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Gênero e Diversidade na Escola - Portal do Professor - Ministério da ...

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espeito às diferenças que nos marcam e que são ricas <strong>na</strong> construção <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> país.<br />

Somos um país miscige<strong>na</strong><strong>do</strong>, um caldeirão de culturas, ten<strong>do</strong> um teci<strong>do</strong> social composto por<br />

etnias, orientações, desejos, gostos.<br />

Numa ação quase que exemplar, que <strong>na</strong> ver<strong>da</strong>de deveria ser o modus operandi <strong>da</strong> polícia, os<br />

assassinos foram presos algumas horas depois beben<strong>do</strong> despreocupa<strong>da</strong>mente em um bar que<br />

reunia skinheads <strong>na</strong> ci<strong>da</strong>de. Os policiais chegaram até o seu paradeiro a partir <strong>do</strong> depoimento<br />

de um homossexual que vive <strong>na</strong>s ruas. Triste si<strong>na</strong> desses rapazes, pois ao a<strong>na</strong>lisarmos com<br />

mais atenção o perfil <strong>do</strong>s mesmos percebemos que <strong>na</strong> sua maioria são pessoas tão discrimi<strong>na</strong><strong>da</strong>s<br />

como os homossexuais. São <strong>na</strong> sua maioria de origem muito humilde, com subemprego,<br />

baixa escolari<strong>da</strong>de, nordestinos e afrodescendentes. É o refi<strong>na</strong>mento <strong>do</strong> fascismo social.<br />

Quan<strong>do</strong> excluí<strong>do</strong>s matam excluí<strong>do</strong>s.<br />

Com a prisão <strong>do</strong>s mesmos, os grupos de militância homossexual iniciaram uma saga para que<br />

esse caso emblemático fosse referencial e exemplar em sua punição, agin<strong>do</strong> de forma pe<strong>da</strong>gógica<br />

para que outros não aconteçam. Iniciamos um trabalho muito intenso junto à mídia em<br />

geral, fornecen<strong>do</strong> informações para jor<strong>na</strong>is, revistas, televisões, rádios e internet. Construímos<br />

um site para divulgar as informações sobre o caso, bem como manter a memória de crime<br />

bárbaro como si<strong>na</strong>l de um marco contra a homofobia e a intolerância.<br />

Estabelecemos uma relação bem próxima à família <strong>do</strong> Edson, pois além <strong>da</strong> <strong>do</strong>r <strong>da</strong> per<strong>da</strong>, a<br />

orientação sexual dele foi desnu<strong>da</strong><strong>da</strong> e foi preciso um trabalho intenso para que sua família<br />

tivesse o entendimento de que ele tinha o direito à livre orientação <strong>do</strong> seu desejo. Muitas situações<br />

novas ficaram aflora<strong>da</strong>s e novamente percebemos o quanto é difícil ain<strong>da</strong>, apesar <strong>do</strong><br />

drama <strong>da</strong> per<strong>da</strong>, a família assimilar a homossexuali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> filho, como se isso fosse algo que<br />

o desmerecesse ou que o tor<strong>na</strong>sse inferior a um heterossexual.<br />

Essa conclusão reforçou em nós a te<strong>na</strong>ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de interferência nos processos<br />

educativos nos mais varia<strong>do</strong>s âmbitos (escolas, igrejas, locais de trabalho, famílias etc.) para<br />

que nós, homossexuais, não passássemos de vítimas <strong>da</strong> violência para causa<strong>do</strong>res <strong>da</strong> mesma,<br />

por assumirmos nossa orientação.<br />

No primeiro julgamento, fizemos um trabalho muito intenso de advocacy, com pressão junto<br />

à população e com apoio <strong>da</strong> imprensa, que foi exemplar nesse caso, pois divulgou sempre a<br />

situação bizarra dessa morte. Ocupamos a frente <strong>do</strong> Fórum e sabíamos que, se não nos mobilizássemos<br />

e trouxéssemos para as pautas <strong>do</strong> dia o tão espera<strong>do</strong> julgamento, correríamos o<br />

risco de ver atenua<strong>do</strong> esse crime. Foi um momento muito marcante em nossa militância, pois<br />

conseguimos uma grande mobilização e trouxemos, após mais de um ano, esse crime para as<br />

pági<strong>na</strong>s <strong>do</strong>s jor<strong>na</strong>is, editoriais, internet, TV etc.<br />

(...) é difícil<br />

ain<strong>da</strong>, apesar <strong>do</strong><br />

drama <strong>da</strong> per<strong>da</strong>, a<br />

família assimilar a<br />

homossexuali<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong> filho, como se<br />

isso fosse algo que<br />

o desmerecesse<br />

ou que o tor<strong>na</strong>sse<br />

inferior a um<br />

heterossexual.<br />

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