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VOLUME 19, NÚMERO 4 • OUTUBRO, NOVEMBRO ... - SBNPE

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na população branca; porém, deve-se considerar a grande<br />

miscigenação da população brasileira, tendo em vista a menor<br />

incidência de fraturas nos indivíduos da raça negra.<br />

Assim, Fernandes et al. 6 ressaltam, que mulheres, em geral<br />

de raça branca, de baixa estatura e magras, com história<br />

familiar, menopausa prematura ou cirúrgica e com ausência<br />

da terapia de reposição estrogênica, são tradicionalmente<br />

consideradas como fatores de risco para a osteoporose. Pinto<br />

Neto et al. 9 também confirmam a possibilidade de que, a partir<br />

dos 50 anos, 30% das mulheres e 13% dos homens poderão<br />

sofrer algum tipo de fratura por osteoporose ao longo da vida.<br />

Segundo Waitzberg 12 , fatores hormonais, nutricionais e<br />

ambientais superpõem-se aos fatores genéticos favorecendo<br />

ou impedindo o desenvolvimento de um pico de massa óssea<br />

adequada e a posterior manifestação da doença.<br />

Para Lanzillotti et al. 4 , o pico de massa óssea, geralmente,<br />

não é alcançado antes dos 30 anos e o estilo de vida é um<br />

importante determinante da probabilidade de desenvolver<br />

osteoporose. Entretanto, Wiggins & Wiggins 13 , afirmam que<br />

este pico ocorre geralmente entre 18 e 25 anos de idade, sendo,<br />

no sexo feminino, por volta dos 20 anos e talvez 16 anos<br />

nas mulheres com puberdade precoce. Em contrapartida,<br />

Nattiv & Armsey 14 e West 15 afirmam que até os 18 anos 90%<br />

da massa óssea já se formou, pois o ápice ocorre durante o<br />

estirão da adolescência.<br />

A maior causa de perda óssea e osteoporose na mulher é a<br />

redução do nível dos estrógenos circulantes, geralmente associados<br />

à menopausa; entretanto, qualquer causa de deficiência<br />

estrogênica pode levar à osteoporose, uma vez que tais<br />

hormônios mantêm o equilíbrio metabólico do tecido ósseo 12 .<br />

Assim, acredita-se que, entre 40 anos e a menopausa, as<br />

mulheres perdem em média 0,3% a 0,5% de massa óssea<br />

cortical por ano, após a menopausa o risco acelera para 2% a<br />

3% ao ano podendo acelerar novamente após os 70 anos 12 .<br />

Segundo Bloomfield 5 , a aceleração das perdas ósseas dos três<br />

a cinco primeiros anos após a detecção no declínio dos<br />

estrógenos, causados pela ausência de menstruação, está muito<br />

bem documentada e resulta em uma perda de massa óssea da<br />

ordem de 3 a 5% por ano nesse período.<br />

Mahan & Escott-Stump 2 explicam que, na meia idade, a<br />

baixa ingestão de cálcio e a falta de atividade física levam à<br />

diminuição progressiva de massa óssea. Na menopausa, o fator<br />

crítico é a queda dos níveis de estrógeno, o que diminui a<br />

absorção intestinal de cálcio e aumenta a sensibilidade dos<br />

ossos à ação do paratormônio 22 .<br />

No homem, entretanto, a perda óssea é mais lenta e uniforme<br />

em todos os sítios esqueléticos, alcançando níveis anuais<br />

médios de 0,2 a 0,5%, sendo a idade crítica para os homens<br />

os 80 anos 12 e, como os homens costumam manter atividade<br />

física de maneira mais consistente do que as mulheres e como<br />

não há queda abrupta na produção de hormônios sexuais, os<br />

problemas da osteoporose aparecem em idade mais avançada<br />

no sexo masculino.<br />

Osteoporose e nutrição<br />

A massa óssea adequada a cada indivíduo está associada a<br />

uma boa nutrição, que deve ser constituída de uma dieta ba-<br />

Rev Bras Nutr Clin 2004; <strong>19</strong>(4):203-208<br />

