br />

STOW). AAIB (AIR ACCIDENTS INVESTIGATION BRANCH) órgão <strong>de</strong> investigação<br />

Inglês (correspon<strong>de</strong>nte ao CENIPA brasileiro).........................................................fls 4<br />

18/NOV/96 - JOINT OBSERVATIONS ON WRECKAGE EXAMINATION - Preparado no<br />

CTA a título <strong>de</strong> Informação Preliminar com o acompanhamento <strong>de</strong> engenheiros e<br />

técnicos daquele Centro e da CIAA, da FOKKER SERVICES e do Representante do<br />

AAIB. AMR/IAE/CTA (laboratório <strong>de</strong> materiais do IAE/CTA)..<br />

................................................................................................................................fls 5<br />

05/DEZ/96 - AVALIACÃO DE DESEMPENHO EM SIMULADOR DO FOKKER 100. É um<br />

relatório <strong>de</strong> análise, com o objetivo <strong>de</strong> avaliar o <strong>de</strong>sempenho da aeronave FOKKER 100<br />

nas condições do aci<strong>de</strong>nte. Foi elaborado <strong>por</strong> oficiais do CTA. ...............................fls 5<br />

20/DEZ/96 - ANÁLISE ELÉTRICA DO REVERSOR DO FOKKER 100. Relatório <strong>de</strong><br />

análise emitido <strong>por</strong> engenheiro do CTA.....................................................................fls 6<br />

JUNE 1994 - REPORT Nº UK-28-313 SAFETY ASSESSMENT OF THE THRUST<br />

REVERSER CONTROL SYSTEM e seus apêndices - ANALISE DE FALHA (FAULT<br />

TREE) - POS-MOD - O fabricante não consi<strong>de</strong>rou a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um colamento dos<br />

contatos do SECONDARY LOCK RLY 1...................................................................fls 7<br />

23/JAN/97 - ABERTURA E FECHAMENTO DO "T/R" VERSOS “TLA”. Relatório emitido<br />

pela CIAA PT-MRK, com o objetivo <strong>de</strong> documentar os testes realizados em duas<br />

aeronaves FOKKER 100, on<strong>de</strong> foi verificada a relação entre o ângulo <strong>de</strong> abertura das<br />

conchas dos reversores e a posição da manete <strong>de</strong> potência (TLA)..........................fls 7<br />

N.º 02-AMR-E/97 - Relatório do AMR/IAE/CTA. Relatório <strong>de</strong> exames e ensaios em<br />

diversos componentes, fraturados e não fraturados, emitido pelo AMR do Instituto <strong>de</strong><br />

Aeronáutica e Espaço do -IAE do CTA. Todos os componentes mecânicos que foram


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 5<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

examinados fraturaram <strong>por</strong> sobrecarga, provavelmente no momento do impacto da<br />

aeronave, e não apresentaram indícios <strong>de</strong> pré- trincas exceto o FEED BACK CABLE do<br />

motor direito; ...............................................................................................................fls 8<br />

03/FEV/97 - RELATÓRIO DOS testes efetuados nos SECONDARY LOCK ACTUATORS<br />

(solenói<strong>de</strong>s, micro switches s1 e s2, relé da trava secundária, do SECONDARY LOCK<br />

ACTUATORS). Emitido pelo CTA/IFI, apresenta os testes realizados nos SECONDARY<br />

LOCK SOLENOIDS, na empresa COMMUNICATIONS INSTRUMENTS INC (C.I.I)<br />

(fornecedor da Grumman), nos EEUU. Os testes foram acompanhados <strong>por</strong> engenheiro do<br />

CTA e representantes da C.I.I., NORTHROP GRUMMAN, FOKKER, NASB, AAIB, NTSB,<br />

FAA e TAM. ...............................................................................................................fls 8<br />

17/ABR/97 - T/R HIDRAULIC STOW CONDITIONS - Documento TS96.67993 emitido<br />

pela FOKKER SERVICES - realização <strong>de</strong> teste para esclarecer a situação <strong>de</strong> POTÊNCIA<br />

DO MOTOR " VERSUS " POTÊNCIA HIDRÁULICA. ...........................................fls 9<br />

16/ABR/97 - SISTEMA ELETRICO DE CONTROLE P/ ATUAÇÃO DO REVERSO -F100<br />

Relatório emitido <strong>por</strong> engenheiro componente da CIAA, analisa e testa a eventual<br />

possibilida<strong>de</strong> do T/R SECONDARY LOCK RELAY 1 (K1266A), P/N FOKKER FON9-<br />

6105D4L, apresentar uma falha interna, cuja conseqüência seria a <strong>de</strong> levar (ou manter)<br />

inadvertidamente dois <strong>de</strong> seus contatos ( <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> quatro) para a posição<br />

"energizada". .........................................................................................................fls 11<br />

25/ABR//97 - EXAMINATION AT LEACH INT. FRANCE. Relatório emitido pelo<br />

representante do NASB, sob o N.o 520197/96-78/A-17/56, sumariando os exames<br />

realizados na LEACH INT em 20/MAR/97 em seis relés semelhantes ao componente<br />

FOKKER P/N FON96105D4L. Esse documento foi aceito pela LEACH, conforme<br />

TELEFAX N.o 1285, <strong>de</strong> 05/JUN/97, como sendo o relatório final relativo às pesquisas<br />

realizadas naquele fabricante. ..............................................................................fls 11<br />

11/MAR/97 - TESTES DO T/R FEED BACK CABLE documento 1 -TS97.52804 a<br />

FOKKER SERVICES informa testes no FEEDBACK CABLE. ................................fls 12


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 6<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

31/JUL/97 - AVALIAÇÃO E TESTES EFETUADOS NO FEED BACK CABLE - relatório<br />

elaborado <strong>por</strong> engenheiro, componente da CIAA, apresenta um resumo das observações<br />

colhidas durante a realização dos testes do FEED BACK CABLE, na fábrica da FOKKER,<br />

nos dias 05 e 06/JUN/97. ..........................................................................................fls 14<br />

05 e 07/NOV/96 - SIMULACÃO DA CICLAGEM DO REVERSOR (HANGAR TAM). A<br />

Engenharia da TAM, trocando informações com os engenheiros do CTA e os técnicos<br />

estrangeiros, realizou análise dos diagramas elétricos, simulando a ciclagem dos<br />

reversores. Foram realizadas numa aeronave da operadora brasileira. ................fls 15<br />

Data ? - "COCKPIT VOICE RECORDER" -CVR - análise no Laboratório <strong>de</strong> Gravadores<br />

<strong>de</strong> Vôo do "National Trans<strong>por</strong>tation Safety Board - NTSB", na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Washington -DC,<br />

EUA. A gravação, com um total <strong>de</strong> 35 ( trinta e cinco) minutos registrados, tem seu início<br />

coincidindo com o momento da aproximação final do vôo anterior ao aci<strong>de</strong>nte. .........fls 17<br />

4/NOV/96 – Relatório do "SOLID STATE FLIGHT DATA RECORDER" -SSFDR pela<br />

empresa fabricante, em coor<strong>de</strong>nação com o "National Trans<strong>por</strong>tation Safety Board -<br />

NTSB". O equipamento é fabricado pela "Allied Signal" ( SEATTLE- USA), PN 980- 4700-<br />

003, NS 1399. Este SSFDR armazenou dados referentes a 106 parâmetros <strong>de</strong> vôo..fls 17<br />

DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PERICIAL DO PERITO DO<br />

JUÍZO<br />

O perito se baseou no RELATARIO FINAL CENIPA 04 (abreviadamente mencionado<br />

como Rcenipa), emitido em 11/12/1997, do qual irá transcrever trechos e com sua<br />

própria redação, irá fazer os comentários que achar necessário à clareza <strong>de</strong> seu <strong>Laudo</strong> e<br />

também incluir anexos e esclarecimentos provenientes <strong>de</strong> outros Relatórios, não<br />

anexando, no entanto, texto completo dos relatórios mencionados.<br />

“ RELATARIO FINAL CENIPA 04<br />

Sistema <strong>de</strong> Investigação e Prevenção <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>ntes Aeronáuticos<br />

AERONAVE Mo<strong>de</strong>lo: FOKKER -100 OPERADOR Matrícula: PT - MRK TAM<br />

TIPO: Perda <strong>de</strong> controle em vôo<br />

ACIDENTE Local: Aero<strong>por</strong>to <strong>de</strong> Congonhas Estado: São Paulo<br />

Data/hora: 31/0UT/96 -10:27 UTC – (horário Greenwich).<br />

O objetivo único da investigação <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes é a prevenção <strong>de</strong> futuros aci<strong>de</strong>ntes ou inci<strong>de</strong>ntes. O propósito<br />

<strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> não é <strong>de</strong>terminar culpa ou responsabilida<strong>de</strong>, princípio este contido no art 3.1 do Anexo 13


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 7<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

da Organização <strong>de</strong> Aviação Civil lnternacional- OACI, do qual o Brasil é país signatário. Recomenda-se o<br />

seu uso para fins exclusivos da prevenção <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes aeronáuticos.<br />

1. HISTÓRICO DO ACIDENTE.<br />

A aeronave realizava um vôo <strong>de</strong> trans<strong>por</strong>te regular <strong>de</strong> passageiros, TAM 402, partindo <strong>de</strong><br />

São Paulo ( Congonhas -SBSP ) com <strong>de</strong>stino ao Rio <strong>de</strong> Janeiro (Santos Dumont -SBRJ ).<br />

Por volta das 08:26 – hora local <strong>de</strong> verão em São Paulo, durante a <strong>de</strong>colagem e logo<br />

após sair do solo, a tripulação foi surpreendida <strong>por</strong> uma circunstância anormal nesta fase<br />

do vôo, que interpretou como sendo o prosseguimento <strong>de</strong> uma indicação <strong>de</strong> falha do<br />

sistema “auto throttle”, procurando executar imediatamente uma ação corretiva.<br />

Foi observado <strong>por</strong> testemunhas que o reversor do motor direito abriu e fechou algumas<br />

vezes, tendo sido ouvido o barulho correspon<strong>de</strong>nte a esta situação.<br />

Durante os vinte e quatro segundos totais <strong>de</strong> vôo, a aeronave <strong>de</strong>rivou à direita,<br />

mantendo-se a baixa altura e velocida<strong>de</strong>, chegando a uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> acentuada<br />

inclinação à direita, vindo a colidir com edificações, projetando-se ao solo e incendiandose<br />

em seguida, sofrendo perda total.<br />

2. DANOS CAUSADOS<br />

1. Pessoais.<br />

Lesões Fatais: Tripulantes 06, Passageiros 89, Terceiros 04.<br />

2. Materiais<br />

a) À aeronave<br />

A aeronave sofreu avarias acima <strong>de</strong> qualquer recuperação.<br />

b) A terceiros<br />

Em virtu<strong>de</strong> do aci<strong>de</strong>nte ter ocorrido numa área resi<strong>de</strong>ncial, várias edificações<br />

da Rua Luís Orsini <strong>de</strong> Castro, no Bairro Jabaquara, foram atingidas. “<br />

3. INFORMAÇÕES SOBRE A AERONAVE<br />

Mo<strong>de</strong>lo F28MK 0100, marcas <strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> matrícula PT -MRK, foi fabricada<br />

pela FOKKER AIRCRAFT B.V., em 07/FEV/93, sob o número <strong>de</strong> série 11440, estando<br />

registrada no Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) como sendo <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> BBV<br />

Leasing Funds GMBH CO MY KG e tendo como operadora a TAM Trans<strong>por</strong>tes Aéreos<br />

Regionais S/A.<br />

a) Célula. Possuía, na ocasião do aci<strong>de</strong>nte, 8.171 horas totais <strong>de</strong> célula. Os serviços <strong>de</strong><br />

revisão e manutenção foram consi<strong>de</strong>rados periódicos e a<strong>de</strong>quados e seus Certificados<br />

<strong>de</strong> Aeronavegabilida<strong>de</strong> e Matrícula estavam válidos.


