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VOLUME 19, NÚMERO 4 • OUTUBRO, NOVEMBRO ... - SBNPE

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Rev Bras Nutr Clin 2004; <strong>19</strong>(4):216-223<br />

A elevada freqüência de complicações gastrointestinais<br />

é provavelmente o fator mais importante que limita o uso da<br />

terapia nutricional enteral em pacientes críticos 7, 8 . Há, na<br />

literatura, a falta de protocolos uniformes nas complicações<br />

e as conseqüências da intolerância da dieta não estão claramente<br />

estabelecidas 9 .<br />

As complicações gastrointestinais em pacientes críticos<br />

diminuem a ingestão de nutrientes, e, se persistirem, podem<br />

contribuir para o processo de desnutrição. Intolerâncias<br />

gastrointestinais devido à dieta enteral podem estar associadas<br />

ao prolongamento da estada do paciente na UTI e aumentar<br />

o índice de mortalidade 9 .<br />

O atraso do esvaziamento gástrico, cujas manifestações<br />

são episódios de vômitos e resíduos gástricos elevados 10 , é a<br />

causa mais freqüente de interrupção da TNE ou redução do<br />

volume administrado na dieta enteral de pacientes críticos 7 .<br />

A monitorização diária dos resíduos gástricos, a verificação da<br />

presença de regurgitação da dieta, diarréia e obstipação são<br />

essenciais 11 .<br />

218<br />

Volume residual gástrico<br />

Não há consenso na literatura sobre o volume residual<br />

gástrico exato para interromper a administração da dieta por<br />

via enteral 12 .<br />

O volume residual (VR) é usado por médicos,<br />

nutricionistas e enfermeiros como um indicador para avaliar<br />

a tolerância ou intolerância na nutrição enteral total 13 . Volumes<br />

residuais elevados sugerem a possibilidade de esvaziamento<br />

gástrico inadequado, risco potencial de refluxo e aspiração<br />

14, 15,16 . Antes de administrar a dieta por sonda localizada<br />

no estômago, é necessário checar se há estase gástrica,<br />

através da aspiração do conteúdo gástrico, registrando o volume<br />

da fórmula administrada e o fluído obtido 13,17 . A seringa<br />

de 60 mL é considerada uma boa alternativa para este<br />

procedimento 13 .<br />

Em nenhuma circunstância, a presença de um único episódio<br />

de VR elevado sem a avaliação clínica 12 e de radiografia,<br />

pode resultar em suspensão automática da terapia<br />

nutricional enteral 13 .<br />

The Society of Critical Care Medicine 46 considera os<br />

seguintes dados clínicos para monitorização de pacientes<br />

recebendo dieta enteral: examinar o abdome para verificar<br />

distensão e ruídos hidroaéreos; registrar a freqüência, consistência,<br />

cor, odor, peso e volume das fezes; anotar queixas dos<br />

pacientes devido à dor abdominal e plenitude.<br />

O escaneamento com radionucleotídeo é provavelmente<br />

o padrão ouro para determinação do esvaziamento gástrico<br />

lento, mas não é possível ser usado na prática clínica 13 .<br />

Causas do volume residual<br />

A retenção gástrica pode ser resultado de diminuição da<br />

motilidade causada por narcóticos ou outros medicamentos,<br />

gastroparesia, alimentação rica em gordura, taxas de infusão<br />

altas, envenenamento, imobilização, sepse, trauma ou desnutrição<br />

18,<strong>19</strong> .<br />

As drogas usuais em tratamento intensivo, como sedati-<br />

vos e analgésicos, fundamentalmente opiáceos, têm reconhecido<br />

poder de reduzir o esvaziamento gástrico e a motilidade<br />

intestinal como um todo 20 .<br />

Há situações clínicas e condições pré-mórbidas dos pacientes<br />

que colaboram para menor esvaziamento gástrico, tais<br />

como: cirurgias ocorridas durante a internação ou prévias;<br />

íleo gástrico prolongado, como nas pancreatites, gastroparesia<br />

do diabetes mellitus e outras situações clínicas menos freqüentes,<br />

como miopatias, neuropatias, amiloidose, doenças do<br />

colágeno, trauma cranioencefálico, alterações metabólicas e<br />

eletrolíticas 20<br />

Apesar de se evitar o uso de fórmulas hiperosmolares 16 ,<br />

não há evidências de que a osmolalidade influencie o esvaziamento<br />

gástrico em dietas administradas em infusão contínua<br />

21 .<br />

Volume residual na literatura, sua verificação,<br />

uso de pró-cinéticos e posição da sonda na terapia<br />

nutricional enteral<br />

O valor do VR usado para indicar intolerância à dieta<br />

enteral varia muito na literatura. Os autores sugerem diferentes<br />

valores, mas não há nenhum dado conclusivo. A Figura 1<br />

mostra uma relação de volumes residuais considerados como<br />

refluxo na literatura.<br />

1. Ao passar a sonda de alimentação, checar sua posição através de<br />

radiografia.<br />

2. Manter o paciente em decúbito elevado entre 30º e 45º para<br />

evitar o refluxo e a aspiração.<br />

3. Avaliar as condições clínicas (examinar o abdome para verificar<br />

distensão e ruídos hidroaéreos; freqüência e volume das fezes,<br />

etc.) do paciente antes de administrar a dieta.<br />

4. Checar se há diminuição do esvaziamento gástrico, através da<br />

aspiração do conteúdo do estômago com o uso de seringa, dentro<br />

do intervalo de 3 a 4 horas.<br />

5. Considerar como refluxo o valor de aproximadamente 150 mL.<br />

6. Analisar se há necessidade do uso de pró-cinéticos ( cisaprida,<br />

metoclopramida, etc.) antes, ou só após a ocorrência de volume<br />

residual gástrico elevado.<br />

7. Caso o método de infusão seja em bolo, na constatação de refluxo,<br />

substituir pelo contínuo. Se a dieta já estiver sendo administrada<br />

pelo método de infusão contínua e ocorrer gastroparesia, diminuir<br />

a velocidade de administração.<br />

8. Nos casos de persistência do refluxo, verificar se há possibilidade<br />

de posicionamento da sonda pós-pilórica. Checar sua posição<br />

através de radiografia.<br />

9. Se houver volume residual gástrico elevado, mesmo com sonda<br />

pós-pilórica, analisar mais detalhadamente o caso, e se há indicação<br />

de pausa na administração da fórmula (levar em conta o<br />

déficit nutricional), ostomia ou ainda nutrição parenteral.<br />

Figura 2 - Quadro das recomendações para prevenção do refluxo na<br />

nutrição enteral<br />

Para Carvalho 22 , mais de 60% do volume da última infusão<br />

é considerado como refluxo.<br />

Hewmark et al. 14 consideram que valores de VR acima de<br />

150 mL sugerem esvaziamento gástrico lento, intolerância à<br />

fórmula enteral e aumento do risco de regurgitação e aspiração.<br />

Segundo McClave et al. 13 , o valor apropriado de resíduo<br />

gástrico que pode estar relacionado com um esvaziamento

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