VOLUME 19, NÚMERO 4 • OUTUBRO, NOVEMBRO ... - SBNPE
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gástrico inadequado é de 200 mL em pacientes com sonda<br />
nasogástrica (SNG) e 100 mL em pacientes com gastrostomia<br />
endoscópica ou cirúrgica em um período de 2 horas com o<br />
início da dieta. Os pacientes com gastrostomia têm um VR<br />
bem menor do que aqueles com SNG, e os que recebem um<br />
volume maior a cada infusão apresentam VR maiores, isto<br />
tanto nos pacientes com SNG, quanto nos gastrostomizados.<br />
Muitos estudos usam os valores de 100 mL 8,10,15,23,24 ou<br />
150 mL 14,25,26,27,28 como VR, mas outros sugerem a medida em<br />
porcentagem de hora em hora (de 50% a 115%) 24,29 .<br />
Para Bernard et al. 30 , os resíduos gástricos são checados<br />
antes de cada horário da administração no método intermitente<br />
e a dieta é suspensa, se os resíduos forem superiores a 150<br />
mL. Duas horas depois, verifica-se novamente e se os valores<br />
ainda forem maiores que 150 mL, o paciente deverá ser<br />
reavaliado (à procura de esvaziamento gástrico tardio).<br />
Para Coppini & Waitzberg 5 , há estase gástrica nos casos<br />
em que o resíduo gástrico tem valor maior que 50% do volume<br />
da dieta após 2 horas da infusão. Nestes casos é recomendado<br />
reduzir a oferta em bolo (intermitente) e usar drogas<br />
gastrocinéticas.<br />
O uso de agentes pró-cinéticos é uma estratégia empregada<br />
para melhorar a tolerância gastrointestinal e tem sido usada,<br />
geralmente, após episódios de intolerância à dieta<br />
enteral 31 .<br />
A American Dietetics Association 32 também estimula o<br />
uso de agentes pró cinéticos para estimular a motilidade gástrica,<br />
nos casos de diminuição de seu esvaziamento.<br />
MacLaren et al. 33 concluíram que a metoclopramida<br />
(pró-cinético) tem uma capacidade de reduzir o VR gástrico<br />
maior que a cisaprida em pacientes críticos com ventilação<br />
mecânica e SNG de nutrição enteral.<br />
Já Altmayer et al. 34 , indicam o uso da cisaprida para os<br />
casos de gastroparesia e refluxo em pacientes com<br />
traumatismo craniano.<br />
Chapman et al. 35 em um estudo prospectivo, duplo cego<br />
e randomizado observaram pacientes graves com ventilação<br />
mecânica que recebiam dieta enteral por SNG e apresentavam<br />
VR elevados (maior ou igual a 250 mL checados a cada<br />
quatro horas), com o objetivo de avaliar o efeito da eritromicina<br />
intravenosa (pró-cinético) no esvaziamento gástrico<br />
e no sucesso da TNE. A conclusão do estudo australiano foi<br />
que estes pacientes se beneficiaram com o fármaco e isto<br />
permitiu a continuidade da TNE.<br />
Um estudo prospectivo e randomizado, realizado por<br />
Pinilla et al. 31 , analisou pacientes críticos, que recebiam dieta<br />
enteral por SNG ou sonda orogástrica, com o objetivo de<br />
comparar a tolerância gastrointestinal e o tempo para alcançar<br />
a meta nutricional proposta, através de dois protocolos. O<br />
protocolo utilizado na UTI do Royal University Hospital, no<br />
Canadá, utilizava 150 mL como VR elevado e o uso de agentes<br />
pró-cinéticos, apenas depois da ocorrência de um episódio de<br />
intolerância gastrointestinal. Este protocolo atual foi comparado<br />
com um novo protocolo que usava o VR de 250 mL e o<br />
uso obrigatório de pró-cinéticos antes de a intolerância ocorrer.<br />
O VR era checado a cada 4 horas e os pró-cinéticos administrados<br />
no estudo foram: a metaclopramida, cisaprida e a<br />
domperidona.<br />
Rev Bras Nutr Clin 2004; <strong>19</strong>(4):216-223<br />