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 8<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

b) Motores. A aeronave estava equipada com dois MOTORES ROLLS ROYCE,<br />

MODELO TAY 650-15, i<strong>de</strong>ntificados com o S/N 17336 no lado esquerdo, e o S/N 17367,<br />

no lado direito, conforme o previsto no TYPE CERTIFICATE (TC) para essa aeronave.<br />

4. ANÁLISE DO SISTEMA DE REVERSÃO DOS MOTORES (sistema<br />

hidráulico e sistema elétrico)<br />

4.I Sistema Hidráulico.<br />

O sistema hidráulico do reversor é simples, possuindo basicamente dois<br />

componentes vitais, que são:<br />

O THRUST SELECTOR VALVE, que atua hidraulicamente no sistema e é acionada<br />

eletricamente; e o<br />

THRUST RVSR ACTUATOR, que é acionado hidraulicamente para atuar no sistema<br />

mecânico <strong>de</strong> abertura e fechamento das Conchas <strong>de</strong> Reversão (T/R – Thrust<br />

Reverser). Ambos são hidraulicamente alimentados pelo SISTEMA HIDRÁULICO<br />

PRINCIPAL.<br />

A aeronave estava equipada, conforme seu TC (Type Certificate), com duas válvulas<br />

do Mo<strong>de</strong>lo 114168001, fabricadas pela DOWTY AEROSPACE HYDRAULICS. Essas<br />

válvulas foram testadas e inspecionadas no Fabricante, em ONCHAN -ISLE OF MAN<br />

-UK, a inspeção foi acompanhada <strong>por</strong> engenheiro do CTA e <strong>por</strong> representantes da<br />

DOWTY, da FOKKER SERVICES, da AAIB, da NASB e da TAM. A conclusão dos<br />

testes foi <strong>de</strong> que nenhuma das duas válvulas do sistema apresentou qualquer<br />

anomalia operacional.<br />

Por outro lado, a partir do JOINT OBSERVATIONS ON WRECKAGE EXAMINATION<br />

em Relatório preparado no CTA a título <strong>de</strong> informação preliminar referente às<br />

avaliações realizadas em vários componentes dos reversores dos motores 1 (LH) e 2<br />

(RH) e que teve o acompanhamento <strong>de</strong> engenheiros e técnicos daquele Centro, da<br />

CIAA PT-MRK, da FOKKER SERVICES e pelo Representante do AAIB, em<br />

18/NOV/96, concluiu-se que o SISTEMA HIDRÁULICO PRINCIPAL operava normal<br />

<strong>por</strong> ocasião do aci<strong>de</strong>nte.<br />

Não se encontrou, <strong>por</strong>tanto, qualquer evidência que indicasse que o Sistema Hidráulico<br />

tivesse tido im<strong>por</strong>tância no aci<strong>de</strong>nte.<br />

4.ll Sistema Elétrico<br />

As evidências indicam ser este um dos fatores contribuintes para a abertura do<br />

reversor em vôo.<br />

Pela Análise da Redução (Interpretação) dos Dados do SSFDR ("SOLID STATE<br />

FLIGHT DATA RECORDER" ou FDR, ou caixa preta) feito pela ALLIED SIGNAL<br />

AVIONICS INC, REDMONT, WA e pela investigação do fator material para cada um


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 9<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

dos componentes do Sistema elétrico, constatou-se que neste aci<strong>de</strong>nte ocorreu uma<br />

pane <strong>de</strong> "REVERSER UNLOCKED".<br />

Analisando-se o trecho gravado no SSFDR entre o momento do LIFT OFF (tirada da<br />

roda chão - rolamento) e o primeiro impacto, po<strong>de</strong>-se verificar que a curva <strong>de</strong> EPR 2<br />

(Potência do Motor Direito 2) apresenta três ciclos <strong>de</strong> redução e aplicação <strong>de</strong> potência<br />

e a curva <strong>de</strong> posição do T/R - E2 ( Thrust Reverser – T/R, Concha do reversor Direito)<br />

apresenta um único movimento indo <strong>de</strong> TRNS (Posição TRANSIT) para DPLD<br />

(Posição DEPLOYED).<br />

O T/R tem duas posições: STOW (travada fechada), DEPLOYED (travada aberta) e<br />

pelo FDR a “posição” TRANSIT (não travada). A “posição” TRANSIT não é<br />

exatamente uma posição, ela aparece no FDR - Flight Data Recor<strong>de</strong>r - indicando que<br />

a concha está em um curso intermediário, ou seja, para efeito <strong>de</strong> gravação no FDR,<br />

existem três mensagens a serem gravadas, quais sejam, as das duas posições<br />

citadas e uma terceira mensagem que não seria uma posição propriamente dita, mas<br />

uma INFORMAÇÃO <strong>de</strong> que o T/R estaria fora das posições travadas Aberta ou<br />

Fechada. Como não existem sensores intermediários para <strong>de</strong>finir se ele estaria na<br />

meta<strong>de</strong> do percurso, ou a ¼, ou a ¾, a indicação é <strong>de</strong> TRANSIT. O im<strong>por</strong>tante fato é<br />

saber que pelo FDR o T/R estava <strong>de</strong>stravado com a aeronave correndo pista para<br />

<strong>de</strong>colar, suscetível a uma abertura não comandada a qualquer momento.<br />

Analisando-se as informações do Documento T/R HIDRAULIC STOW CONDITIONS -<br />

Documento TS96.67993 emitido pela FOKKER SERVICES (fls 10 do Relatório da<br />

CENIPA):<br />

“po<strong>de</strong>-se verificar que o gráfico EPRE2 (Potência do Motor Direito) indica que houve três<br />

ciclos <strong>de</strong> redução e aplicação <strong>de</strong> potência e o gráfico TLA2 (Angulo da Manete <strong>de</strong><br />

Potência do Motor Direito) indica que houve três ciclos <strong>de</strong> retardo e avanço da referida<br />

manete.”<br />

Comparando com as curvas acima <strong>de</strong>scritas (T/R -E2-Concha do reversor Direito) versus<br />

EPRE2-Potência do Motor Direito) e com a informação prestada <strong>por</strong> testemunha visual<br />

(fls 10 do RCenipa), a do mecânico <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> aeronaves que viu a ciclagem do<br />

reversor do motor direito na <strong>de</strong>colagem, po<strong>de</strong>-se afirmar que, embora tenham ocorrido<br />

pelo menos três ciclos completos <strong>de</strong> abertura e fechamento das conchas do reversor do<br />

motor direito, não existindo sensores intermediários para <strong>de</strong>finir se ele estaria na meta<strong>de</strong><br />

do percurso, ou a ¼, ou a ¾, o SSFDR registrou apenas o momento em que o reversor<br />

alcançou a posição FULLY DEPLOYED, isto é; apenas quando o reversor permaneceu<br />

nesta posição "certo tempo", necessário para o registro elétrico <strong>de</strong>ssa posição física.<br />

Às fls 10 do RCenipa é analisada a existência do quarto (4 o .) ciclo do Reversor.<br />

4.II a. SISTEMA ELETRICO DE CONTROLE DE ATUAÇÃO DO REVERSO - F100 –<br />

O perito do Juízo anexa os diagramas:


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 10<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

- “TROUBLE SHOOTING SCHEMATIC MANUAL” – Diagrama 2, versão PÓS-MOD -<br />

Sistema Elétrico e mecano-hidráulico do Reverso mostrando o estojo do Secondary Lock<br />

Actuator (conjunto atuador da trava secundária - C.I.I. P/N A-1355 - S/N 870, do reversor<br />

direito (S/N 874 do reversor esquerdo); mostra este conjunto interagindo com as<br />

conchas do T/R e o Feed back cable. Observar o estojo do SECONDARY LOCK<br />

ACTUATOR com o “Solenoid” e duas chaves interruptoras (SWITCHES): chave S1 e<br />

chave S2, para controle <strong>de</strong> atuação para posição UNLOCKED e LOCKED.<br />

- “TROUBLE SHOOTING SCHEMATIC MANUAL” - Diagrama 1, versão PRÉ-MOD -<br />

Sistema Elétrico do Reverso e Diagrama 1, versão PÓS-MOD - Sistema Elétrico do<br />

Reverso. Vê-se que o Sistema Elétrico <strong>de</strong> Reverso, possui três RELAYs na versão PRÉ-<br />

MOD e quatro na versão PÓS-MOD:<br />

K2906A – Thrust Reverser Secondary Lock Relay 2 Eng 2 – Deploy Relay - com o<br />

“Solenoid” e duas chaves interruptoras (SWITCHES): chave A e chave X.<br />

Controle <strong>de</strong> atuação para posição DEPLOYED (T/R SECONDARY LOCK<br />

RELAY2 ENG 2)<br />

K1266A – Thrust Reverser Secondary Lock Relay 1 eng 2 – Stow Relay – com o<br />

“Solenoid” e três chaves interruptoras (SWITCHES): chave X, chave C e Chave A.<br />

Controle <strong>de</strong> atuação para posição STOW (T/R SECONDARY LOCK RELAY1<br />

ENG 2). A chave A na posição A3, A2 comanda o SEC LOCK ACTR (Atuador da<br />

trava do STOW).<br />

K3321 – Deploy Limit Relay eng 2 – com o “Solenoid” e três chaves interruptoras<br />

(SWITCHES): chave B, chave A e chave X.<br />

Na versão pós-mod foi incluído mais um Relay, K 4170 A – Stow Limit Relay eng<br />

2 – com o “Solenoid” e duas chaves interruptoras (SWITCHES): chave A e chave<br />

X.<br />

No controle do Reverso Motor Direito estas peças fazem parte do comando para a<br />

válvula seletora, SELECTOR VALVE manter pressão hidráulica no atuador hidráulico<br />

(ACTUATOR) <strong>de</strong> tal forma que mantém as conchas travadas em posição, ao mesmo<br />

tempo em que fornecem retro informação ao FDR (Flight Data Recor<strong>de</strong>r) e ao sistema <strong>de</strong><br />

alarme da cabine (FWS – Flight Warning System).<br />

Durante seção da JOINT OBSERVATIONS ON WRECKAGE EXAMINATION <strong>de</strong><br />

18/Nov/96, com presença <strong>de</strong> representantes da CIAA PT-MRK, da Fokker Services e da<br />

AAIB, foram testadas no CTA, peças SWITCH REVERSER SECONDARY LOCK RELAY<br />

1 ENG 2, S1 e S2 rejeitadas em serviço; as peças S1 testadas, quando comandadas<br />

manualmente para se obter a posição correspon<strong>de</strong>nte a totalmente estendida<br />

(DEPLOYED) até a posição totalmente retraída (STOW), mediram valores <strong>de</strong> resistência<br />

elétrica <strong>de</strong> até 357 OHMS, consi<strong>de</strong>rados extremamente altos, uma vez que o normal<br />

seriam valores <strong>de</strong> resistências que não exce<strong>de</strong>ssem 0.7 OHMS;<br />

As mesmas medições em SWITCH S1 do lado do ENG 1 (LH) mostraram valores<br />

<strong>de</strong>, no máximo, 0.5 OHMS;


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 11<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

Testes realizados nos EEUU na empresa COMMUNICATIONS INSTRUMENTS INC -<br />

C.I.I - fornecedora da Grumman, nos conjuntos da trava secundária - SECONDARY<br />

LOCK ACTUATORS (solenói<strong>de</strong>s, micro switches s1 e s2), tiveram seus resultados<br />

registrados no relatório emitido pelo CTA/IFI, em 03/FEV/97. Os testes foram<br />

acompanhados <strong>por</strong> engenheiro do CTA e representantes da C.I.I., da NORTHROP<br />

GRUMMAN, da FOKKER, da NASB, da AAIB, da NTSB, da FAA e da TAM (fls 8,<br />

Rcenipa).<br />

O relatório concluiu que "Os testes realizados nos dois solenói<strong>de</strong>s do Secondary<br />

Lock Actuator (C.I.I, P/N A-1355, S/N 874 -do reversor esquerdo e S/N 870 -do reversor<br />

direito) <strong>de</strong> atuação da trava secundária das <strong>por</strong>tas dos reversores <strong>de</strong> empuxo das<br />

turbinas mostraram inconsistência nas respostas dos mesmos e a conseqüente falta <strong>de</strong><br />

confiabilida<strong>de</strong> <strong>por</strong> eles apresentada.<br />

Mesmo assim, ficou claro que as unida<strong>de</strong>s continuam a ser montadas e fornecidas<br />

aos clientes com as <strong>de</strong>ficiências que, aparentemente, só não eram <strong>de</strong> conhecimento do<br />

FAA - uma vez que o Fabricante <strong>de</strong>monstrou que já as conhecia e o Representante<br />

Acreditado da FAA mostrou-se surpreso com o que presenciou.<br />

Em resumo, os componentes (S/N 870-motor direito e S/N 874-motor esquerdo)<br />

que equipavam a aeronave aci<strong>de</strong>ntada, apresentaram nos testes operacionais propostos<br />

e realizados, <strong>de</strong>sempenho muito inferior ao mínimo aceitável para garantir a segurança e<br />

a confiabilida<strong>de</strong> do sistema e, conforme o concluído ao final dos trabalhos,<br />

especificamente a <strong>de</strong> S/N 870 (do reversor direito), teve parcela <strong>de</strong> contribuição na<br />

seqüência <strong>de</strong> eventos que levaram à abertura não comandada das <strong>por</strong>tas do reversor <strong>de</strong><br />

empuxo da turbina n.º 2, durante a fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem da aeronave.<br />

Relatório emitido <strong>por</strong> engenheiro componente da CIAA PTMRK, datado <strong>de</strong><br />

16/ABR/97 – fls 11, Rcenipa -, analisa a possibilida<strong>de</strong> do T/R SECONDARY LOCK<br />

RELAY1 ENG 2 - N.º K1266A - P/N FOKKER FON9-6105D4L ter apresentado uma falha<br />

interna, resultando em colamento <strong>de</strong> pelo menos dois contatos no SECONDARY LOCK<br />

RL1, cuja conseqüência seria a <strong>de</strong> levar (ou manter) a energisação do STOW SOLENOID<br />

permanentemente. A SELECTOR VALVE ficou vulnerável a um sinal que comandasse a<br />

abertura das conchas o que aconteceu <strong>por</strong>que a barra <strong>de</strong> emergência está sempre<br />

obrigatoriamente energisada.<br />

O RELAY suspeito SECONDARY LOCK RELAY 1 ENG 2 não foi achado nos<br />

<strong>de</strong>stroços. Os testes se basearam, <strong>por</strong>tanto em outras peças.<br />

O relatório <strong>de</strong> 16/ABR/97 chegou a conclusão <strong>de</strong> que a falha não foi <strong>de</strong>vida a uma<br />

inadvertida alimentação elétrica pela fiação <strong>de</strong> controle do T/R SECONDARY LOCK<br />

RELAY1 ENG 2, mas sim <strong>de</strong>vido a uma falha interna, pois que o outro RLY, o K2905A<br />

(T/R SEC. LCK. RLY 2 ENG 2) que estava ligado na mesma fiação permaneceu<br />

<strong>de</strong>senergisado.


