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Gênero e Diversidade na Escola - Portal do Professor - Ministério da ...

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tuíram seus Esta<strong>do</strong>s, ou que não os instituíram evoluí<strong>do</strong>s o bastante ou no formato necessário<br />

para enfrentarem militarmente os Esta<strong>do</strong>s ocidentais, seriam absorvi<strong>do</strong>s, por sua vez, por<br />

estes, fosse por meio <strong>do</strong> comércio, fosse pela colonização. Com isso, seriam progressivamente<br />

anexa<strong>do</strong>s à civilização, numa espécie de atalho que, no entanto, os deixava em uma posição<br />

subordi<strong>na</strong><strong>da</strong>. É importante notar aqui que civilização é praticamente sinônimo de Europa, e<br />

o discurso evolucionista centra<strong>do</strong> <strong>na</strong> valorização tecnológica é, antes de tu<strong>do</strong>, um discurso<br />

eurocêntrico. Mas se <strong>na</strong> Antigüi<strong>da</strong>de, nos processos de formação desses Esta<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Europa,<br />

permitiu-se que eles fossem pensa<strong>do</strong>s como uma evolução quase <strong>na</strong>tural – ain<strong>da</strong> que de fato<br />

fossem frutos de violentas lutas de unificação – isto não podia ser visto <strong>da</strong> mesma forma <strong>na</strong>s<br />

Américas.<br />

A grande diversi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s grupos sociais internos aos Esta<strong>do</strong>s modernos americanos, a exteriori<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong> modelo, implanta<strong>do</strong> por uma colonização mol<strong>da</strong><strong>da</strong> à força <strong>da</strong> cruz e <strong>da</strong> espa<strong>da</strong>,<br />

fizeram a <strong>na</strong>ção não ser pensa<strong>da</strong> como ponto alto de uma evolução <strong>na</strong>tural, mas como um<br />

projeto – projeto este <strong>da</strong>s elites européias ou eurocentristas, volta<strong>do</strong> para suas populações inter<strong>na</strong>s,<br />

as populações <strong>na</strong>tivas ou transplanta<strong>da</strong>s.<br />

Assim, os diferentes Esta<strong>do</strong>s americanos criaram as suas próprias<br />

tecnologias de superação <strong>da</strong>s formas econômicas, sociais<br />

e culturais indíge<strong>na</strong>s. As diversas maneiras de composição <strong>da</strong>s<br />

(e entre as) estratégias de extermínio, cristianização, mistura<br />

racial e integração ao merca<strong>do</strong> como trabalha<strong>do</strong>res <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is<br />

definiram os varia<strong>do</strong>s processos de construção <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>na</strong><br />

América. O fato de essas elites viverem conflitos ideológicos<br />

internos no que se refere à composição de tais estratégias mu<strong>da</strong><br />

pouco o resulta<strong>do</strong> geral. Isto porque, mesmo quan<strong>do</strong> parte dessa elite insistiu em imagi<strong>na</strong>r-se<br />

não como descendente direta de uma matriz cultural européia, mas como filha <strong>da</strong>s culturas<br />

<strong>na</strong>tivas, origi<strong>na</strong>ram-se indianismos literários e artísticos que tinham mais a ver – novamen-<br />

te – com uma visão européia <strong>do</strong> indíge<strong>na</strong> <strong>do</strong> que com uma<br />

relação concreta com as populações <strong>na</strong>tivas. Para além <strong>da</strong>s<br />

divergências ideológicas intra-elites, a meta de homogeneização<br />

continuava intoca<strong>da</strong>: mesmo o indianismo romântico era<br />

incapaz de li<strong>da</strong>r com a diversi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s índios, imagi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> a<br />

<strong>na</strong>ção como filha de uma única etnia (tor<strong>na</strong><strong>da</strong> etnia <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l,<br />

no nosso caso, os Tupi, a cuja imagem estiliza<strong>da</strong> to<strong>da</strong>s as outras<br />

eram reduzi<strong>da</strong>s.<br />

Na visão européia <strong>do</strong> indíge<strong>na</strong>,<br />

pre<strong>do</strong>minou durante muito tempo<br />

a idéia <strong>do</strong> bom selvagem. Desde<br />

um texto de Cristóvão Colombo<br />

em que diz haver chega<strong>do</strong> ao “paraíso<br />

terreno”, a imagi<strong>na</strong>ção tratou<br />

de atribuir to<strong>do</strong> tipo de bon<strong>da</strong>des<br />

ingênuas aos indíge<strong>na</strong>s (os “<strong>na</strong>turais”,<br />

como os chamavam os <strong>do</strong>cumentos<br />

espanhóis <strong>da</strong> época).<br />

Em etnologia, o termo tupi remete<br />

a grupos indíge<strong>na</strong>s cujas línguas<br />

pertencem ao tronco tupi. A referência<br />

clássica desig<strong>na</strong> os povos<br />

que habitavam a estreita faixa <strong>da</strong><br />

planície litorânea atlântica, desde o<br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, para<br />

o Norte, até o Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Bahia, ou<br />

segun<strong>do</strong> alguns autores, até o Esta<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Pará ou Amazo<strong>na</strong>s.<br />

No Brasil, a soma <strong>da</strong>s visões eurocêntricas e racistas resultou no dilema de constituir uma <strong>na</strong>ção<br />

por meio <strong>do</strong> projeto de homogeneização, ao mesmo tempo, pela necessi<strong>da</strong>de de reinterpretar<br />

A grande<br />

diversi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s<br />

grupos sociais<br />

internos aos<br />

Esta<strong>do</strong>s modernos<br />

americanos, a<br />

exteriori<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong> modelo,<br />

implanta<strong>do</strong> por<br />

uma colonização<br />

mol<strong>da</strong><strong>da</strong> à força<br />

<strong>da</strong> cruz e <strong>da</strong><br />

espa<strong>da</strong>, fizeram<br />

a <strong>na</strong>ção não ser<br />

pensa<strong>da</strong> como<br />

ponto alto de uma<br />

evolução <strong>na</strong>tural,<br />

mas como um<br />

projeto – projeto<br />

este <strong>da</strong>s elites<br />

européias ou<br />

eurocentristas<br />

. 199

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