18.08.2013 Views

Gênero e Diversidade na Escola - Portal do Professor - Ministério da ...

Gênero e Diversidade na Escola - Portal do Professor - Ministério da ...

Gênero e Diversidade na Escola - Portal do Professor - Ministério da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ou atitudes cotidia<strong>na</strong>s, sem perceber, reforçamos desigual<strong>da</strong>des e a hierarquia de gênero, para<br />

não falar em preconceitos e estereótipos.<br />

A antropologia, discipli<strong>na</strong> que estu<strong>da</strong> a diversi<strong>da</strong>de cultural <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des, sustenta que a<br />

dimensão biológica <strong>da</strong> espécie huma<strong>na</strong> é transforma<strong>da</strong> pela necessi<strong>da</strong>de de capacitação cultural,<br />

essencial à sua sobrevivência. É a cultura que humaniza a espécie. Pode se perceber que<br />

os homens são muito diferentes de outros homens em outros lugares. Também as mulheres<br />

diferem bastante de outras mulheres em diferentes partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. E o mesmo acontece<br />

com as relações entre os gêneros, que variam <strong>na</strong>s muitas socie<strong>da</strong>des <strong>do</strong> planeta.<br />

O papel que a biologia desempenha <strong>na</strong> determi<strong>na</strong>ção de comportamentos sociais é fraco – a<br />

espécie huma<strong>na</strong> é essencialmente dependente <strong>da</strong> socialização. Contu<strong>do</strong>, de acor<strong>do</strong> com o senso<br />

comum, as condutas de homens e mulheres origi<strong>na</strong>m-se de<br />

uma dimensão <strong>na</strong>tural (os instintos) inscrita nos corpos com<br />

que ca<strong>da</strong> indivíduo <strong>na</strong>sce. Acredita-se, com freqüência, que<br />

existe um tipo de perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de ou padrão de comportamento<br />

para ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s sexos. Na cultura ocidental, supõe-se que<br />

o masculino seja <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de maior agressivi<strong>da</strong>de e o feminino,<br />

de maior suavi<strong>da</strong>de e delicadeza.<br />

Na déca<strong>da</strong> de 1930, a antropóloga america<strong>na</strong> Margaret Mead<br />

(1901-1978) estu<strong>do</strong>u esta questão em outras culturas e descobriu<br />

que não existe uma relação direta entre o sexo <strong>do</strong> corpo<br />

e a conduta social de homens e mulheres. Mead revolucionou<br />

sua área de pesquisa ao torná-la popular e ao alcance <strong>do</strong>s leigos.<br />

Seu objetivo era <strong>da</strong>r às pessoas comuns uma ferramenta<br />

para entenderem seu lugar no mun<strong>do</strong>. Ela demonstrou que os<br />

papéis sexuais eram determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s pelas expectativas sociais<br />

e provou a importância <strong>da</strong>s relações raciais para a conservação<br />

<strong>da</strong> espécie. Acreditava que o objetivo <strong>da</strong> antropologia era<br />

melhorar a raça huma<strong>na</strong> e, para isso, defendia que o mun<strong>do</strong><br />

moderno tinha muito a aprender com outras civilizações. Em<br />

inúmeros livros e artigos, escreveu sobre os direitos <strong>da</strong> mulher<br />

e contra o racismo e o preconceito sexual.<br />

O modelo de educação de uma pessoa, aquilo que ela aprendeu<br />

sobre o que é certo e erra<strong>do</strong> <strong>na</strong> esfera sexual, influenciará<br />

sua sexuali<strong>da</strong>de, seus sentimentos e atração por outras pessoas,<br />

sua orientação sexual. Assim, algo considera<strong>do</strong> adequa<strong>do</strong><br />

Na obra Sexo e temperamento,<br />

Mead traz os resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> pesquisa<br />

realiza<strong>da</strong> em Nova Guiné sobre<br />

o que então se chamava de papéis<br />

sexuais, e que hoje em dia chamamos<br />

de gênero. Da comparação<br />

entre três culturas (Arapesh, Mundugomor<br />

e Tchambuli) que compartilhavam<br />

uma organização social<br />

semelhante, Mead destaca que<br />

<strong>na</strong>s duas primeiras a cultura não<br />

estabelece um padrão sentimental<br />

distinto para homens e mulheres;<br />

existe um tipo de perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de ou<br />

temperamento socialmente aprova<strong>do</strong><br />

para to<strong>do</strong>s os integrantes <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong>de.<br />

Segun<strong>do</strong> os nossos critérios de avaliação,<br />

a cultura Arapesh poderia<br />

ser caracteriza<strong>da</strong> como “mater<strong>na</strong>l”,<br />

ten<strong>do</strong> a <strong>do</strong>cili<strong>da</strong>de como o traço de<br />

perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de valoriza<strong>do</strong>. Já entre<br />

os Mundugomor, o comportamento<br />

agressivo era incentiva<strong>do</strong> para<br />

homens e mulheres. Na terceira<br />

socie<strong>da</strong>de a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>, os Tchambuli,<br />

as perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong>des de homens e<br />

mulheres opõem-se e complementam-se,<br />

contu<strong>do</strong>, estão inverti<strong>da</strong>s<br />

em relação ao padrão ocidental.<br />

Os homens são mais gentis e delica<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> que as mulheres, fortes e<br />

bravas (Mead, 1988).<br />

. 45

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!