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 12<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

Informa ainda o relatório que cargas indutivas, como aquelas sobre o SEC. LCK<br />

ACTUATOR SOLENOID são prejudiciais aos contatos que as comandam, principalmente<br />

na <strong>de</strong>senergisação, caso não haja um diodo <strong>de</strong> proteção, o que é o caso.<br />

Nota do Perito do Juízo: Em comentários sobre Relatório preliminar da Cenipa, datados <strong>de</strong><br />

28 <strong>de</strong> outubro 1997, o Sr. GWM Bo<strong>de</strong>wes, Chairman of the Board da NASB<br />

(NETHERLANDS AVIATION SAFETY BOARD), DISCORDA <strong>de</strong> que o valor <strong>de</strong>ssas cargas<br />

indutivas sejam altas o suficiente para danificar os contatos baseado em testes <strong>de</strong><br />

operação normal com a <strong>de</strong>sergenisação simultânea do SEC. LCK ACTUATOR SOLENOID<br />

e do DEPLOY SOLENOID; mas, ao mesmo tempo CONCORDA que durante a<br />

<strong>de</strong>sernegisação do Sec Lock Actuator, cargas indutivas nos contatos A1-A2 do<br />

SECONDARY LOCK RELAY 1 po<strong>de</strong>riam ocorrer como resultado <strong>de</strong> mal funcionamento <strong>de</strong><br />

outro componente do sistema elétrico do T/R.<br />

Avalia ainda o relatório <strong>de</strong> 16/ABR/97 a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que, durante serviços <strong>de</strong><br />

manutenção, <strong>de</strong>vido a prática <strong>de</strong> "ciclos rápidos" <strong>de</strong> reversão em que se coman<strong>de</strong> o<br />

fechamento das conchas antes <strong>de</strong> se ter completado sua abertura e, neste caso, o<br />

<strong>de</strong>sligamento dos dois solenói<strong>de</strong>s <strong>de</strong> K 1266A e <strong>de</strong> K3321 será efetuado pelo STOW<br />

SOLENOID do RLY, K 1266A. A interrupção simultânea dos dois solenói<strong>de</strong>s juntos<br />

po<strong>de</strong>ria comprometer os contatos neste RLY.<br />

O relatório conclui pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que uma falha simples no RLY K<br />

1266A, causada pela "fusão" <strong>de</strong> qualquer dos contatos A1/A2, C1/C3/C2, X1/X2 (em<br />

especial A1/A2), o que em seqüência causaria o contínuo comando do DEPLOY<br />

SOLENOID e, ao mesmo tempo, provocaria a inibição dos alarmes, não iria sinal para a<br />

sistema <strong>de</strong> alarme da cabine - FWS , visto que estes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do fechamento dos<br />

contatos C2/C3, fechamento este que, nesta possibilida<strong>de</strong>, não ocorreria.<br />

No procedimento <strong>de</strong> REVERSER UNLOCKED <strong>de</strong>scrito no AIRPLANE<br />

OPERATION MANUAL, a tripulação teria a informação <strong>de</strong> falha através da luz MASTER<br />

CAUTION e do aviso no MFDS (aviso! REVERSER ENG 2), <strong>por</strong>ém, segundo os dados<br />

do CVR esta informação não chegou à tripulação. A informação <strong>de</strong> THRUST REVERSER<br />

UNLOCKED estava disponível no SSFDR e não estava disponível para a tripulação.<br />

Houve inibição dos alarmes, visto que estes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do fechamento dos contatos<br />

C2/C3.<br />

Nota do perito do Juízo:<br />

MFDS - Main Function Display System – tela no painel <strong>de</strong> instrumentos que dá<br />

todas informações dos componentes unida<strong>de</strong>s principais: motor, parte eletrica,<br />

hidraulica, externas (pressão, temp, DAU – data acquisition unit, etc...)<br />

CVR - "COCKPIT VOICE RECORDER"<br />

FWS – Fight Warning System<br />

Aqui neste ponto o Rcenipa chama atenção para duas modificações havidas no projeto<br />

da versão que chamou pós-mod, versão da aeronave aci<strong>de</strong>ntada. Através <strong>de</strong> emissão do<br />

Boletim <strong>de</strong> Serviço Fokker F100-78-004 em 18 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1990, algumas<br />

modificações foram introduzidas no esquema elétrico:


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 13<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

a) Para otimizar o sistema <strong>de</strong> acionamento dos reversores <strong>de</strong> fluxo e permitir a<br />

sua atuação mesmo em ocorrência <strong>de</strong> emergência elétrica da aeronave, esse<br />

boletim introduziu, na frota mundial, a alteração da fonte <strong>de</strong> alimentação<br />

elétrica do circuito, que passou a ser fornecida pela barra <strong>de</strong> emergência –<br />

EMERGENCY BUS (barra da bateria), ou invés da barra principal –<br />

ESSENTIAL BUS - como no projeto originalmente aprovado (pré-mod).<br />

b) Pelo mesmo Boletim <strong>de</strong> Serviço foi introduzido um STOW LIMIT RELAY com<br />

a função <strong>de</strong> cortar a energisação do solenói<strong>de</strong> STOW no final do curso do<br />

STOW.<br />

c) Tais alterações minimizaram a proteção contra uma abertura inadvertida das<br />

conchas da T/R como se comentará em capítulo a seguir, on<strong>de</strong> se faz a<br />

análise <strong>de</strong> falhas (ANÁLISE DO PROJETO através do Diagrama <strong>de</strong> Falha do<br />

“T/R Control System”).<br />

4.II b. ANÁLISE DO PROJETO através do Diagrama <strong>de</strong> Falha do “T/R Control System”<br />

(ARVORE DE FALHAS DO FABRICANTE FOKKER PARA ESTE SISTEMA)<br />

NOTA # 1: FAR - Fe<strong>de</strong>ral Aviation Regulation - Nº 25.1309 e AC - ADVISORY<br />

CIRCULAR -Nº 25.1309-1A foram baixadas via Internet e estão anexadas ao <strong>Laudo</strong> do<br />

perito do Juízo.<br />

(1). A FAR 25.1309 <strong>de</strong>termina, resumidamente, que equipamentos, sistemas e<br />

instalações <strong>de</strong> uma aeronave, consi<strong>de</strong>rados separadamente ou em relação a outros<br />

sistemas, <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>finidos <strong>de</strong> forma que, na ocorrência <strong>de</strong> qualquer falha que possa<br />

impedir a continuação do vôo seguro e o pouso da aeronave, a falha <strong>de</strong>ve ser<br />

classificada como "extremamente improvável";<br />

(2). A AC Nº 25.1309-1A <strong>de</strong>termina, resumidamente, que para uma falha ser consi<strong>de</strong>rada<br />

"extremamente improvável", a probabilida<strong>de</strong> da falha ocorrer <strong>de</strong>ve ser da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

10^(-9) ou menos: uma falha <strong>por</strong> bilhão <strong>de</strong> horas voadas.<br />

NOTA # 2: Os Diagramas <strong>de</strong> ANÁLISE DE FALHAS (FAULT TREE). As fontes <strong>de</strong><br />

referência foram:<br />

a) Análise da Falha Elétrica do Sistema <strong>de</strong> Reverso da Aeronave<br />

Fokker F100 – produzido pelo CTA/IFI, Data <strong>de</strong> emissão nov/97.<br />

b) Re<strong>por</strong>t n.º UK-28-313, title F28 Mk0070/ F28MK-0100 Safety<br />

assessment of the Thrust Reverser Control System produzido pela<br />

empresa Fokker Aircraft BV. Data <strong>de</strong> emissão Jun/94.<br />

Estão anexados ao <strong>Laudo</strong> quatro diagramas <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> falha:


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 14<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

- Diagrama <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Falha para a versão pré-Mod conforme consta do Re<strong>por</strong>t n.º<br />

UK-28-313. Data <strong>de</strong> emissão Jun/94<br />

- Diagrama <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Falha para a versão pré-Mod refeito pela Fokker<br />

após o aci<strong>de</strong>nte (1997).<br />

- Diagrama <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Falha para a versão pós-Mod conforme consta do Re<strong>por</strong>t n.º<br />

UK-28-313. Data <strong>de</strong> emissão Jun/94<br />

- Diagrama <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Falha para a versão pós-Mod refeito pela Fokker após<br />

o aci<strong>de</strong>nte (1997).<br />

(a) ANÁLISE DO PROJETO -Pré-Mod ( pré-modification -antes da modificação)<br />

- Pág 6 item a) do Rcenipa -<br />

Quando a aeronave foi certificada no Brasil, em 1990, o sistema elétrico estava numa<br />

configuração em que o solenói<strong>de</strong> STOW da THRUST RVSR SELECTOR VALVE<br />

permanecia sempre energizado, mantendo o THRUST RVSR ACTUATOR sob pressão<br />

<strong>de</strong> linha hidráulica, no sentido <strong>de</strong> fechar as conchas, exceto quando era comandada, no<br />

pouso, a abertura do reverso. Essa condição garantia maior confiabilida<strong>de</strong> quanto a<br />

abertura inadvertida dos reversores, mas a alimentação era provida pela ESSENTIAL DC<br />

BUS, o que não permitiria o uso do reverso, no pouso, se houvesse uma condição <strong>de</strong><br />

"perda" <strong>de</strong>ssa barra;<br />

ANÁLISE DE FALHA (FAULT TREE) -PRÉ-MOD<br />

O relatório <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> falha do reversor emitido pelo fabricante para o processo <strong>de</strong><br />

homologação não apresentava todas as condições possíveis <strong>de</strong> INADVERTENT<br />

POSITIVE e não consi<strong>de</strong>rava a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma falha dormente (DORMANT FAIL),<br />

sendo a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> falha calculada como da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10^(-11), uma falha <strong>por</strong> cem<br />

bilhões <strong>de</strong> horas voadas, o que atendia a JAR/FAR 25.1309 no nível <strong>de</strong> falha<br />

"extremamente improvável".<br />

(b) ANÁLISE DO PROJETO -Pós-Mod (pós-modification -após modificação)<br />

Pág 6 item b) Rcenipa<br />

Para otimizar o sistema <strong>de</strong> acionamento dos reversores <strong>de</strong> fluxo e permitir a sua<br />

atuação mesmo em ocorrência <strong>de</strong> emergência elétrica da aeronave, algumas<br />

modificações foram introduzidas no esquema elétrico, através <strong>de</strong> emissão do Boletim <strong>de</strong><br />

Serviço Fokker F100-78-004 em 18 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1990. Esse boletim introduziu, na<br />

frota mundial, basicamente a alteração da fonte <strong>de</strong> alimentação elétrica do circuito, que<br />

passou a ser fornecida pela barra <strong>de</strong> emergência (barra da bateria), ou invés da barra<br />

principal como no projeto originalmente aprovado.


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 15<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

A FOKKER emitiu o SERVICE BULLETIN F100-78-004 em 18 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1990, que<br />

mudou a alimentação para a BATTERY BUS (barra <strong>de</strong> emergência), mas houve a<br />

necessida<strong>de</strong>, para aten<strong>de</strong>r aos rígidos requisitos <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> operação da aeronave na<br />

condição <strong>de</strong> emergência elétrica, <strong>de</strong> economizar energia. Essa economia foi conseguida<br />

<strong>de</strong>senergisando-se o solenói<strong>de</strong> STOW com a introdução <strong>de</strong> um STOW LIMIT RELAY,<br />

que energizava o solenói<strong>de</strong> STOW somente quando havia um comando positivo neste<br />

sentido. Porém, essa condição, durante as fases do vôo em que o reversor não é<br />

utilizado, mantém o THRUST RVSR ACTUATOR sem pressão <strong>de</strong> linha hidráulica.<br />

ANÁLISE DE FALHA (FAULT TREE) -PÓS-MOD<br />

O diagrama <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> falha do reversor feito pelo fabricante, consi<strong>de</strong>rando a versão<br />

PÓS-MOD, mesmo não levando em conta uma falha dormente, indica que a<br />

probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma abertura inadvertida dos reversores é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10^(-6), uma<br />

falha <strong>por</strong> milhão <strong>de</strong> horas voadas. Portanto, a versão PÓS- MOD não satisfaz aos<br />

requisitos <strong>de</strong> aeronavegabilida<strong>de</strong> da FAR/RBHA 25.1309 e AC Nº 25.1309-1A, embora<br />

tenha sido analisada e conseqüentemente aprovada pela autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> certificação<br />

primária, aquela do país <strong>de</strong> origem da aeronave, no caso a autorida<strong>de</strong> holan<strong>de</strong>sa RLD<br />

(Rijks luchtvaart dienst -Dutch Airworthiness Authority), responsável pela aprovação do<br />

projeto <strong>de</strong> tipo e emissão do respectivo Certificado <strong>de</strong> Homologação <strong>de</strong> Tipo.<br />

5. FEED BACK CABLE 1-TS97.52804 -T/R FEED BACK CABLE<br />

O cabo é o conjunto <strong>de</strong> um CABO MORSE -parte FÊMEA, acoplada com um CABO<br />

GRUMMAN -parte MACHO, unidos <strong>por</strong> um TURNBUCKLE para “quick disconnect” –<br />

O Tunrbuckle é fabricado pela Teleflex Aerospace Inc-<br />

O Perito do Juízo anexou ao seu <strong>Laudo</strong>, os <strong>de</strong>senhos:<br />

“TROUBLE SHOOTING SCHEMATIC MANUAL” – Diagrama 2 (mecanohidráulico)<br />

interativo do Feed back cable com as conchas do T/R, versão pósmod.<br />

“FEEDBACK SYSTEM CABLE CONNECTOR ENGAGEMENT – TO SCALE”<br />

Este é o <strong>de</strong>senho esquemático do engate macho – fêmea do FEED BACK<br />

CABLE e seus componentes, como mostrado na carta da AAIB <strong>de</strong><br />

4/nov/1997 acompanhado dos comentários AAIB COMMENTS ON<br />

COMMISSION DRAFT REPORT OF 12 SEPT 97.


