Gênero e Diversidade na Escola - Portal do Professor - Ministério da ...
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(...) não ouvimos<br />
muitas pessoas<br />
afirman<strong>do</strong><br />
“eu sou<br />
heterossexual”,<br />
pois este é o<br />
grande modelo.<br />
. 130<br />
No entanto, há também homens que fazem sexo com outros homens, às vezes por dinheiro ou<br />
por alguma outra forma de recompensa e que, independente <strong>do</strong> papel sexual que desempenham,<br />
se consideram simplesmente “homens”. Em certos ambientes <strong>da</strong> ce<strong>na</strong> juvenil metropolita<strong>na</strong><br />
contemporânea, <strong>na</strong>morar pessoas <strong>do</strong> mesmo sexo é uma possibili<strong>da</strong>de que não precisa<br />
implicar o compromisso com uma identi<strong>da</strong>de sexual fixa (de “gay”, “lésbica” ou “bissexual”).<br />
Mesmo entre homens e mulheres que vivem a homossexuali<strong>da</strong>de como um aspecto crucial e<br />
distintivo de suas vi<strong>da</strong>s, podemos encontrar grande diversi<strong>da</strong>de de nomeações, representações<br />
e identi<strong>da</strong>des que dizem respeito a estilos de vi<strong>da</strong>, preferências estéticas, imagem corporal,<br />
i<strong>da</strong>de e geração, classe, religião, etnia/raça, gênero. Por exemplo, os termos “entendi<strong>do</strong>” e “entendi<strong>da</strong>”,<br />
que até a déca<strong>da</strong> de 1980 identificavam homens e mulheres como homo e bissexuais,<br />
porém de uso relativamente restrito, foram rapi<strong>da</strong>mente substituí<strong>do</strong>s, entre as novas gerações,<br />
por gay e lésbica, cujo senti<strong>do</strong> está hoje absolutamente generaliza<strong>do</strong> e foi significativamente<br />
incorpora<strong>do</strong> pela grande imprensa.<br />
É importante distinguir os desejos e os comportamentos sexuais <strong>da</strong>s identi<strong>da</strong>des sexuais.<br />
Quan<strong>do</strong> falamos em “identi<strong>da</strong>de sexual”, nós nos referimos a duas coisas diferentes: 1. ao<br />
mo<strong>do</strong> como a pessoa se percebe em termos de orientação sexual; e 2. ao mo<strong>do</strong> como ela tor<strong>na</strong><br />
pública (ou não) essa percepção de si em determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s ambientes ou situações. Especificamente<br />
neste segun<strong>do</strong> senti<strong>do</strong>, as identi<strong>da</strong>des podem ser escolhi<strong>da</strong>s, e isso é possível que seja<br />
um ato político, pois homossexuais e bissexuais são considera<strong>do</strong>s “desviantes” em relação à<br />
norma heterossexual, ou seja, não ouvimos muitas pessoas afirman<strong>do</strong> “eu sou heterossexual”,<br />
pois este é o grande modelo. Como vimos acima, a orientação sexual (homo, hetero ou<br />
bissexual) não é uma escolha livre e voluntária; porém, “assumir-se” como gay, lésbica ou<br />
bissexual, seja perante amigos e familiares, seja em contextos mais públicos, representa, em<br />
contraparti<strong>da</strong>, uma afirmação de pertencimento e uma toma<strong>da</strong> de posição crítica diante <strong>da</strong>s<br />
normas sociais.<br />
Certamente você já ouviu, em algum cantinho <strong>da</strong> sua escola, uma “fofoquinha” <strong>do</strong> tipo: “Você<br />
sabia que tal professor/a é gay ou lésbica? Sabia que a funcionária Fula<strong>na</strong> de Tal deixou o<br />
mari<strong>do</strong> e foi morar com outra mulher?”. Quan<strong>do</strong> acontecem situações como estas, não raras<br />
vezes as pessoas – antes queri<strong>da</strong>s e admira<strong>da</strong>s – passam a ser isola<strong>da</strong>s pelos colegas que buscam<br />
se afastar <strong>da</strong> “anormal” homossexuali<strong>da</strong>de. Gera-se, com isso, um clima de desconfiança e<br />
receios. Para alguns, pensar que muitas pessoas com as quais cruzam to<strong>do</strong>s os dias podem ser<br />
homossexuais, e que algumas delas são seus amigos e amigas, colegas ou familiares, é a principal<br />
causa de desconforto e insegurança. É como se a sua própria orientação sexual estivesse<br />
sen<strong>do</strong> questio<strong>na</strong><strong>da</strong>.<br />
2. Para saber mais sobre classificação e a hierarquia no imaginário gay brasileiro, veja a entrevista <strong>do</strong> antropólogo Peter Fry no site <strong>do</strong> Centro Latino-<br />
Americano em Sexuali<strong>da</strong>de e Direitos Humanos, disponível em http://www.clam.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from%5Finfo%5Findex=<br />
11&infoid=464&sid=43