lanceada, com quantidade de calorias adequada e<br />

suplementação de cálcio e vitamina D, quando necessário. Em<br />

relação ao esqueleto, o nutriente mais importante é o cálcio.<br />

Sua ingestão está relacionada com a obtenção do pico de massa<br />

óssea, assim como a prevenção e o tratamento da osteoporose 9 .<br />

Muitos fatores nutricionais tem sido examinados em associação<br />

com a osteoporose e a massa óssea. O cálcio, o fósforo,<br />

os minerais traço e a proteína são componentes do tecido<br />

ósseo. A vitamina D regula o balanço de cálcio e vários<br />

outros nutrientes interagem com a absorção e excreção de<br />

cálcio. Assim, a ingestão dietética desses nutrientes pode afetar<br />

a massa óssea, contudo espera-se que a força de associação<br />

possa variar de acordo com a fase em desenvolvimento, o<br />

status da menopausa e a ingestão habitual dos indivíduos 8 .<br />

A vitamina D, além de ser importante para a absorção de<br />

cálcio, também age diretamente para estimular o aumento de<br />

cálcio pelos ossos. Por essa razão, alta ingestão de vitamina D<br />

mostra-se relacionada à melhora da saúde óssea. O hormônio<br />

calcitonina, que é produzido pela glândula tireóide, está também<br />

envolvido na regulação do cálcio sérico 16 .<br />

Fatores endógenos e exógenos controlam a biodisponibilidade<br />

de cálcio. Os fatores endógenos são: idade, sexo,<br />

gravidez e lactação. Os exógenos incluem variáveis dietéticas<br />

que podem influenciar a absorção de cálcio, como a vitamina<br />

D, fibra dietética, fitato, oxalato, fosfopeptídeos, gordura,<br />

lactose e inúmeras variáveis dietéticas que podem influenciar<br />

a excreção urinária de cálcio, como sódio, fósforo, proteína,<br />

clorido de amônia, álcool e cafeína 8 .<br />

Alimentos que são naturalmente ricos em fitato e fibras<br />

tendem a ter maiores conteúdos de mineral que alimentos<br />

refinados, pois a quantidade total de cálcio disponível pode<br />

ser maior nos alimentos não processados 17 . Os fitatos representam<br />

compostos formados durante o processo de maturação de<br />

sementes e grãos de cereais integrais e feijões, podendo se<br />

complexar com minerais como cálcio, o ferro, o zinco e com<br />

as proteínas. Em virtude de presença de fitato, o balanço de<br />

cálcio tem sido alterado por dietas ricas em fibras 18 .<br />

Avenell et al. <strong>19</strong> demonstraram que o uso de dietas ricas em<br />

fibras na redução de peso em mulheres na pós-menopausa<br />

aumenta significativamente a perda óssea, pois a ingestão<br />

excessiva de fibras pode interferir na absorção de cálcio conduzindo<br />

ao risco de desenvolvimento de osteoporose 2 .<br />

Considerando a população que não consome produtos<br />

lácteos, a média de ingestão de cálcio deve ser maior que<br />

3000 mg/dia, pois em média, somente cerca de 20% do cálcio<br />

dos legumes é absorvido, embora dos vegetais verdes,<br />

cerca de 50% do cálcio seja absorvido 20 .<br />

Estudos têm estimado que a ingestão excessiva de proteína<br />

poderia responder por uma perda de 10% a 15% de massa<br />

óssea por ano, que é tipicamente observado em mulheres<br />

na pré-menopausa. O efeito hipercalciúrico da proteína é<br />

geralmente atribuído aos aminoácidos sulfurosos metionina<br />

e cisteína, os quais são metabolizados para sulfato e hidrogênio,<br />

resultando em um ácido cinza. A suplementação de<br />

metionina resulta em diminuição do pH urinário e em aumento<br />

da excreção urinária de cálcio. A proteína também causa<br />

aumento no índice de filtração glomerular, que aumenta a<br />

excreção de cálcio 8 .<br />

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