Gênero e Diversidade na Escola - Portal do Professor - Ministério da ...
Gênero e Diversidade na Escola - Portal do Professor - Ministério da ...
Gênero e Diversidade na Escola - Portal do Professor - Ministério da ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
constitui essa conversa familiar, para muitos e muitas, ela se restringe a ouvir conselhos, como<br />
“use a camisinha”, “cui<strong>da</strong><strong>do</strong> para não engravi<strong>da</strong>r”, “olha a barriga” etc.<br />
Para muitos a<strong>do</strong>lescentes e jovens, aquilo que aprendem <strong>na</strong> escola acaba servin<strong>do</strong> de critério<br />
ver<strong>da</strong>deiro para avaliar seus conhecimentos sobre o assunto. Em nossa socie<strong>da</strong>de, além de outros<br />
argumentos de autori<strong>da</strong>de, como a tradição, a religião, o poder físico, a lei, o que confere<br />
valor de ver<strong>da</strong>de a um determi<strong>na</strong><strong>do</strong> discurso é geralmente o seu caráter “científico”. A escola<br />
apresenta-se como um meio de fazer circular o conhecimento científico. Conforme vimos no<br />
item anterior, o saber que a escola transmite sobre sexuali<strong>da</strong>de é oriun<strong>do</strong> primordialmente <strong>da</strong>s<br />
ciências biológicas e, <strong>na</strong> medi<strong>da</strong> em que se dá a conhecer como um conhecimento científico, e<br />
se propõe ver<strong>da</strong>deiro. Deste mo<strong>do</strong>, a distinção entre o que aprendem <strong>na</strong> escola e o que aprenderam<br />
em outros locais representa, para muitas/os, a constatação de que o que foi passa<strong>do</strong> pela<br />
escola é um saber que traz um valor de ver<strong>da</strong>de, o qual a<strong>do</strong>tam como critério para sistematizar<br />
e avaliar seus conhecimentos prévios.<br />
Entretanto, é importante lembrar que não há uma ciência unifica<strong>da</strong>, mas diversos discursos<br />
em conflito pela hegemonia desse lugar <strong>do</strong> saber. A respeito <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de sexual, por exemplo,<br />
<strong>na</strong> uni<strong>da</strong>de 1 desde Módulo vimos que o discurso preconceituoso acerca <strong>da</strong> homossexuali<strong>da</strong>de<br />
– vigente desde a segun<strong>da</strong> metade <strong>do</strong> Século XIX e durante grande parte <strong>do</strong> Século<br />
XX – foi aquele que organizou as teorias médicas que serviram para propagar a idéia de uma<br />
homossexuali<strong>da</strong>de perigosa, uma “degeneração”. Foi <strong>na</strong> esfera <strong>da</strong> política <strong>da</strong>s corporações psiquiátricas<br />
que se pleiteou a desclassificação <strong>da</strong> homossexuali<strong>da</strong>de como patologia, mas ain<strong>da</strong><br />
hoje, nesse mesmo campo, existe um intenso debate acerca <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de despatologizar<br />
as experiências transexuais e transgêneros. É preciso então, problematizar a autori<strong>da</strong>de atribuí<strong>da</strong><br />
à Ciência. As “ver<strong>da</strong>des” <strong>da</strong> Ciência são também construções sociais, historicamente<br />
situa<strong>da</strong>s, fruto de interesses políticos, instrumentos de poder.<br />
Perguntas a respeito <strong>da</strong> masturbação são bastante freqüentes em aulas de educação sexual.<br />
Estu<strong>da</strong>ntes, principalmente meninos, perguntam, por exemplo: “É ver<strong>da</strong>de que masturbação<br />
dá pêlo <strong>na</strong>s mãos? Faz o peito crescer? Cria espinhas? Afi<strong>na</strong> a voz? Cria pedras no peito? Faz<br />
o pinto parar de crescer?”. <strong>Professor</strong>as/es de ciências ou biologia geralmente recorrem a argumentos<br />
<strong>da</strong>s ciências biológicas para demonstrar que essas crenças populares são mitos, sem<br />
fun<strong>da</strong>mento científico. Explicam que o aparecimento de espinhas e o aumento <strong>da</strong> glândula<br />
mamária são decorrentes de alterações hormo<strong>na</strong>is e não <strong>da</strong> masturbação. Além disso, este<br />
debate suscita outras questões: como abor<strong>da</strong>r o tema masturbação relacio<strong>na</strong><strong>do</strong> à eqüi<strong>da</strong>de<br />
de gênero? Como pensar a masturbação como uma prática sexual permiti<strong>da</strong> também às mulheres?<br />
Como debater o assunto em aula olhan<strong>do</strong>-o de mo<strong>do</strong> positivo? Como uma prática de<br />
sexo seguro, por exemplo?<br />
. 185