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VOLUME 19, NÚMERO 4 • OUTUBRO, NOVEMBRO ... - SBNPE

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idade jovem está associado com o sobrepeso no adulto e a<br />

obesidade na infância aumenta de 50% a 80% a taxa de<br />

mortalidade do adulto. Por este motivo e pelo aumento dos<br />

riscos de morbi-mortalidade, o estudo do sobrepeso em crianças<br />

e adolescentes está se tornando uma preocupação da saúde<br />

pública 16,17,18,<strong>19</strong>,20 e as intervenções para prevenir a obesidade<br />

devem ser iniciadas mais precocemente, começando na<br />

idade do pré-escolar ou mesmo no nascimento 21 .<br />

Obesidade na infância e adolescência<br />

Definir obesidade ou sobrepeso para crianças e adolescentes<br />

é difícil e não há uma definição geral aceita. Uma variedade<br />

de critérios têm sido utilizados para avaliar prevalências<br />

e tendências entre crianças e adolescentes 2,17,22 . Em determinadas<br />

situações, a condição de obesidade é tão óbvia, que é<br />

possível identificá-la sem o uso de índices específicos. O<br />

acúmulo excessivo e generalizado de gordura subcutânea e<br />

em outros tecidos define a obesidade e pode ser quantificado<br />

de várias formas, como o estudo da composição corporal, em<br />

que se separa a massa magra (principalmente músculo) da<br />

massa gorda (tecido adiposo). Isto pode ser feito por absorção<br />

diferencial de dois feixes de raios X com energias diferentes,<br />

método DEXA (dual emission X-Ray absorptionmetry), por<br />

impedanciometria, ou pelo uso de índices ou pregas<br />

cutâneas 2 . Mulligan & Voss 23 consideram a distribuição de<br />

gordura visceral como melhor preditor de subseqüente<br />

morbidade.<br />

Em <strong>19</strong>95, a Organização Mundial da Saúde recomendou<br />

a utilização do índice de massa corporal (IMC) para crianças,<br />

pois é um índice que oferece inúmeras vantagens por ser estabelecido<br />

a partir de medidas simples (peso/estatura), colhidas<br />

rotineiramente. Contrário às curvas peso/idade e peso/<br />

altura, as curvas do IMC segundo idade compreendem simultaneamente<br />

as três variáveis: peso, altura e idade. Entretanto,<br />

como todos os métodos baseados em peso e altura apresenta<br />

suas limitações. Particularmente, esse método não distingue<br />

a parte de massa gorda e da massa magra como fariam os<br />

métodos mais elaborados. A utilização do IMC não pode ser<br />

considerada como um novo método de avaliação da composição<br />

corporal, e sim, como uma melhoria dos métodos clássicos<br />

existentes baseados no peso e altura. A evolução do IMC<br />

reflete bem a evolução da massa gorda avaliada por outros<br />

métodos, como, por exemplo, o das pregas cutâneas 24 . Há pelo<br />

menos três fatores que potencialmente podem confundir o uso<br />

do IMC em diferentes populações. Primeiro – é necessário um<br />

número maior de estudos com grupos étnicos para que este<br />

índice seja utilizado com maior segurança para populações.<br />

Segundo – estudos comparativos do IMC com a porcentagem<br />

de gordura corporal realizados, não excluem a possibilidade<br />

de que IMC acima do percentil 95 possa fornecer uma medida<br />

mais acurada para identificar crianças e adolescentes com<br />

aumento de gordura corporal. Por último, uma desnutrição<br />

pregressa pode comprometer a validade do IMC 25 .<br />

O índice de massa corporal na infância muda substancialmente<br />

com a idade. Cole et al. 26 propõem pontos de corte<br />

relacionados com a idade utilizando como referência<br />

percentis e baseados no ponto de corte para adultos,<br />

Rev Bras Nutr Clin 2004; <strong>19</strong>(4):209-215<br />

referenciado internacionalmente, de 25 e 30 kg/m 2 . Os Estados<br />

Unidos e a Inglaterra recomendam os percentis 85 e 95 de<br />

IMC para idade e sexo como pontos de corte para sobrepeso<br />

e obesidade, respectivamente. Essa definição estabelece que<br />

se espera encontrar 15% de crianças com sobrepeso e 5%<br />

obesas. O corte utilizado para definir obesidade não é arbitrário:<br />

crianças com índice de massa corporal acima do percentil<br />

95 são excessivamente gordas e a obesidade definida nesses<br />

termos tem uma grande possibilidade de persistir na idade<br />

adulta e estar relacionada a vários efeitos adversos na saúde<br />

12,26 .<br />

A falta de evidência de aumento generalizado de consumo<br />

energético, em jovens, apesar de aumento na prevalência<br />

de obesidade, sugere que a inatividade física é o maior desafio<br />

de saúde pública para esta faixa etária 11 . Deve ser enfatizado<br />

o gasto energético, aumentando-se a atividade física,<br />

uma vez que a excessiva restrição calórica ou a eliminação de<br />

refeições podem ter efeito negativo no crescimento da criança<br />

14 .<br />

Tanto o sobrepeso, quanto a obesidade na infância, estão<br />

relacionados com um aumento nos lipídios séricos, na pressão<br />

arterial, com intolerância à glicose, com dificuldades<br />

psicossociais e com aumento de risco da persistência da obesidade<br />

no adulto 11 .<br />

Dislipidemias<br />

As dislipidemias são as causas fundamentais de enfermidades<br />

coronarianas ateroscleróticas 27 .<br />

Essas enfermidades destacam-se nos dias atuais como a<br />

mais freqüente causa de óbito 28 , são a principal causa de<br />

morbimortalidade na população adulta e parecem estar aumentando<br />

em países que tradicionalmente tinham baixa<br />

prevalência 29,30 . A doença isquêmica do coração é a principal<br />

causa de óbito no Estado de São Paulo, dentre as doenças<br />

crônico-degenerativas 31 .<br />

As dislipidemias são definidas como distúrbios do transporte<br />

dos lipídios que resultam de anormalidades metabólicas<br />

na síntese ou degradação das lipoproteínas plasmáticas,<br />

que alteram as concentrações dos seus diferentes componentes<br />

na circulação 32,33 . Quando os níveis séricos das lipoproteínas<br />

estão acima dos valores de referência (vide Tabelas 1,<br />

2 e 3), a dislipidemia é chamada de hiperlipidemia, se estiver<br />

acima de determinados valores, se abaixo, é denominada<br />

hipolipidemia. A hipercolesterolemia ocorre pelo aumento<br />

do colesterol total e/ou de LDL-colesterol e a hipertrigliceridemia<br />

pela elevação dos triglicérides 33,34 .<br />

Segundo Schimitz et al. 39 , a aterogênese é caracterizada<br />

por uma sucessão de desordens nas camadas íntima e média<br />

das paredes dos vasos, sendo que o metabolismo desordenado<br />

das gorduras é apontado como um agente causador desse distúrbio.<br />

Dentre as desordens nas paredes dos vasos, estão o<br />

aumento da permeabilidade do endotélio, infiltração de<br />

monócitos, proliferação de células musculares lisas adjacentes,<br />

agregação plaquetária e acúmulo de lipídios. O colesterol<br />

livre e ésteres de colesterol, triglicérides, ceróide, ferro e cálcio<br />

são gradualmente depositados nas áreas envolvidas e elementos<br />

fibrosos invadem a placa em crescimento.<br />

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