18.08.2013 Views

Gênero e Diversidade na Escola - Portal do Professor - Ministério da ...

Gênero e Diversidade na Escola - Portal do Professor - Ministério da ...

Gênero e Diversidade na Escola - Portal do Professor - Ministério da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

fun<strong>da</strong>mental que exige satisfação. 1 Por outro la<strong>do</strong>, as socie<strong>da</strong>des têm inventa<strong>do</strong> regras para<br />

manter o sexo sob fiscalização, desenvolven<strong>do</strong> minuciosos mecanismos de vigilância e controle<br />

social, promoven<strong>do</strong> sentimentos de me<strong>do</strong>, ao associar diversas vivências <strong>da</strong> sexuali<strong>da</strong>de<br />

à <strong>do</strong>ença e ao perigo.<br />

A família, a escola, a religião, a ciência, a lei e o governo esforçam-se para determi<strong>na</strong>r o que é<br />

sexo, o que ele deve ser, ou mesmo para estipular quan<strong>do</strong>, como, onde e com quem se pode<br />

fazer sexo. Quase sempre, essas prescrições são transmiti<strong>da</strong>s e justifica<strong>da</strong>s em nome de uma<br />

ordem universal e imutável, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em Deus ou <strong>na</strong> Natureza. Dessa maneira, como já a<strong>na</strong>lisamos<br />

no módulo sobre <strong>Gênero</strong>, encobre-se o fato de que tais regras, supostamente em concordância<br />

com a “ver<strong>da</strong>de” profun<strong>da</strong> <strong>do</strong> sexo, são construções sociais.<br />

Historia<strong>do</strong>res e cientistas sociais elaboraram a noção de sexuali<strong>da</strong>de como uma construção<br />

de corpos, desejos, comportamentos e identi<strong>da</strong>des que to<strong>da</strong>s as pessoas desenvolvem durante<br />

suas vi<strong>da</strong>s por meio <strong>da</strong> apropriação subjetiva <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des ofereci<strong>da</strong>s pela cultura, pela<br />

socie<strong>da</strong>de e pela história. A visão “construcionista”, abor<strong>da</strong><strong>da</strong> no Módulo I deste curso, assume<br />

que é extremamente difícil distinguir nos seres humanos o que se deve à biologia, de um la<strong>do</strong>,<br />

e à cultura, à socie<strong>da</strong>de e à história, de outro. Assim, por exemplo, <strong>do</strong> ponto de vista “construcionista”,<br />

o desejo homossexual ou a prática de relações homossexuais não implicam, por si só,<br />

a aceitação de uma posição social específica ou de uma determi<strong>na</strong><strong>da</strong> compreensão de si, nem<br />

tampouco a a<strong>do</strong>ção de uma categoria explícita de identificação (como “gay”, “lésbica” ou “bissexual”).<br />

Não existe, deste ponto de vista, uma essência <strong>do</strong> homossexual ou <strong>do</strong> heterossexual<br />

que permaneça imutável através <strong>do</strong> tempo, mas varia<strong>da</strong>s configurações de desejos, comportamentos<br />

sexuais, corpos e identi<strong>da</strong>des em diferentes socie<strong>da</strong>des e momentos <strong>da</strong> história.<br />

Vamos a<strong>na</strong>lisar o raciocínio por detrás de uma dessas prescrições básicas. Com quem se pode<br />

fazer sexo? Desde crianças somos ensi<strong>na</strong><strong>da</strong>s e ensi<strong>na</strong><strong>do</strong>s que o mo<strong>do</strong> “<strong>na</strong>tural” de fazer sexo<br />

é através <strong>do</strong> relacio<strong>na</strong>mento entre pessoas de “sexos opostos”, e não entre pessoas de “mesmo<br />

sexo”. Esta prescrição parte de uma conexão supostamente necessária de:<br />

1. Ser biologicamente macho ou fêmea – ter os órgãos genitais e as capaci<strong>da</strong>des reprodutivas<br />

apropria<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong> sexo.<br />

2. Incorporar uma identi<strong>da</strong>de de gênero masculi<strong>na</strong> ou femini<strong>na</strong> – ter a convicção interior de<br />

ser “homem” ou “mulher”, conforme os atributos, os comportamentos e os papéis convencio<strong>na</strong>lmente<br />

estabeleci<strong>do</strong>s para ca<strong>da</strong> sexo, como já estu<strong>da</strong>mos no módulo sobre <strong>Gênero</strong>.<br />

3. Ter uma predisposição i<strong>na</strong>ta para a heterossexuali<strong>da</strong>de como orientação sexual – eleger<br />

necessariamente pessoas <strong>do</strong> “sexo oposto” como objetos de desejo e parceiros de afeto.<br />

A visão<br />

“construcionista”,<br />

abor<strong>da</strong><strong>da</strong> no<br />

Módulo I deste<br />

curso, assume que<br />

é extremamente<br />

difícil distinguir<br />

nos seres<br />

humanos o<br />

que se deve à<br />

biologia, de um<br />

la<strong>do</strong>, e à cultura,<br />

à socie<strong>da</strong>de e à<br />

história, de outro.<br />

. 117

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!