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 16<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

A partir do TROUBLESHOOTING SCHEMATIC MANUAL do F100 - sistema mecanohidráulico<br />

versão pos-mod vê-se que <strong>por</strong> condições <strong>de</strong> projeto a manete <strong>de</strong> potência<br />

do motor (TL) é escravizada ao respectivo reverso. É um sistema <strong>de</strong> proteção contra<br />

uma abertura inadvertida <strong>de</strong> reverso em vôo e a certificação <strong>de</strong>ssas aeronaves exige<br />

que esta proteção seja operacionalizada, pois caso ocorra uma abertura inadvertida<br />

do reversor em vôo, o motor é ao mesmo tempo reduzido para Flight IDLE (marcha<br />

lenta). A escravização na manete <strong>de</strong> potência ao respectivo reverso se faz pelo FEED<br />

BACK CABLE, o que obriga o recuo imediato da TL para o batente <strong>de</strong> marcha lenta<br />

(posição IDLE), <strong>de</strong>vendo ficar travada nessa posição.<br />

Pela simulação do vôo nas condições do aci<strong>de</strong>nte consi<strong>de</strong>rando os parâmetros<br />

existentes no aeródromo <strong>de</strong> Congonhas no momento do aci<strong>de</strong>nte e pela Análise da<br />

Redução (Interpretação) dos Dados do SSFDR ("SOLID STATE FLIGHT DATA<br />

RECORDER" ou FDR, ou caixa preta) feito pela ALLIED SIGNAL AVIONICS INC,<br />

REDMONT, WA, a razão <strong>de</strong> subida - com reversor aberto e trem <strong>de</strong> pouso baixado<br />

seria ainda positiva no valor <strong>de</strong> +120 pés/min, isto é; se não tivesse havido a falha <strong>de</strong><br />

um elemento do sistema mecânico, o FEEDBACK CABLE, a aeronave po<strong>de</strong>ria ter<br />

levantado vôo.<br />

5.I. TESTES REALIZADOS NO FEED BACK CABLE<br />

a) Os cabos da aeronave aci<strong>de</strong>ntada foram encontrados e o resultado das medições<br />

e analises e foram –:<br />

O cabo do motor DIREITO, foi encontrado <strong>de</strong>sconectado no TURNBUCkLE -<br />

não su<strong>por</strong>tou o esforço concha mais força do piloto e "<strong>de</strong>sconectou"-,<br />

possibilitando o posicionamento da manete <strong>de</strong> potência a frente com as<br />

conchas do reversor abertas). Não foi testado <strong>por</strong> tração em laboratório<br />

O cabo do motor ESQUERDO estava normalmente conectado no<br />

TURNBUCKLE. Não foi testado <strong>por</strong> tração em laboratório.<br />

b) Testes realizados nos laboratórios do CTA, a título <strong>de</strong> informação preliminar<br />

referente às avaliações <strong>de</strong> material realizadas em vários componentes, Relatório do<br />

AMR/IAE/CTA (laboratório <strong>de</strong> materiais do IAE/CTA) em 18/NOV/96. Foi testado um<br />

cabo novo, <strong>de</strong> mesmo numero <strong>de</strong> parte, utilizando uma máquina <strong>de</strong> tração<br />

convencional - tipo dinamômetro -, não foi consi<strong>de</strong>rado representativo <strong>por</strong>que foi<br />

realizado sem seguir parâmetros que simulassem a ação do piloto na manete <strong>de</strong><br />

potência e a abertura das conchas. Os resultados obtidos no CTA não foram<br />

consi<strong>de</strong>rados oficiais, só foram utilizados como referencia <strong>de</strong> resistência à tração <strong>de</strong><br />

um cabo idêntico ao instalado na aeronave aci<strong>de</strong>ntada. Nestas condições, o ensaio<br />

<strong>de</strong> tração realizado com CABO NOVO, indicou que a separação física (SOLTURA) do<br />

"pino <strong>de</strong> ligação" do seu "alojamento" foi iniciada quando a carga atingiu 240 Kgf ou<br />

seja, 2.359,17 N. (Fl 8 Rcenipa).


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 17<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

Com o cabo novo que foi usado no ensaio <strong>de</strong> rompimento <strong>por</strong> tração, po<strong>de</strong>-se<br />

verificar que as medidas finais <strong>de</strong> abertura interna e da pare<strong>de</strong> externa do<br />

"alojamento" do "pino <strong>de</strong> ligação" (“TURNBUCKLE”) entre as partes traseira e<br />

dianteira do cabo:<br />

CABO NOVO RH – ABERTURA = 2,92mm - PAREDE = 4,46mm,<br />

, foram bastante semelhantes em comparação ao FEED BACK CABLES que estavam<br />

instalados na aeronave aci<strong>de</strong>ntada:<br />

MOTOR RH - ABERTURA = 2,89mm - PAREDE = 4,49mm<br />

A comparação dos FEED BACK CABLES que estavam instalados na aeronave<br />

aci<strong>de</strong>ntada apresentaram, contudo, resultados diferentes entre si no que tange as<br />

medidas finais <strong>de</strong> abertura interna e da pare<strong>de</strong> externa do "alojamento" do "pino <strong>de</strong><br />

ligação" entre as partes traseira e dianteira do cabo (“TURNBUCKLE”):<br />

MOTOR RH - ABERTURA = 2,89mm -PAREDE = 4,49mm<br />

MOTOR LH - ABERTURA = 2,21mm -PAREDE = 4,14mm<br />

c ) Testes no FEED BACK CABLE colhidos nos laboratórios da fábrica da FOKKER<br />

NV, nos dias 05 e 06/JUN/97 conforme constam em relatório <strong>de</strong> 31/JUL/97 elaborado<br />

<strong>por</strong> engenheiro do CTA que representou a CIAA PT-MRK. Estes dão os testes<br />

consi<strong>de</strong>rados “oficiais” para esta peça.<br />

Foram usados quatro cabos novos idênticos, certificados para serem usados em<br />

aeronaves F-100, (dois em cada dia <strong>de</strong> ensaio), da seguinte forma: o primeiro <strong>de</strong>les<br />

foi utilizado para calibrar o dispositivo hidráulico que simula a ação do piloto na<br />

manete e o esforço <strong>de</strong> tração provocado pela abertura das conchas. O segundo foi<br />

utilizado no ensaio para o resultado "oficial" do teste do dia 05/JUN/97: houve a<br />

separação quando o valor da carga no lado do reversor atingiu 2625 N, enquanto o<br />

valor da carga no lado da manete TL atingiu 1835 N. Página 14, item (15)-2 Rcenipa.<br />

No dia seguinte, foi repetido o ensaio do dia anterior, usando um cabo novo para<br />

calibração e outro novo para a coleta <strong>de</strong> dados para o resultado "oficial" do teste do<br />

dia 06/JUN/97: houve a separação quando o valor da carga no lado do reversor<br />

estava em 2500 N, enquanto a carga no lado da manete TL era <strong>de</strong> 1732 N. Página<br />

14 item (15)-3 Rcenipa.<br />

Os testes também foram positivos em apontar o local em que a separação do<br />

FEEDBACK CABLE ocorreu, que foi internamente ao TURNBUCKLE, cujo diâmetro<br />

interior é maior do que o diâmetro da capa externa do cabo, o que permitiu que<br />

houvesse uma "expansão" da conexão fêmea com a saída do pino macho durante o<br />

tracionamento e que resultou em danos a essas peças <strong>de</strong> forma similar aos danos<br />

ocorridos nas peças pertencentes ao motor direito do PT -MRK, cuja avaliação consta<br />

do relatório No. 02-AMR-E/97.<br />

d) TESTES ANTERIORES FEITOS PELA FOKKER SERVICES -:


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 18<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

Analisando-se as informações do Documento TS 97.52804 emitido pela FOKKER<br />

SERVICES em 11/mar/97 (fls 12 do RCenipa) a respeito dos testes <strong>por</strong> ela efetuados<br />

o documento ressalta, entre outras informações:<br />

A especificação <strong>de</strong> projeto da Fokker, constante no documento UK 28.292 (fls 12<br />

Rcenipa), para a situação em que o piloto está exercendo força máxima (estática)<br />

sobre o TL é <strong>de</strong> 632 lb (2815 N). Conforme certificado, <strong>por</strong>tanto, falha ou <strong>de</strong>sconexão<br />

do FEEDBACK SYSTEM não <strong>de</strong>veria ocorrer antes <strong>de</strong> tensão no cabo atingir o valor<br />

<strong>de</strong> 632 Ib. (2815 N).<br />

Em testes on<strong>de</strong> a Fokker usou incrementos <strong>de</strong> 500 N, quando a carga <strong>de</strong> teste<br />

alcançou 3500 N (786 Ib.), o engate (FÊMEA/MACHO) se abriu, sem fratura, com<br />

formação <strong>de</strong> engrossamento da parte macho do cabo – cabo GRUMAN - que<br />

alcançou a borda interna do TURNBUCKLE, preenchendo a folga construtiva<br />

existente no cabo. O <strong>de</strong>slocamento da conexão macho foi <strong>de</strong>, aproximadamente, 36,0<br />

mm (20,5 mm <strong>de</strong> estiramento e 15,5 mm <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento do conjunto).<br />

Os resultados obtidos pela FOKKER SERVICES nestes testes <strong>de</strong> 11/mar/97 (fls 12 do<br />

RCenipa) não foram consi<strong>de</strong>rados oficiais, sendo só foram utilizados como referência<br />

<strong>de</strong> resistência à tração <strong>de</strong> um cabo idêntico ao instalado na aeronave aci<strong>de</strong>ntada.<br />

Contudo, analisando-se as informações fls 11 do Documento P-100-3018, <strong>de</strong><br />

MAR/97, emitido pela FOKKER SERVICES (fls 13 do RCenipa) vê-se que houve<br />

"<strong>de</strong>slocamento" do engate; nota-se que existe um espaço interno no TURNBUCKLE,<br />

on<strong>de</strong> a fricção <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> existir uma vez que a conexão fica exposta, e a fêmea do<br />

conector não está mais radialmente comprimida.<br />

5.II. Conclusão relevante sobre o FEED BACK CABLE:<br />

Os Requisitos <strong>de</strong> Projeto da FOKKER estipulavam um valor limite <strong>de</strong> 2812 / 2815<br />

N, consi<strong>de</strong>rando a concha aberta e o piloto exercendo máximo esforço ao levar a<br />

manete <strong>de</strong> potencia TL à frente. O projeto da FOKKER ao especificar o sistema<br />

<strong>de</strong> FEEDBACK seguiu valores preconizados pela maioria dos fabricantes<br />

aeronáuticos, estipulando um valor limite <strong>de</strong> 2812 N, isto é; EMBORA, não<br />

consi<strong>de</strong>rando em projeto o caso do piloto resistindo à tendência da manete TL <strong>de</strong><br />

recuar pela ação das conchas se abrindo como havido neste aci<strong>de</strong>nte, o valor<br />

2812 N estipulado pela própria FOKKER em seus Requisitos <strong>de</strong> Projetos é maior<br />

que o valor registrado nos testes “oficiais”, que foram 1835 N, 1732 N.<br />

Os testes foram positivos em apontar o local em que a separação do FEEDBACK<br />

CABLE ocorreu, que foi internamente ao TURNBUCKLE, cujo diâmetro interior é<br />

maior do que o diâmetro da capa externa do cabo, o que permitiu que houvesse<br />

uma "expansão" da conexão fêmea com a saída do pino macho durante o<br />

tracionamento e que resultou em danos a essas peças <strong>de</strong> forma similar aos danos<br />

ocorridos nas peças pertencentes ao motor direito do PT -MRK, cuja avaliação<br />

consta do relatório do CTA – AMR <strong>de</strong> 18/NOV/96.


6. TREINAMENTO DOS TRIPULANTES<br />

<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 19<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

O procedimento <strong>de</strong> "reverser unlocked" na <strong>de</strong>colagem <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser treinado no<br />

simulador <strong>de</strong> vôo pelos tripulantes da empresa (fls 20, fls 33 Rcenipa).<br />

O com<strong>por</strong>tamento da aeronave, obtido em ensaio no simulador, correspon<strong>de</strong> ao previsto<br />

nos gráficos do Manual <strong>de</strong> Vôo (AFM).<br />

A abertura e fechamento cíclicos <strong>de</strong> um reversor em vôo ou na fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem não<br />

constava do programa <strong>de</strong> treinamento em simulador <strong>de</strong> vôo da aeronave ("Full FIight<br />

Simulator Training Program") e sequer dos manuais <strong>de</strong> vôo e <strong>de</strong> operação aprovados da<br />

aeronave (nos capítulos "emergency procedures" e "abnormal procedures "); e,<br />

conseqüentemente, os tripulantes não eram treinados para o reconhecimento <strong>de</strong> uma<br />

ocorrência <strong>de</strong>ssa natureza, tal qual se manifestou, uma vez que, segundo o concluído<br />

pela Comissão <strong>de</strong> Investigação, a possibilida<strong>de</strong> da falha ("pane inusitada"), foi<br />

<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rada pelo fabricante da aeronave.<br />

O programa computacional e o plano para o treinamento dos tripulantes não<br />

contemplavam a situação <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> um ou ambos os reversores <strong>de</strong> empuxo durante<br />

a fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem <strong>por</strong>que o fabricante da aeronave - suposto o que mais <strong>de</strong>la<br />

conhecia e quem estabelece o programa <strong>de</strong> treinamento, provendo <strong>de</strong> informações<br />

técnicas o fabricante do simulador -consi<strong>de</strong>rava "muito remota" a possibilida<strong>de</strong> real <strong>de</strong><br />

uma ocorrência <strong>de</strong>sse gênero nessa fase inicial do vôo e, em ocorrendo, a abertura do<br />

reverso em vôo não é consi<strong>de</strong>rada uma “emergência” na <strong>de</strong>colagem, mas sim uma<br />

“anormalida<strong>de</strong>”. Conforme verificado no ensaio realizado em simulador, a aeronave<br />

sobrepujaria tal adversida<strong>de</strong> com motor em potência <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem mesmo com o trem<br />

<strong>de</strong> pouso não recolhido, justificando a não necessida<strong>de</strong> da inclusão <strong>de</strong> tal "anormalida<strong>de</strong>"<br />

no programa <strong>de</strong> treinamento, mesmo em sua fase mais avançada (Fase III-simulador <strong>de</strong><br />

vôo nível D).<br />

A simulação da abertura e fechamento cíclicos <strong>de</strong> um reversor em vôo ou na fase <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>colagem seria possível <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se incluísse no mo<strong>de</strong>lo matemático do programa os<br />

vários parâmetros representativos da atuação do sistema. A condição <strong>de</strong> arrasto <strong>de</strong>vido<br />

ao reversor aberto daria lugar a um <strong>de</strong>lta <strong>de</strong> arrasto "intermitente", função do tempo e da<br />

posição (ângulos <strong>de</strong> abertura) das <strong>por</strong>tas do reversor. De maneira análoga po<strong>de</strong>r-se-ia<br />

simular outros parâmetros a ser estudados e/ou modificados.<br />

Representantes da Comissão, durante a investigação do aci<strong>de</strong>nte, para que fosse<br />

simulada (com base nos dados dos gravadores <strong>de</strong> voz da cabina -CVR - e <strong>de</strong> dados <strong>de</strong><br />

vôo -SSFDR) a situação ocorrida e fossem compreendidas as reações da aeronave,<br />

tiveram que operar "manualmente" o simulador <strong>de</strong> vôo da mesma, no que se refere à<br />

abertura cíclica dos reversores, introduzindo sinais externos, nos instantes registrados no<br />