Pinilla et al. 31 concluíram que a incidência de intolerância<br />
a TNE foi menor nos pacientes que foram acompanhados<br />
pelo novo protocolo, ou seja, o aumento do VR que indica<br />
intolerância (de 150 mL para 250 mL) e o uso de agentes prócinéticos<br />
diminuíram os casos de elevados VR. Em relação ao<br />
alcance das metas nutricionais, o grupo acompanhado pelo<br />
novo protocolo recebeu 76% das necessidades nutricionais<br />
em 15 horas e o grupo do protocolo atual recebeu 70% em um<br />
período de 22 horas.<br />
Este estudo 31 realizado na UTI do Royal University Hospital<br />
defende a adoção do protocolo atual para acompanhamento<br />
dos pacientes graves. Mas é preciso mais pesquisas para<br />
descobrir que mudanças devem ser feitas, nos casos de pacientes<br />
graves com alto risco de intolerância gastrointestinal<br />
(por exemplo: pacientes com traumatismo craniano).<br />
Apesar de estudos recentes mostrarem a eficácia da<br />
cisaprida 34,38,39,40 , metoclopramida 31,33,36 e eritromicina 35,37 no<br />
aumento da motilidade gastrointestinal, entretanto, com<br />
exceção da cisaprida 38 , há dados limitados que mostram a<br />
validez desses medicamentos na melhora da tolerância à<br />
TNE 41 .<br />
Montejo et al. 9 realizaram um estudo prospectivo de<br />
coorte, no qual analisaram durante 1 mês pacientes de UTI<br />
recebendo dieta enteral com SNG através de sistema contínuo<br />
com bomba de infusão, com o intuito de identificar a<br />
freqüência de complicações gastrointestinais devido à terapia<br />
nutricional enteral. A complicação mais encontrada foi<br />
o alto resíduo gástrico. O VR foi checado a cada seis horas e<br />
considerado alto quando estivesse igual ou acima de 200 mL.<br />
Foi utilizado o seguinte protocolo para os casos de altos resíduos<br />
gástricos: a infusão da dieta é interrompida por seis horas<br />
depois de cada episódio. A retirada definitiva da dieta enteral<br />
é feita se o protocolo seguido não for capaz de controlar os<br />
sintomas gastrointestinais em um período de três dias.<br />
Há controvérsias na literatura sobre a eficácia de se verificar<br />
o resíduo gástrico. Pacientes estáveis, especialmente aqueles<br />
em longos períodos com nutrição enteral, não necessitam<br />
verificação dos resíduos do estômago e estes podem conter, mais<br />
secreções e fluidos gástricos que alimentação. A aspiração do<br />
resíduo gástrico é mais relevante em pacientes críticos e em<br />
risco de gastroparesia 42 . Em pacientes graves, os resíduos devem<br />
ser verificados a cada 4 horas ou quando necessário 43,44 .<br />
Santhi 45 recomenda verificar o resíduo gástrico a cada 4<br />
horas.<br />
The Society of Critical Care Medicine 46 aconselha que<br />
o esvaziamento gástrico deve ser checado, medindo o VR<br />
gástrico em intervalos regulares. Em pacientes com VR altos,<br />
a alimentação enteral deve ser reduzida ou interrompida até<br />
o esvaziamento gástrico normalizar.<br />
McClave et al. 13 acreditam que não é preciso a checagem<br />
do VR nos pacientes que têm sonda em posição pós-pilórica<br />
e que a freqüência pode ser reduzida nos pacientes que estão<br />
tolerando bem a dieta, sem complicações, exames físicos e<br />
radiografias abdominais normais.<br />
Apesar de alguns estudiosos considerarem o uso do VR<br />
na monitoração da nutrição enteral 15,25,47 , não há ensaios<br />
controlados para validar este parâmetro 13 . Os profissionais da<br />
saúde ainda usam o VR como um dogma e param a admi-<br />
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