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Gênero e Diversidade na Escola - Portal do Professor - Ministério da ...

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. 180<br />

Podemos dizer que a responsabilização <strong>da</strong> escola por estas questões é um fenômeno relativamente<br />

recente no Brasil. Pense como o assunto era trata<strong>do</strong> <strong>na</strong> sua escola quan<strong>do</strong> você era estu<strong>da</strong>nte.<br />

É necessário refletir e debater se realmente estamos forman<strong>do</strong> jovens para exercerem<br />

sua sexuali<strong>da</strong>de em liber<strong>da</strong>de. Quais princípios atualmente orientam a inserção <strong>da</strong> educação<br />

sexual <strong>na</strong>s escolas?<br />

Há relatos de algumas professoras que, por trabalharem com educação sexual, recebiam apeli<strong>do</strong>s<br />

de colegas como “professora pornô” ou “professora de saca<strong>na</strong>gem”. Para uma delas, foi<br />

somente após ter recebi<strong>do</strong> um prêmio <strong>da</strong> UNESCO e depois <strong>do</strong> aparecimento <strong>do</strong> tema nos<br />

Parâmetros Curriculares Nacio<strong>na</strong>is (PCN) que colegas passaram a reconhecer a importância<br />

de seu trabalho. Podemos dizer que até a déca<strong>da</strong> de 90 não havia um consenso em torno <strong>da</strong><br />

questão, sen<strong>do</strong> as experiências isola<strong>da</strong>s e não resultantes de diretrizes educacio<strong>na</strong>is mais amplas.<br />

Por muito tempo, um <strong>do</strong>s grandes problemas para a implementação <strong>da</strong> educação sexual<br />

<strong>na</strong>s escolas era o fato de este ser considera<strong>do</strong> um assunto priva<strong>do</strong>, de responsabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />

famílias. A ele podemos adicio<strong>na</strong>r interferências religiosas no campo educacio<strong>na</strong>l, com um<br />

discurso contrário à utilização de méto<strong>do</strong>s anticoncepcio<strong>na</strong>is. 2<br />

A publicação <strong>do</strong>s PCNs em 1996 foi um marco importante <strong>na</strong> consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> educação sexual<br />

como uma questão escolar. 3 Porém, isto não significa que alguma forma de educação sexual<br />

seja desenvolvi<strong>da</strong>, de fato, em to<strong>da</strong>s as escolas, nem que haja um consenso acerca <strong>do</strong> que quer<br />

dizer fazer educação sexual, ain<strong>da</strong> menos que esta traduza, antes de tu<strong>do</strong>, educar para a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.<br />

Os PCNs apresentam a educação sexual como um tema transversal, nomea<strong>do</strong> como<br />

“orientação sexual”, a ser trabalha<strong>do</strong> <strong>na</strong>s escolas brasileiras. De acor<strong>do</strong> com essa proposta, os<br />

temas transversais tematizam problemas que, no âmbito <strong>da</strong>s políticas públicas, são considera<strong>do</strong>s<br />

fun<strong>da</strong>mentais e urgentes para a vi<strong>da</strong> social, sen<strong>do</strong> o tema “orientação sexual” justifica<strong>do</strong><br />

pelo crescimento de casos de gravidez entre a<strong>do</strong>lescentes e em função <strong>do</strong> risco <strong>da</strong> contami<strong>na</strong>ção<br />

pelo HIV. Em sua opinião, de que mo<strong>do</strong>s a urgência por prevenir <strong>do</strong>enças e resulta<strong>do</strong>s não<br />

deseja<strong>do</strong>s de relações sexuais marca o tipo de educação sexual realiza<strong>da</strong> <strong>na</strong>s escolas?<br />

Como temos refleti<strong>do</strong> desde a abertura deste Curso, existe um “currículo sexual oculto” <strong>na</strong><br />

formação escolar que ensi<strong>na</strong> a normalização <strong>da</strong>s expressões de gênero, o modelo <strong>do</strong> casal<br />

heterossexual reprodutor, a família nuclear, a hierarquização <strong>do</strong>s gêneros, a exclusão de orientações<br />

sexuais diferentes etc. Ao oficializarmos a educação sexual, queremos continuar ensi<strong>na</strong>n<strong>do</strong><br />

as mesmas coisas?<br />

A proposta <strong>do</strong>s PCNs prevê que a educação sexual seja trabalha<strong>da</strong> por to<strong>da</strong>s as discipli<strong>na</strong>s, isto<br />

é, <strong>na</strong>s diferentes áreas <strong>do</strong> currículo. Em outras palavras, a sexuali<strong>da</strong>de deveria ser trabalha<strong>da</strong><br />

2. ROSEMBERG, Fúlvia. “A educação sexual <strong>na</strong> escola”. Cadernos de Pesquisa., n 53, p. 11-19, maio 1985.<br />

3. BRASIL. Secretaria de Educação Fun<strong>da</strong>mental. Parâmetros Curriculares Nacio<strong>na</strong>is: terceiro e quarto ciclos: apresentação <strong>do</strong>s temas transversais.<br />

Brasília: MECSEF, 1998.

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