SSFDR, para obtenção das curvas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho que buscavam.<br />

“O procedimento <strong>de</strong> "reverser unlocked" na <strong>de</strong>colagem <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser treinado no<br />

simulador <strong>de</strong> vôo pelos tripulantes da empresa, tendo recebido correspondência do<br />

Fabricante da aeronave en<strong>de</strong>reçada ao operador, após consulta prévia <strong>de</strong>ste, datada <strong>de</strong><br />

28 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1995” (item aa. fls 38 do Rcenipa);<br />

Na referida correspondência, foi informado que uma abertura do reverso em vôo através<br />

do seu acionamento não seria possível, <strong>de</strong>vido a proteção do "Switch Ground/Flight" do


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 20<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

sistema selecionado. Dessa maneira, uma abertura do reverso em função <strong>de</strong> uma falha<br />

da trava mecânica, logo após a <strong>de</strong>colagem, não <strong>de</strong>veria ocorrer se a velocida<strong>de</strong><br />

estivesse abaixo <strong>de</strong> 200 Kt (370,54 Km/h). (item bb. fls 38 do Rcenipa);<br />

O operador não questionou a resposta dada. O caso em pauta envolvia problema <strong>de</strong><br />

homologação da aeronave, bem acima, <strong>por</strong>tanto, das possibilida<strong>de</strong>s técnicas do<br />

operador.<br />

Um questionamento à autorida<strong>de</strong> homologadora que cabe <strong>por</strong> parte do operador, é<br />

quando durante a operação da aeronave ou mesmo na prática <strong>de</strong> sua manutenção <strong>de</strong><br />

rotina, é observada uma condição insegura (oriunda do projeto ou da operação) não<br />

prevista ou não constante dos manuais, boletins ou outros disponíveis ao operador.<br />

Em qualquer outra situação, não há obrigatorieda<strong>de</strong> do operador em questionar o<br />

processo <strong>de</strong> homologação <strong>de</strong> uma aeronave, quer seja ela <strong>de</strong> fabricação nacional ou<br />

estrangeira. Não há nos regulamentos Aeronáuticos ( FAR / JAR / RBHA Parte 121<br />

(Homologação e Operação <strong>de</strong> Empresas <strong>de</strong> Trans<strong>por</strong>te Aéreo Público Operando<br />

Gran<strong>de</strong>s Aviões) e o FAR / JAR / RBHA Parte 135 (Homologação <strong>de</strong> Empresas <strong>de</strong><br />

Trans<strong>por</strong>te Aéreo Público Operando Pequenos Aviões) imputação <strong>de</strong> obrigatorieda<strong>de</strong><br />

para o operador questionar o processo <strong>de</strong> homologação da aeronave.<br />

7. DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA<br />

Quanto a documentação técnica ( manuais, informativos técnicos, boletins <strong>de</strong> serviço),<br />

acham-se abaixo listados<br />

- manual <strong>de</strong> vôo (AFM),<br />

- "Quick Reference Handbook" (QRH),<br />

- manual <strong>de</strong> operação (AOM),<br />

- manual <strong>de</strong> manutenção (AMM),<br />

- "Master Minimum Equipment List" (MMEL),<br />

- manual <strong>de</strong> peso e balanceamento,<br />

- "Maintenance Review Board Document" (MRB-Doc); regulamentos <strong>de</strong> homologação<br />

correspon<strong>de</strong>nte à categoria que a aeronave se encontra, quando da emissão do<br />

correspon<strong>de</strong>nte Certificado <strong>de</strong> Homologação <strong>de</strong> Tipo (que autoriza o início da<br />

fabricação em série do mo<strong>de</strong>lo) e do<br />

- Certificado <strong>de</strong> Aeronavegabilida<strong>de</strong> – é o que autoriza o início da operação em vôo<br />

regular (não aqueles <strong>de</strong> testes e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento) da aeronave. Cabe ressaltar<br />

que o Certificado <strong>de</strong> Aeronavegabilida<strong>de</strong> é outorgado para cada número <strong>de</strong> série <strong>de</strong><br />

um dado mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> aeronave fabricada, após vistoria técnica (“vistoria final”) pela<br />

autorida<strong>de</strong> aeronáutica competente que assim se certifica <strong>de</strong> que aquela aeronave,<br />

especificamente, cumpre com todos os requisitos impostos pela legislação<br />

aeronáutica vigente no país.


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 21<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

A CIAA PT-MRK não encontrou qualquer tipo <strong>de</strong> documentação técnica, manual da<br />

aeronave, informativo técnico, boletim <strong>de</strong> serviço -alerta ou não -ou diretriz <strong>de</strong><br />

aeronavegabilida<strong>de</strong>, disponível ao operador, que fizesse menção à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ocorrência <strong>de</strong> um problema semelhante, ou mesmo qualquer referencia a ocorrências<br />

menores envolvendo o sistema <strong>de</strong> reversão <strong>de</strong> empuxo dos motores.<br />

8. CONCLUSÃO DA CENIPA QUANTO ÀS CAUSAS DO ACIDENTE.<br />

Fatores Contribuintes ao aci<strong>de</strong>nte<br />

A. Fator Humano<br />

Aspecto Psicológico –Contribuiu<br />

a) Aspecto organizacional<br />

A falta <strong>de</strong> informação, instruções escrita e prática contribuiu para o não reconhecimento<br />

da anormalida<strong>de</strong> durante o seu <strong>de</strong>senrolar.<br />

b) Aspecto individual<br />

A inusitada ocorrência do rápido recuo da manete, numa fase particularmente difícil da<br />

operação (transição da corrida <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem para o vôo); a não ocorrência dos avisos<br />

discriminadores da falha (sonoros e visuais); e a falta <strong>de</strong> conhecimento e treinamento<br />

específico <strong>de</strong>ssa anormalida<strong>de</strong> provocam a surpresa e os <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> atenção dos<br />

tripulantes.<br />

-A liberação da restrição da manete do motor 2 no batente <strong>de</strong> marcha lenta (Idle <strong>de</strong>tent),<br />

sem a ocorrência dos avisos <strong>de</strong> anormalida<strong>de</strong> reforçou a tendência (em pelo menos um<br />

dos tripulantes) a tentar recuperar a potência no motor.<br />

-A falta <strong>de</strong> avisos e as dificulda<strong>de</strong>s características <strong>de</strong>ssa anormalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sviaram a<br />

concentração dos tripulantes nos procedimentos previstos para concentrá-Ia na solução<br />

da anormalida<strong>de</strong>, inicialmente imaginada ser falha <strong>de</strong> auto-throttle e, <strong>de</strong>pois, recuperação<br />

da potência.<br />

-A ocorrência <strong>de</strong> avisos (antes dos 80 Kt) <strong>de</strong> falhas <strong>de</strong> auto-throttle e a falta <strong>de</strong> avisos<br />

específicos <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> reverso (Master Caution e RSVS UNLK) reforçaram, nos<br />

tripulantes, a crença <strong>de</strong> que vivenciavam uma falha <strong>de</strong> auto-throttle (ilusão).<br />

B. Fator Material.<br />

(1). Deficiência <strong>de</strong> Projeto –Contribuiu<br />

Falhas <strong>de</strong> projeto, insuficiente avaliação do diagrama <strong>de</strong> árvore <strong>de</strong> falhas frente a FAR<br />

25.1309 e 25.933, e na orientação à operadora para não treinar a anormalida<strong>de</strong> ocorrida<br />

naquela fase, contribuíram, indiretamente, para a seqüência <strong>de</strong> eventos que levaram a


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 22<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

colocar a tripulação frente a uma situação inédita, sem possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reconhecer e<br />

reagir corretamente, para evitar a perda <strong>de</strong> controle.<br />

O diagrama <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> falha do reversor feito recentemente pelo fabricante,<br />

consi<strong>de</strong>rando-se a versão Pós-Mod, mesmo não levando em conta uma falha<br />

dormente, indicou que a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma abertura inadvertida dos<br />

reversores é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10^(-6). A versão Pós-Mod não satisfaz aos requisitos<br />

<strong>de</strong> aeronavegabilida<strong>de</strong> da FAR/RBHA 25.1309.<br />

Em duas fases do ciclo completo dos reversores, no início da abertura e no final<br />

do fechamento das conchas, é possível aplicar-se potência acima <strong>de</strong> IDLE, com<br />

as conchas parcialmente abertas, o que não satisfaz ao RBHA/FAR 25.933.<br />

O sistema <strong>de</strong> indicação <strong>de</strong> reverser unlocked encontra-se inibido com velocida<strong>de</strong><br />

acima <strong>de</strong> 80 Kt e até 1000 pés <strong>de</strong> altura, exatamente num instante em que os<br />

pilotos mais necessitariam <strong>de</strong>ssas informações.<br />

Os requisitos aplicáveis do FAR 25.933 (a) (3), <strong>de</strong>terminam que cada sistema [<strong>de</strong><br />

reverso] <strong>de</strong>ve ser provido <strong>de</strong> meios que impeçam [MEANS TO PREVENT] o motor<br />

<strong>de</strong> produzir potência maior do que a potência <strong>de</strong> marcha lenta quando <strong>de</strong> uma<br />

falha no sistema <strong>de</strong> reverso [não estipulando o tipo <strong>de</strong> falha]. Este requisito não foi<br />

cumprido, tanto no que se refere ao sistema <strong>de</strong> controle, que permitiu abrir as<br />

conchas em vôo, quanto no que se refere à proteção, que <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> existir ao<br />

ocorrer a separação do FEEDBACK CABLE pela ação imprevista do piloto sobre<br />

a manete, na intenção <strong>de</strong> retomar a potência do motor afetado.<br />

O TURNBUCKLE fica instalado no lado para o qual a conexão se <strong>de</strong>sloca quando<br />

o reversor é comandado para abrir, ou seja, o mesmo lado para aon<strong>de</strong> a conexão<br />

se <strong>de</strong>sloca, quando ocorre a situação em que a manete é forçosamente mantida à<br />

frente enquanto o reversor está abrindo (DEPLOYING).<br />

A THRUST SELECTOR VALVE po<strong>de</strong> ser movimentada com menos <strong>de</strong> 2% da<br />

pressão normal <strong>de</strong> funcionamento, quando a válvula seletora está <strong>de</strong>senergizada,<br />

que era a condição no momento do aci<strong>de</strong>nte.<br />

As cargas indutivas como as do SEC. LCK. ACTUA TOR, são prejudiciais aos<br />

contatos que as comandam, principalmente na <strong>de</strong>senergização, caso não haja um<br />

diodo <strong>de</strong> proteção, o que é aparentemente o caso do SEC. LCK. ACTUATOR.<br />

O THRUST REVERSER ACTUATOR na configuração Pós-Mod, incor<strong>por</strong>ada na<br />

linha <strong>de</strong> montagem, pelo fabricante, permanece <strong>de</strong>senergizado durante os<br />

períodos em que não ocorre um comandamento pelo piloto, ficando <strong>de</strong>sta forma,<br />

numa situação instável e perigosa.<br />

C. Fator Operacional<br />

(1). Pouca Experiência da tripulação na Aeronave -In<strong>de</strong>terminado.<br />

A pouca experiência do co-piloto contribuiu para uma limitação <strong>de</strong> informações e auxílios<br />

ao comandante. Este possuía 230:00 horas totais <strong>de</strong> vôo neste mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> aeronave, no


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 23<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

entanto a condição com que a inusitada anormalida<strong>de</strong> se apresentou in<strong>de</strong>termina o grau<br />

<strong>de</strong> experiência que se po<strong>de</strong> esperar <strong>de</strong> um tripulante para fazer frente a essa condição.<br />

(2). Deficiente Aplicação <strong>de</strong> Comando nos controles -in<strong>de</strong>terminado.<br />

Por três vezes a manete <strong>de</strong> potência do motor 2 recuou e foi avançada. Essas<br />

intervenções naquela manete provocaram a redução da manete <strong>de</strong> potência do motor<br />

esquerdo, prejudicando o <strong>de</strong>sempenho da aeronave. O não retorno da manete esquerda<br />

<strong>de</strong> imediato para a potência <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem e a <strong>de</strong>mora <strong>de</strong> mais quatro segundos em<br />

alcançar tal potência, contribuíram para <strong>de</strong>teriorar ainda mais a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> subida da<br />

aeronave.<br />

A condição com que a inusitada anormalida<strong>de</strong> se apresentou à tripulação e a falta <strong>de</strong><br />

avisos in<strong>de</strong>terminou a intencionalida<strong>de</strong> da ação, além <strong>de</strong> não ter sido possível <strong>de</strong>terminar<br />

qual dos dois tripulantes atuou nas manetes.<br />

(3). Deficiente Julgamento -In<strong>de</strong>terminado<br />

O <strong>de</strong>sconhecimento <strong>por</strong> parte dos tripulantes, <strong>por</strong> insuficiência <strong>de</strong> avisos e <strong>de</strong><br />

informações sobre a anormalida<strong>de</strong>, foi <strong>de</strong>terminante para que eles abandonassem a<br />

seqüência normal <strong>de</strong> procedimentos, tais como recolhimento do trem <strong>de</strong> pouso e<br />

acionamento do Auto-Pilot, para tomar as iniciativas <strong>de</strong> priorizar a solução <strong>de</strong> uma<br />

situação inusitada, instalada na cabine <strong>de</strong> comando, abaixo da altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> segurança e<br />

que acabou <strong>por</strong> levar à perda <strong>de</strong> controle da aeronave, não sendo possível também<br />

