Gênero e Diversidade na Escola - Portal do Professor - Ministério da ...
Gênero e Diversidade na Escola - Portal do Professor - Ministério da ...
Gênero e Diversidade na Escola - Portal do Professor - Ministério da ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
estereótipos negativos. No cotidiano, temos expressões que reforçam os estereótipos: “tu<strong>do</strong><br />
farinha <strong>do</strong> mesmo saco”; “tal pai, tal filho”; “só podia ser mulher”; “nordestino é preguiçoso”;<br />
“serviço de negro”; e uma série de outras expressões e dita<strong>do</strong>s populares específicos de ca<strong>da</strong><br />
região <strong>do</strong> país.<br />
Os estereótipos são uma maneira de “biologizar” as características de um grupo, isto é, considerá-las<br />
como fruto exclusivo <strong>da</strong> biologia, <strong>da</strong> a<strong>na</strong>tomia. O processo de <strong>na</strong>turalização ou<br />
biologização <strong>da</strong>s diferenças étnico-raciais, de gênero ou de orientação sexual, que marcou os<br />
séculos XIX e XX, vinculou-se à restrição <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia a negros, mulheres e homossexuais.<br />
Uma <strong>da</strong>s justificativas até o início <strong>do</strong> século XX para a não extensão às mulheres <strong>do</strong> direito<br />
de voto baseava-se <strong>na</strong> idéia de que possuíam um cérebro menor e menos desenvolvi<strong>do</strong> que<br />
o <strong>do</strong>s homens. A homossexuali<strong>da</strong>de, por sua vez, era ti<strong>da</strong> como uma espécie de anomalia <strong>da</strong><br />
<strong>na</strong>tureza. Nas democracias moder<strong>na</strong>s, ape<strong>na</strong>s desigual<strong>da</strong>des <strong>na</strong>turais podiam justificar o não<br />
acesso pleno à ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.<br />
No interior de nossa socie<strong>da</strong>de, encontramos uma série de atitudes etnocêntricas e biologicistas.<br />
Muitos acreditaram que havia várias raças e sub-raças, que determi<strong>na</strong>riam, geneticamente,<br />
as capaci<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s pessoas. Da mesma forma, pesquisas foram realiza<strong>da</strong>s para provar que o<br />
cérebro <strong>da</strong>s mulheres funcio<strong>na</strong>va de mo<strong>do</strong> diferente <strong>do</strong> cérebro <strong>do</strong>s homens. Esses temas serão<br />
aprofun<strong>da</strong><strong>do</strong>s nos Módulos Relações de <strong>Gênero</strong> e Relações Étnico-Raciais.<br />
Encontramos um exemplo de intolerância religiosa <strong>na</strong> relação com o can<strong>do</strong>mblé e outras<br />
religiões de matriz africa<strong>na</strong>. O sacrifício animal no can<strong>do</strong>mblé e em outras religiões afrobrasileiras<br />
tem si<strong>do</strong> considera<strong>do</strong> como sinônimo de barbárie pelos praticantes de outros cre<strong>do</strong>s:<br />
trata-se, contu<strong>do</strong>, simplesmente, de uma forma específica para que homens e mulheres<br />
entrem em contato com o divino, com os deuses – neste caso, os orixás - ca<strong>da</strong> qual com a<br />
sua preferência, no que diz respeito ao sacrifício. Outras religiões pregam formas diversas de<br />
contato com o divino e conde<strong>na</strong>m as práticas <strong>do</strong> can<strong>do</strong>mblé como “erra<strong>da</strong>s” e “bárbaras”, ou<br />
como “feitiçaria”, a partir de seus próprios preceitos religiosos. O preconceito de alguns seguimentos<br />
religiosos tem leva<strong>do</strong> seus segui<strong>do</strong>res a atacar, com pedras e paus, terreiros e roças.<br />
O espiritismo kardecista, hoje pratica<strong>do</strong> <strong>na</strong>s mais diferentes partes <strong>do</strong> Brasil, foi durante muito<br />
tempo persegui<strong>do</strong> por aqueles que, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> um ponto de vista católico ou médico, afirmavam<br />
serem as práticas espíritas próprias de charlatães. Se boa parte <strong>do</strong>s/as brasileiros/as se<br />
define como católica, a ver<strong>da</strong>de é que somos um país cruza<strong>do</strong> por múltiplas crenças. Até mesmo<br />
no interior <strong>do</strong> próprio catolicismo há diferentes práticas religiosas: somos um país plural.<br />
A constituição garante a liber<strong>da</strong>de religiosa e de crença, e as instituições devem promover o<br />
respeito entre os praticantes de diferentes religiões, além de preservar o direito <strong>da</strong>queles que<br />
. 25