<strong>de</strong>terminar qual <strong>de</strong>les tomou a iniciativa. Esses fatos in<strong>de</strong>terminam esse aspecto.<br />

D. Outros Aspectos<br />

(1). Inspeção Externa -Contribuinte.<br />

Não existe condição <strong>de</strong> visualização do "Secondary Lock" aberto, durante a inspeção<br />

externa.<br />

(2). Tomada <strong>de</strong> Ação Abaixo <strong>de</strong> 400 pés -Contribuinte.<br />

Doutrinariamente, qualquer ação <strong>de</strong> uma tripulação, frente a qualquer anormalida<strong>de</strong>, no<br />

ambiente da cabine <strong>de</strong> comandos <strong>de</strong> vôo, abaixo <strong>de</strong> 400 pés, é NAO RECOMENDAVEL.<br />

A tripulação tentou gerenciar a "anormalida<strong>de</strong>" concomitantemente com o controle da<br />

aeronave, abaixo <strong>de</strong> 400 pés. Nessa condição <strong>de</strong> risco, ocorreu a redução <strong>de</strong> potência no<br />

outro motor, comprometendo o <strong>de</strong>sempenho da aeronave. Como conseqüência, a<br />

tripulação foi obrigada a priorizar as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> potência em <strong>de</strong>trimento a outros<br />

procedimentos.<br />

(3). Ação Ina<strong>de</strong>quada Frente a Pane não Prevista -Contribuinte.<br />

Baseado nos dados colhidos no SSFDR, dos parâmetros <strong>de</strong> FUEL FLOW e EPR, a<br />

manete do motor n.º 2 foi levada para a posição <strong>de</strong> máxima potência, após o travamento<br />

da referida manete na posição "IDLE".<br />

Este travamento ocorreu imediatamente após o LlFT -OFF, quando a manete recuou<br />

sozinha para a posição "IDLE", ficando travada <strong>por</strong> cerca <strong>de</strong> 03 (três) segundos.<br />

Contudo, o próprio sistema liberou a manete, induzindo o co- piloto a levá-la para a


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 24<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

posição <strong>de</strong> máxima potência, mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter informado ao comandante sobre o<br />

seu travamento.<br />

Cabe ressaltar que o comandante não solicitou tal ação <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter sido informado do<br />

travamento, bem como o co-piloto não questionou se tal ação <strong>de</strong>veria ser tomada ou não.<br />

O avião não forneceu meios para que ambos os pilotos pu<strong>de</strong>ssem imaginar o quão<br />

ino<strong>por</strong>tuno se tornaria essa atitu<strong>de</strong> naquele momento tão crítico do vôo.<br />

No caso da ação não ter sido realizada pelo co-piloto, a suspeita recai no comandante,<br />

induzido pelas mesmas razões apresentadas anteriormente.<br />

9. COMENTÁRIOS DA NASB e OBSERVAÇÃO FINAL DO PERITO DO<br />

JUÍZO.<br />

Dentre os comentários existentes nos autos sobre as conclusões acima o perito do Juízo<br />

trouxe para seu <strong>Laudo</strong> aqueles da NASB (NETHERLANDS AVIATION SAFETY BOARD)<br />

a Relatório preliminar da Cenipa a ele enviado em 28 <strong>de</strong> outubro 1997; primeiro, <strong>por</strong> se<br />

tratar do órgão investigador do país <strong>de</strong> origem da aeronave e segundo <strong>por</strong> conterem os<br />

elementos do contraditório ao Relatório Cenipa, o que enriquece o Trabalho Pericial.<br />

O perito trans<strong>por</strong>ta trechos em tradução livre, dos Comentários do Sr. GWM Bo<strong>de</strong>wes,<br />

Chairman of the Board da NASB, on<strong>de</strong> DISCORDA que o funcionamento errático da<br />

SWITCH S1 do Secondary Lock esteja estabelecido. Os testes realizados com<br />

<strong>de</strong>terminado numero <strong>de</strong> Sec. Lock Actuators, rejeitados para uso, não prova relação<br />

entre superaquecimento do solenoid do ACTUATOR e mal funcionamento da SWITCH<br />

S1.<br />

CONCORDA, <strong>por</strong> outro lado, com a possibilida<strong>de</strong> que o “colamento” dos contatos A1/A2<br />

do Sec. Lock Relay 1 resultou em uma continua energização do Sec. Actuator Eng 2,<br />

sem que o Relay estivesse na posição energisada. O que explicaria a ausência <strong>de</strong><br />

sinalização pelo FWC (Flight warning Computer).<br />

Na hipótese dos contatos C2/C3 do Relay funcionando intermitentemente po<strong>de</strong>ria<br />

também explicar os alertas “level 2” na cabine.<br />

Tomando em consi<strong>de</strong>ração que a investigação não resultou em prova da seqüência<br />

efetiva da falha, mas que os resultados foram baseados essencialmente em evidência<br />

circunstancial, é proposta (a NASB propõe) a seguinte seqüência hipotética da ciclagem<br />

<strong>de</strong> Abertura do T/R direito:<br />

- Antes e durante o take-off o Stow e Deploy Solenoids estavam energisados com a<br />

spool na ultima posição STOW selecionada.<br />

- A energisação do STOW solenoid foi interrompida imediatamente após o lift-off,<br />

provavelmente envolvendo alta resistência do Sec. Lock Switch S1;<br />

- Com o Deploy Solenoid ainda energisado, o spool moveria para a Deploy position,<br />

abrindo o T/R e reenergisando o Stow Limit Relay e o Stow solenoid;<br />

- Com o T/R totalmente aberto o Deploy Limit Sensor <strong>de</strong>senergisaria o Deploy<br />

Solenoid;


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 25<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

- As Conchas moveriam até atingirem a posição STOWED, interrompendo o sinal para<br />

o Stow Limit Relay e, se o mal funcionamento da Switch S1 continuasse, a seqüência<br />

do ciclo continuaria.<br />

A respeito dos fatores operacionais analisam os Comentários que<br />

2.1 – A remanescente capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> subida do aeronave mesmo <strong>de</strong>pois que o<br />

T/R abriu, permitia a sua controlabilida<strong>de</strong>. Da analise dos dados do SSFDR po<strong>de</strong>se<br />

concluir que o avião, com o Reversor direito ciclando e a potencia em Flight<br />

Idle, ainda tinha a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> subida para a situação e que podia<br />

ser a<strong>de</strong>quadamente controlada. Análise pela Fokker Services dos dados do<br />

SSFDR comparados com o dados <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho certificados, mostrou que esta<br />

capacida<strong>de</strong> remanescente <strong>de</strong> subida estava perto do <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> subida<br />

com um só motor. Retração do trem <strong>de</strong> aterrissagem resultaria em ainda um<br />

melhor <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> subida. A controlabilida<strong>de</strong> da aeronave foi perdida<br />

quando a velocida<strong>de</strong> caiu abaixo <strong>de</strong> 116 kt (tendo sido 110 kt a do impacto). O<br />

Board da NASB conclui que estava disponível capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> subida a<strong>de</strong>quada<br />

mas não foi usada.<br />

2.2 Significância do corte involuntário da potencia do motor esquerdo. Embora a<br />

T/L tenha sido movida <strong>de</strong> volta para frente, ela ficou abaixo da posição <strong>de</strong> take off<br />

<strong>por</strong> ao menos quatro segundos e <strong>de</strong>pois novamente <strong>por</strong> outros quatro segundos<br />

na segunda abertura. Este segundo corte <strong>de</strong> potência do motor esquerdo em<br />

nossa opinião eliminou a margem existente <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> subida que o avião<br />

<strong>de</strong>tinha durante o primeiro ciclo <strong>de</strong> abertura e foi o responsável direto pela causa<br />

do aci<strong>de</strong>nte.<br />

2.3 Habilida<strong>de</strong> da tripulação em reconhecer o problema. Da gravação das ações<br />

dos pilotos especialmente as do Capitão indicam que eles perceberam o evento<br />

como um mal funcionamento do ATS.<br />

A NASB reconhece que particularmente a ciclagem do T/R criou as<br />

circunstâncias enganadoras.<br />

Existiam, no entanto indícios presentes <strong>de</strong> que não era uma falha <strong>de</strong> ATS,<br />

apesar <strong>de</strong> não ter havido avisos ou alertas para a tripulação, quais sejam:<br />

- O movimento rápido do T/L; foi aproximadamente cinco vezes mais rápido.<br />

- O fato <strong>de</strong> que apenas um T/L retornou; o ATS moveria ambas T/L.<br />

- Alto nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>saceleração e vibração <strong>de</strong>vida a mudança da configuração<br />

aerodinâmica da aeronave.<br />

- A diferença essencial entre o relativamente pouco esforço para mover o<br />

ATS e a imensa força aplicada pelos pilotos para mover a T/L.<br />

- O fato <strong>de</strong> que a T/L direita ficar momentaneamente presa na posição Idle.<br />

3. Obediência aos requerimentos <strong>de</strong> Aeronavegabilida<strong>de</strong>.<br />

A NASB não concorda com a afirmação <strong>de</strong> o T/R system não obe<strong>de</strong>ça o<br />

FAR 25 Airworthiness Regulations 25.933 (a) e (d) e 25.1309. O<br />

Fokker 100 está certificado <strong>de</strong> acordo com JAR/FAR 25 assim como<br />

Amendment 25-56.


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 26<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

3.1 Obe<strong>de</strong>ce a JAR/FAR 25.933(a) que requer que em caso <strong>de</strong> abertura do<br />

T/R em vôo, a potencia seja reduzida para Idle. A exigência nunca foi<br />

interpretada para cobrir condições transientes <strong>de</strong> T/R ciclando.<br />

3.2 JAR/FAR 25.933(d) se aplica para uma condição selecionada <strong>de</strong><br />

reverso durante a rolagem <strong>de</strong> pista na <strong>de</strong>colagem. Não foi o caso, pois o<br />

aci<strong>de</strong>nte diz respeito a uma abertura não selecionada.<br />

3.3 JAR/FAR 25.1309 . Contrariamente do que afirmado no Rcenipa pelo<br />

diagrama POST-MOD SBF100-78-004 a possibilida<strong>de</strong> do colamento dos<br />

contatos do Secondary Lock Relay foi incluido no relatório UK-28-313<br />

(issue 9) com o relay ficando fixo na posição energisada ( <strong>por</strong> qualquer<br />

razão), com a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 10^(-6). Para o propósito da análise <strong>de</strong><br />

segurança não im<strong>por</strong>ta que falha interna seja <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seja incluída no<br />

calculo <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>.<br />

Falha do RELAY sozinho não causaria abertura involuntária do T/R. Seria<br />

necessária a falha <strong>de</strong> outro componente antes <strong>de</strong> o T/R abrir.<br />

A probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 10^(-6) não significa que o sistema não obe<strong>de</strong>ce com<br />

JAR/FAR 25.1309. Deve-se consi<strong>de</strong>rar os efeitos na controlabilida<strong>de</strong> e a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> completar o vôo com segurança e os dados do SSFDR<br />

mostram que mesmo com o reversor direito ciclando e o motor em potencia<br />

<strong>de</strong> flight idle havia capacida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada para as circunstancias sem<br />

sérios efeitos na controlabilida<strong>de</strong>.<br />

A falha do feed back cable <strong>de</strong>veria ser olhada sob este mesmo prisma. O cabo cumpriu<br />

sua finalida<strong>de</strong> três vezes puxando a T/L <strong>de</strong> volta para idle, até que <strong>de</strong>vido ação<br />

agressiva do piloto o cabo se separou durante a quarta abertura. Os requerimentos <strong>de</strong><br />

aeronavegabilida<strong>de</strong> não antecipavam tais sobre forças nos controles.<br />

OBSERVAÇÃO FINAL DO PERITO DO JUÍZO:<br />

Ao final da investigação do aci<strong>de</strong>nte da aeronave Fokker 100, matrícula PT -MRK, a<br />

Comissão <strong>de</strong> Investigação do então Ministério da Aeronáutica (hoje, Comando da<br />

Aeronáutica), concluiu, <strong>de</strong>ntre outras, que:<br />

Ocorreu uma falha no sistema <strong>de</strong> atuação do reversor <strong>de</strong> fluxo do motor direito<br />

que, contornando os prepostos dispositivos <strong>de</strong> segurança do projeto, permitiu a<br />

abertura das <strong>por</strong>tas do reversor durante a corrida <strong>de</strong> pista para a <strong>de</strong>colagem e os<br />

primeiros instantes do vôo. Essa falha se <strong>de</strong>u <strong>de</strong> forma cíclica, com a abertura e<br />

o fechando das <strong>por</strong>tas <strong>por</strong> pelo menos quatro vezes em poucos segundos, o que<br />

teria colaborado para confundir o comandante e o co-piloto (que serão doravante<br />

tratados como tripulantes) quanto a origem da situação anormal que se<br />

apresentava;<br />

Os tripulantes não contaram com o auxílio <strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> aviso luminoso ou<br />

sonoro que permitisse facilitar a efetiva i<strong>de</strong>ntificação do problema e a apropriada<br />

tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, em tempo hábil, para as ações corretivas ou paliativas<br />

necessárias à situação;


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 27<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

O dispositivo do "feedback cable" que traz a manete <strong>de</strong> potência para a posição<br />

"idle" e supostamente <strong>de</strong>veria mantê-la nessa posição estando as <strong>por</strong>tas do<br />

reversor abertas, não su<strong>por</strong>tou os esforços para os quais havia sido projetado e,<br />

assim sendo, permitiu que a manete <strong>de</strong> potência do motor direito fosse<br />

posicionada à frente -máxima potência -elevando o nível <strong>de</strong> empuxo do motor<br />

com o reversor <strong>de</strong> fluxo aplicado.<br />

A recomendação do Board da NASB <strong>de</strong> que: “é <strong>de</strong>sejável que as tripulações<br />

<strong>de</strong> vôo <strong>de</strong>vam ser expostas ao evento associado com a abertura in-flight do<br />

T/R durante treinamento <strong>de</strong> vôo simulado in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da<br />

probabilida<strong>de</strong> do evento ocorrer. O propósito seria <strong>de</strong> uma imediata<br />

i<strong>de</strong>ntificação do evento, um conhecimento mais im<strong>por</strong>tante do que o<br />

treinamento em procedimentos específicos em fases particulares do vôo”;<br />

tal consi<strong>de</strong>ração não teve contrapartida nos manuais e recomendações do<br />

fabricante que não se referiu a esta possibilida<strong>de</strong>, fato inexplicável <strong>por</strong> já estarem<br />

no “post- Lauda Air B-767”, aci<strong>de</strong>nte anterior havido <strong>por</strong> falha do T/R.<br />

A CIAA PT-MRK não encontrou qualquer tipo <strong>de</strong> documentação técnica, manual da<br />

aeronave, informativo técnico, boletim <strong>de</strong> serviço -alerta ou não -ou diretriz <strong>de</strong><br />

aeronavegabilida<strong>de</strong>, disponível ao operador, que fizesse menção à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ocorrência <strong>de</strong> um problema semelhante, ou mesmo qualquer referencia a ocorrências<br />

menores envolvendo o sistema <strong>de</strong> reversão <strong>de</strong> empuxo dos motores.<br />

Os tripulantes não eram treinados para o reconhecimento <strong>de</strong> uma ocorrência <strong>de</strong>ssa<br />

natureza, tal qual se manifestou, uma vez que, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rada pelo fabricante da<br />

aeronave a possibilida<strong>de</strong> da falha ("pane inusitada", segundo o concluído pela Comissão<br />

<strong>de</strong> Investigação), não constava do programa <strong>de</strong> treinamento em simulador <strong>de</strong> vôo da<br />

aeronave ("Full FIight Simulator Training Program") e sequer dos manuais <strong>de</strong> vôo e <strong>de</strong><br />

operação aprovados da aeronave (nos capítulos "emergency procedures" e "abnormal<br />

procedures ");<br />

Quanto a responsabilida<strong>de</strong> do Operador no treinamento, “o procedimento <strong>de</strong> "reverser<br />

unlocked" na <strong>de</strong>colagem <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser treinado no simulador <strong>de</strong> vôo pelos tripulantes da<br />

empresa, tendo recebido correspondência do Fabricante da aeronave en<strong>de</strong>reçada ao<br />

operador, após consulta prévia <strong>de</strong>ste, datada <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1995” (item aa. fls 38 do<br />

Rcenipa);<br />

Na referida correspondência, foi informado que uma abertura do reverso em vôo através<br />

do seu acionamento não seria possível, <strong>de</strong>vido a proteção do "Switch Ground/Flight" do<br />

sistema selecionado. Dessa maneira, uma abertura do reverso em função <strong>de</strong> uma falha<br />

da trava mecânica, logo após a <strong>de</strong>colagem, não <strong>de</strong>veria ocorrer se a velocida<strong>de</strong><br />

estivesse abaixo <strong>de</strong> 200 Kt (item bb. fls 38 do Rcenipa);<br />

A operadora (TAM) não insistiu junto ao fabricante para inclusão e homologação <strong>de</strong>ste<br />

item no diretório <strong>de</strong> problemas treinados em simulador seguindo então o plano<br />

preestabelecido <strong>de</strong> treinamento em simulador <strong>de</strong> vôo ("full flight simulator”) sugerido<br />

pelo fabricante, homologado e auditado pelas autorida<strong>de</strong>s brasileiras (DAC) e executado<br />

nas instalações da American Airlines em Dallas, EUA.


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 28<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

O perito do Juízo anexa ao seu <strong>Laudo</strong> cópia da correspondência em epígrafe<br />

havida com a Fokker.<br />

9. RESPOSTAS AOS QUESITOS.<br />

QUESITO 01<br />

A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência da falha verificada no sistema <strong>de</strong> controle e indicação do reversor<br />

direito da aeronave PT -MRK, <strong>de</strong> acordo com o laudo emitido pelo Ministério da Aeronáutica, era<br />

<strong>de</strong> uma em um milhão (<strong>de</strong>z elevado a sexta potência negativa), o que indica claramente a<br />

ina<strong>de</strong>quada analise da árvore <strong>de</strong> falha <strong>de</strong>ste sistema ("fail tree analysis”). Consi<strong>de</strong>rando também<br />

que o operador (TAM), a época do aci<strong>de</strong>nte, comprovadamente estava rigorosamente em dia com<br />

as tarefas do plano <strong>de</strong> manutenção da aeronave, tal qual emitido pelo fabricante e homologado<br />

pelas autorida<strong>de</strong>s aeronáuticas brasileira (DAC), po<strong>de</strong>-se argüir:<br />

a) O operador (TAM), sem ter acesso aos documentos <strong>de</strong> homologação, po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong> que forma ser<br />

alertado da presença do problema em estado latente na frota mundial Fokker 100?<br />

RESPOSTA DO PERITO DO JUÍZO: Não po<strong>de</strong>ria ser alertado. A documentação<br />

apresentada a uma autorida<strong>de</strong> homologadora (<strong>de</strong> qualquer parte do mundo), durante o<br />

processo <strong>de</strong> certificação <strong>de</strong> uma aeronave é, em sua gran<strong>de</strong> parte, tratada como<br />

"proprieda<strong>de</strong> industrial". É <strong>por</strong> essa razão que dificilmente um operador consegue ter<br />

acesso a documentos <strong>de</strong> engenharia -principalmente aqueles relativos ao projeto e ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da aeronave e <strong>de</strong> seus sistemas -e, como conseqüência, é compelido a<br />

confiar <strong>de</strong> que as etapas necessárias para o cumprimento dos requisitos <strong>de</strong><br />

aeronavegabilida<strong>de</strong>, que levarão à aprovação do projeto e à emissão do Certificado <strong>de</strong><br />

Homologação Tipo, foram seguidas pelo fabricante e aprovados pela autorida<strong>de</strong><br />

competente.<br />

b) Existia algum manual da aeronave disponível ao operador à época do aci<strong>de</strong>nte fazendo<br />

referência ao problema?<br />

RESPOSTA DO PERITO DO JUÍZO: Não faziam referencia ao problema. Quanto a<br />

documentação técnica ( manuais, informativos técnicos, boletins <strong>de</strong> serviço), acham-se<br />

abaixo listados:<br />

- manual <strong>de</strong> vôo (AFM),<br />

- "Quick Reference Handbook" (QRH),<br />

- manual <strong>de</strong> operação (AOM),


- manual <strong>de</strong> manutenção (AMM),<br />

- "Master Minimum Equipment List" (MMEL),<br />

- manual <strong>de</strong> peso e balanceamento,<br />

<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 29<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

- "Maintenance Review Board Document" (MRB-Doc); regulamentos <strong>de</strong> homologação<br />

correspon<strong>de</strong>nte à categoria que a aeronave se encontra, quando da emissão do<br />

correspon<strong>de</strong>nte Certificado <strong>de</strong> Homologação <strong>de</strong> Tipo (que autoriza o início da<br />

fabricação em série do mo<strong>de</strong>lo) e do<br />

- Certificado <strong>de</strong> Aeronavegabilida<strong>de</strong> – é o que autoriza o início da operação em vôo<br />

regular (não aqueles <strong>de</strong> testes e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento) da aeronave. Cabe ressaltar<br />

que o Certificado <strong>de</strong> Aeronavegabilida<strong>de</strong> é outorgado para cada número <strong>de</strong> série <strong>de</strong><br />

um dado mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> aeronave fabricada, após vistoria técnica (“vistoria final”) pela<br />

autorida<strong>de</strong> aeronáutica competente que assim se certifica <strong>de</strong> que aquela aeronave,<br />

especificamente, cumpre com todos os requisitos impostos pela legislação<br />

aeronáutica vigente no país.<br />

A CIAA PT-MRK não encontrou qualquer tipo <strong>de</strong> documentação técnica, manual da<br />

aeronave, informativo técnico, boletim <strong>de</strong> serviço -alerta ou não -ou diretriz <strong>de</strong><br />

aeronavegabilida<strong>de</strong>, disponível ao operador, que fizesse menção à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ocorrência <strong>de</strong> um problema semelhante, ou mesmo qualquer referencia a ocorrências<br />

menores envolvendo o sistema <strong>de</strong> reversão <strong>de</strong> empuxo dos motores.<br />

c) Existia, à época do aci<strong>de</strong>nte, alguma tarefa do plano <strong>de</strong> manutenção da aeronave que pu<strong>de</strong>sse<br />

prevenir o problema <strong>de</strong> se manifestar?<br />

RESPOSTA DO PERITO DO JUÍZO: Não havia tarefa <strong>de</strong> manutençao. No MRB-Doc,<br />

aprovado única e exclusivamente pela autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> certificação e base principal para a<br />

elaboração do plano <strong>de</strong> manutenção para aeronaves "categoria trans<strong>por</strong>te" (em<br />

cumprimento com o Apêndice H do JAR / FAR/ RBHA Parte 25), na Seção 2 -"Systems<br />

and Powerplant"- no Capítulo 78 (sistema ATA-100) referente a "Exaustão / Mecanismos<br />

<strong>de</strong> Reversão" (Anexo 12 (a)), são apresentadas apenas três tarefas efetivas julgadas pela<br />

citada comissão como suficientes para cobrir a aeronavegabilida<strong>de</strong> continuada<br />

("continued airworthiness") do sistema.<br />

Duas <strong>de</strong>las <strong>de</strong>terminam basicamente uma inspeção visual quanto a integrida<strong>de</strong> da parte<br />

estrutural (estrutura, <strong>por</strong>tas, selos das <strong>por</strong>tas e carenagens do sistema reversor) e a<br />

terceira, um teste funcional para <strong>de</strong>tectar vazamento <strong>de</strong> fluido hidráulico na válvula piloto<br />

e no selo retentor do êmbolo da válvula seletora.<br />

Porém, na Seção 2, a lista <strong>de</strong> MSI's -Maintenance Significant Items (Anexo 12 (b))-<br />

indica o "thrust reverser feed-back control" (MSI n° 783400, na lista indicado como "task")<br />

como tendo sido classificado como um item im<strong>por</strong>tante <strong>de</strong> manutenção, sem contudo<br />

para ele constar uma tarefa específica no capítulo 78 da mesma seção.


QUESITO 02<br />

<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 30<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

A operadora (TAM), a época do aci<strong>de</strong>nte, seguindo o plano <strong>de</strong> treinamento em simulador <strong>de</strong> vôo<br />

("full flight simulator”) sugerido pelo fabricante, homologado e auditado pelas autorida<strong>de</strong>s<br />

brasileiras (DAC) e executado nas instalações da American Airlines em Dallas, EUA, não tinha<br />

como parte do treinamento obrigatório a simulação <strong>de</strong> reversor aberto após a <strong>de</strong>colagem, apesar<br />

<strong>de</strong> ter consultado o fabricante sobre a o<strong>por</strong>tunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incluir tal anormalida<strong>de</strong> no ritual<br />

homologado <strong>de</strong> treinamento.<br />

Sendo um problema, à época, não consi<strong>de</strong>rada emergência ("emergency”), mas sim anormalida<strong>de</strong><br />

("abnormality”), e ante a réplica técnica do fabricante <strong>de</strong>notando a não possibilida<strong>de</strong> da<br />

ocorrência do problema, a operadora (TAM) não insistiu junto ao fabricante e a autorida<strong>de</strong> para<br />

inclusão e homologação <strong>de</strong>ste item no diretório <strong>de</strong> problemas treinados em simulador.<br />

Questões associadas:<br />

a) O “full flight simulator” teria a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> simular a pane, tal como se apresentou (reverso<br />

abrindo e fechando em com<strong>por</strong>tamento cíclico) , ou apenas reverso aberto inadvertidamente, cuja<br />

i<strong>de</strong>ntificação é muito fácil, sendo prevista em manuais?<br />

RESPOSTA DO PERITO DO JUÍZO: Não teria capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> simular a pane. A abertura<br />

e fechamento cíclicos <strong>de</strong> um reversor em vôo ou na fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagem não constava do<br />

programa <strong>de</strong> treinamento em simulador <strong>de</strong> vôo da aeronave ("Full FIight Simulator<br />

Training Program") e sequer dos manuais <strong>de</strong> vôo e <strong>de</strong> operação aprovados da aeronave<br />

(nos capítulos "emergency procedures" e "abnormal procedures "); e, conseqüentemente,<br />

os tripulantes não eram treinados para o reconhecimento <strong>de</strong> uma ocorrência <strong>de</strong>ssa<br />

natureza, tal qual se manifestou, uma vez que, segundo o concluído pela Comissão <strong>de</strong><br />

Investigação, a possibilida<strong>de</strong> da falha ("pane inusitada"), foi <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rada pelo<br />

fabricante da aeronave.<br />

Representantes da Comissão, durante a investigação do aci<strong>de</strong>nte, para que fosse<br />

simulada (com base nos dados dos gravadores <strong>de</strong> voz da cabina -CVR - e <strong>de</strong> dados <strong>de</strong><br />

vôo -SSFDR) a situação ocorrida e fossem compreendidas as reações da aeronave,<br />

tiveram que operar "manualmente" o simulador <strong>de</strong> vôo da mesma, no que se refere à<br />

abertura cíclica dos reversores, introduzindo sinais externos, nos instantes registrados no<br />

SSFDR, para obtenção das curvas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho que buscavam.<br />

b) Existia à época do aci<strong>de</strong>nte, alguma recomendação do fabricante da aeronave, ou <strong>de</strong> qualquer<br />

autorida<strong>de</strong> aeronáutica mundial, no sentido <strong>de</strong> executar algum treinamento específico relativo à<br />

ciclagem do reversor dos Fokker-100?<br />

RESPOSTA DO PERITO DO JUÍZO: Não existia quanto a ciclagem. Não existia quanto<br />

Abertura na <strong>de</strong>colagem. Existia quanto a abertura do reversor em vôo(acima da<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 210 nós), em consonância com os procedimentos constantes do manual<br />

<strong>de</strong> operação da aeronave (AOM), seção "Abnormal Procedures", Capítulo 4.13.08.<br />

A Fokker, até a presente data não emitiu revisão <strong>de</strong> qualquer um dos documentos<br />

técnicos que são disponibilizados para o operador do Fokker-100, modificando os<br />

"procedimentos anormais" ou "<strong>de</strong> emergência" <strong>de</strong> tal sorte que passassem a contemplar


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 31<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência da abertura e fechamento cíclico dos reversores em<br />

qualquer fase <strong>de</strong> operação da aeronave.<br />

QUESITO 03<br />

Existe alguma obrigação legal ou mesmo praxe do operador <strong>de</strong> uma aeronave questionar a<br />

segurança da homologação aeronáutica executada pelas ditas autorida<strong>de</strong>s competentes?<br />

RESPOSTA DO PERITO DO JUÍZO: Não existe obrigação legal ou praxe do operador<br />

questionar a segurança da homologação <strong>de</strong> uma aeronave.<br />

Um tipo <strong>de</strong> questionamento à autorida<strong>de</strong> homologadora que cabe <strong>por</strong> parte do operador,<br />

é quando durante a operação da aeronave ou mesmo na prática <strong>de</strong> sua manutenção <strong>de</strong><br />

rotina, é observada uma condição insegura (oriunda do projeto ou da operação) não<br />

prevista ou não constante dos manuais, boletins ou outros disponíveis ao operador.<br />

Em qualquer outra situação, não há obrigatorieda<strong>de</strong> do operador em questionar o<br />

processo <strong>de</strong> homologação <strong>de</strong> uma aeronave, quer seja ela <strong>de</strong> fabricação nacional ou<br />

estrangeira. Não há nos regulamentos Aeronáuticos ( FAR / JAR / RBHA Parte 121<br />

(Homologação e Operação <strong>de</strong> Empresas <strong>de</strong> Trans<strong>por</strong>te Aéreo Público Operando<br />

Gran<strong>de</strong>s Aviões) e o FAR / JAR / RBHA Parte 135 (Homologação <strong>de</strong> Empresas <strong>de</strong><br />

Trans<strong>por</strong>te Aéreo Público Operando Pequenos Aviões) imputação <strong>de</strong> obrigatorieda<strong>de</strong><br />

para o operador questionar o processo <strong>de</strong> homologação da aeronave.


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 32<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

RELAÇAO DE ANEXOS AO LAUDO PERICIAL (14 anexos)<br />

1 - Correspondência do Perito do Juízo trocada com Chefia da CENIPA<br />

2 - “TROUBLE SHOOTING SCHEMATIC MANUAL” – Diagrama 2, versão PÓS-MOD -<br />

Sistema Elétrico e mecano-hidráulico do Reverso mostrando o estojo do Secondary Lock<br />

Actuator (conjunto atuador da trava secundária - C.I.I. P/N A-1355 - S/N 870, do reversor<br />

direito (S/N 874 do reversor esquerdo); mostra este conjunto interagindo com as<br />

conchas do T/R e o Feed back cable. Observar o estojo do SECONDARY LOCK<br />

ACTUATOR com o “Solenoid” e duas chaves interruptoras (SWITCHES): chave S1 e<br />

chave S2, para controle <strong>de</strong> atuação para posição UNLOCKED e LOCKED.<br />

3 - “TROUBLE SHOOTING SCHEMATIC MANUAL” - Diagrama 1, versão PRÉ-MOD -<br />

Sistema Elétrico do Reverso.<br />

4 - “TROUBLE SHOOTING SCHEMATIC MANUAL” - Diagrama 1, versão PÓS-MOD -<br />

Sistema Elétrico do Reverso.<br />

5 – FAR Part 1 DEFINITIONS AND ABBREVIATIONS<br />

6 - FAR 25.1309 <strong>de</strong>termina, resumidamente, que equipamentos, sistemas e instalações<br />

<strong>de</strong> uma aeronave, consi<strong>de</strong>rados separadamente ou em relação a outros sistemas,<br />

<strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>finidos <strong>de</strong> forma que, na ocorrência <strong>de</strong> qualquer falha que possa impedir a<br />

continuação do vôo seguro e o pouso da aeronave, a falha <strong>de</strong>ve ser classificada como<br />

"extremamente improvável";<br />

7 - AC Nº 25.1309-1A. Determina, resumidamente, que para uma falha ser consi<strong>de</strong>rada<br />

"extremamente improvável", a probabilida<strong>de</strong> da falha ocorrer <strong>de</strong>ve ser da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

10^(-9) ou menos: uma falha <strong>por</strong> bilhão <strong>de</strong> horas voadas.<br />

8 - FAR 25.933 (a) (3). Os requisitos <strong>de</strong>terminam que cada sistema [<strong>de</strong> reverso] <strong>de</strong>ve ser<br />

provido <strong>de</strong> meios que impeçam [MEANS TO PREVENT] o motor <strong>de</strong> produzir potência<br />

maior do que a potência <strong>de</strong> marcha lenta quando <strong>de</strong> uma falha no sistema <strong>de</strong> reverso<br />

[não estipulando o tipo <strong>de</strong> falha].<br />

9 - Diagrama <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Falha para a versão pré-Mod conforme consta do Re<strong>por</strong>t n.º<br />

UK-28-313. Data <strong>de</strong> emissão Jun/94<br />

- Diagrama <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Falha para a versão pré-Mod refeito pela Fokker após o<br />

aci<strong>de</strong>nte (1997).<br />

10 - Diagrama <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Falha para a versão pós-Mod conforme consta do Re<strong>por</strong>t<br />

n.º UK-28-313. Data <strong>de</strong> emissão Jun/94<br />

- Diagrama <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Falha para a versão pós-Mod refeito pela Fokker após<br />

o aci<strong>de</strong>nte (1997).


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 33<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

11 - “FEEDBACK SYSTEM CABLE CONNECTOR ENGAGEMENT – TO SCALE”<br />

12 – MAINTENANCE REVIEW BOARD DOCUMENT Aprovado para o Fokker<br />

F28 MK 0100 em 19-07-1996<br />

(a) "Systems and Powerplant"- no Capítulo 78 (sistema ATA-100) referente a<br />

"Exaustão / Mecanismos <strong>de</strong> Reversão".<br />

(b) na Seção 2, a lista <strong>de</strong> MSI's -Maintenance Significant indica o "thrust reverser<br />

feed-back control" ((MSI n° 783400, na lista indicado como "task")<br />

13 - Correspondência do Fabricante da aeronave en<strong>de</strong>reçada ao operador, após<br />

consulta prévia <strong>de</strong>ste, datada <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1995” (item aa. fls 38 do Rcenipa);<br />

14 - COMENTÁRIOS DO THE NETHERLANDS AVIATION SAFETY BOARD<br />

( texto Original - completo)


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 34<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

1 - Correspondência do Perito do Juízo trocada com Chefia da CENIPA


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 35<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

2 - “TROUBLE SHOOTING SCHEMATIC MANUAL” – Diagrama 2, versão PÓS-MOD -<br />

Sistema Elétrico e mecano-hidráulico do Reverso mostrando o estojo do Secondary Lock<br />

Actuator (conjunto atuador da trava secundária - C.I.I. P/N A-1355 - S/N 870, do reversor<br />

direito (S/N 874 do reversor esquerdo); mostra este conjunto interagindo com as<br />

conchas do T/R e o Feed back cable. Observar o estojo do SECONDARY LOCK<br />

ACTUATOR com o “Solenoid” e duas chaves interruptoras (SWITCHES): chave S1 e<br />

chave S2, para controle <strong>de</strong> atuação para posição UNLOCKED e LOCKED.


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 36<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

3 - “TROUBLE SHOOTING SCHEMATIC MANUAL” - Diagrama 1, versão PRÉ-MOD -<br />

Sistema Elétrico do Reverso.<br />

O Sistema Elétrico <strong>de</strong> Reverso, possui três RELAYs na versão PRÉ-MOD:<br />

K2906A – Thrust Reverser Secondary Lock Relay 2 Eng 2 – Deploy Relay - com o<br />

“Solenoid” e duas chaves interruptoras (SWITCHES): chave A e chave X.<br />

Controle <strong>de</strong> atuação para posição DEPLOYED (T/R SECONDARY LOCK<br />

RELAY2 ENG 2)<br />

K1266A – Thrust Reverser Secondary Lock Relay 1 eng 2 – Stow Relay – com o<br />

“Solenoid” e três chaves interruptoras (SWITCHES): chave X, chave C e Chave A.<br />

Controle <strong>de</strong> atuação para posição STOW (T/R SECONDARY LOCK RELAY1<br />

ENG 2). A chave A na posição A3, A2 comanda o SEC LOCK ACTR (Atuador da<br />

trava do STOW).<br />

K3321 – Deploy Limit Relay eng 2 – com o “Solenoid” e três chaves interruptoras<br />

(SWITCHES): chave B, chave A e chave X.


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 37<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

4 - “TROUBLE SHOOTING SCHEMATIC MANUAL” - Diagrama 1, versão PÓS-MOD -<br />

Sistema Elétrico do Reverso.<br />

O Sistema Elétrico <strong>de</strong> Reverso, possui quatro RELAYs na versão PÓS-MOD:<br />

K2906A – Thrust Reverser Secondary Lock Relay 2 Eng 2 – Deploy Relay - com o<br />

“Solenoid” e duas chaves interruptoras (SWITCHES): chave A e chave X.<br />

Controle <strong>de</strong> atuação para posição DEPLOYED (T/R SECONDARY LOCK<br />

RELAY2 ENG 2)<br />

K1266A – Thrust Reverser Secondary Lock Relay 1 eng 2 – Stow Relay – com o<br />

“Solenoid” e três chaves interruptoras (SWITCHES): chave X, chave C e Chave A.<br />

Controle <strong>de</strong> atuação para posição STOW (T/R SECONDARY LOCK RELAY1<br />

ENG 2). A chave A na posição A3, A2 comanda o SEC LOCK ACTR (Atuador da<br />

trava do STOW).<br />

K3321 – Deploy Limit Relay eng 2 – com o “Solenoid” e três chaves interruptoras<br />

(SWITCHES): chave B, chave A e chave X.<br />

Na versão pós-mod foi incluído mais um Relay, K 4170 A – Stow Limit Relay eng<br />

2 – com o “Solenoid” e duas chaves interruptoras (SWITCHES): chave A e chave<br />

X.


5 – FAR Part 1 DEFINITIONS AND ABBREVIATIONS<br />

<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 38<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 39<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

6 - (1). A FAR 25.1309 <strong>de</strong>termina, resumidamente, que equipamentos, sistemas e<br />

instalações <strong>de</strong> uma aeronave, consi<strong>de</strong>rados separadamente ou em relação a outros<br />

sistemas, <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>finidos <strong>de</strong> forma que, na ocorrência <strong>de</strong> qualquer falha que possa<br />

impedir a continuação do vôo seguro e o pouso da aeronave, a falha <strong>de</strong>ve ser<br />

classificada como "extremamente improvável";


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 40<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

7 - (2). A AC Nº 25.1309-1A <strong>de</strong>termina, resumidamente, que para uma falha ser<br />

consi<strong>de</strong>rada "extremamente improvável", a probabilida<strong>de</strong> da falha ocorrer <strong>de</strong>ve ser da<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10^(-9) ou menos: uma falha <strong>por</strong> bilhão <strong>de</strong> horas voadas.


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 41<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

8 - FAR 25.933 (a) (3), Os requisitos <strong>de</strong>terminam que cada sistema [<strong>de</strong> reverso] <strong>de</strong>ve ser<br />

provido <strong>de</strong> meios que impeçam [MEANS TO PREVENT] o motor <strong>de</strong> produzir potência<br />

maior do que a potência <strong>de</strong> marcha lenta quando <strong>de</strong> uma falha no sistema <strong>de</strong> reverso<br />

[não estipulando o tipo <strong>de</strong> falha].


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 42<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

9 - Diagrama <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Falha para a versão pré-Mod conforme consta do Re<strong>por</strong>t n.º<br />

UK-28-313. Data <strong>de</strong> emissão Jun/94<br />

- Diagrama <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Falha para a versão pré-Mod refeito pela Fokker após o<br />

aci<strong>de</strong>nte (1997).


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 43<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

10 - Diagrama <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Falha para a versão pós-Mod conforme consta do Re<strong>por</strong>t<br />

n.º UK-28-313. Data <strong>de</strong> emissão Jun/94<br />

- Diagrama <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Falha para a versão pós-Mod refeito pela Fokker após<br />

o aci<strong>de</strong>nte (1997).


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 44<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

11- “FEEDBACK SYSTEM CABLE CONNECTOR ENGAGEMENT – TO SCALE”


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 45<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

12 – MAINTENANCE REVIEW BOARD DOCUMENT Aprovado para o Fokker<br />

F28 MK 0100 em 19-07-1996<br />

(a) "Systems and Powerplant"- no Capítulo 78 (sistema ATA-100) referente a<br />

"Exaustão / Mecanismos <strong>de</strong> Reversão".<br />

(b) na Seção 2, a lista <strong>de</strong> MSI's -Maintenance Significant indica o "thrust reverser<br />

feed-back control" ((MSI n° 783400, na lista indicado como "task")


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 46<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

13 - Correspondência do Fabricante da aeronave en<strong>de</strong>reçada ao operador, após<br />

consulta prévia <strong>de</strong>ste, datada <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1995” (item aa. fls 38 do Rcenipa);


<strong>João</strong> B. <strong>Paes</strong> <strong>de</strong> <strong>Barros</strong> 47<br />

Engenheiro, Perito.<br />

Tel 11 223 6488<br />

14 - COMENTÁRIOS DO THE NETHERLANDS AVIATION SAFETY BOARD<br />

( texto Original - completo)

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