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A economia dos ecossistemas e da biodiversidade - TEEB

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Sumário Executivo<br />

A Natureza nos fornece uma grande varie<strong>da</strong>de de benefícios<br />

tais como alimento, fibras naturais, água potável, solo<br />

fértil, sequestro de carbono e muitos outros. Apesar de<br />

o nosso bem-estar estar diretamente vinculado ao fluxo<br />

contínuo destes “serviços ecossistêmicos”, eles são, de<br />

forma geral, bens públicos não-negocia<strong>dos</strong> e, portanto,<br />

não são registra<strong>dos</strong> pela nossa bússola econômica atual.<br />

Como resultado, a biodiversi<strong>da</strong>de está se reduzindo, nossos<br />

<strong>ecossistemas</strong> estão sendo continuamente degra<strong>da</strong><strong>dos</strong><br />

e nós, consequentemente, estamos sofrendo.<br />

Inspira<strong>dos</strong> nas ideias desenvolvi<strong>da</strong>s pela Avaliação Ecossistêmica<br />

do Milênio, nossa iniciativa, a Economia Ecossistêmica<br />

e <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de (<strong>TEEB</strong>), visa promover uma<br />

melhor compreensão do real valor econômico fornecido<br />

pelos serviços ecossistêmicos e disponibilizar ferramentas<br />

econômicas que levem tais valores em consideração.<br />

Estamos certos de que os resulta<strong>dos</strong> do nosso trabalho<br />

terão um impacto positivo na elaboração de políticas<br />

mais eficazes para a proteção <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e para<br />

o alcance <strong>dos</strong> objetivos descritos na Convenção sobre a<br />

Diversi<strong>da</strong>de Biológica.<br />

O <strong>TEEB</strong> será desenvolvido em duas fases, sendo que o<br />

presente relatório apresenta um resumo <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong><br />

obti<strong>dos</strong> na Fase I. Ele descreve o grande significado <strong>dos</strong><br />

<strong>ecossistemas</strong> e <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e discorre acerca <strong>da</strong>s<br />

ameaças ao bem-estar <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de se nenhuma<br />

ação for toma<strong>da</strong> para reverter os <strong>da</strong>nos e per<strong>da</strong>s atuais.<br />

A Fase II irá além para demonstrar como utilizar tal conhecimento<br />

para desenvolver ferramentas e políticas ideais.<br />

Fase I<br />

Grande parte <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de do mundo já desapareceu.<br />

A recente alta <strong>dos</strong> preços <strong>da</strong>s commodities e <strong>dos</strong><br />

alimentos demonstra as consequências desta per<strong>da</strong> para<br />

a humani<strong>da</strong>de. Medi<strong>da</strong>s corretivas devem ser adota<strong>da</strong>s<br />

com urgência, pois a per<strong>da</strong> de espécies e a degra<strong>da</strong>ção<br />

<strong>dos</strong> <strong>ecossistemas</strong> têm efeitos sobre o bem-estar humano.<br />

É claro que o crescimento econômico e a conversão<br />

de <strong>ecossistemas</strong> naturais em áreas de produção agrícola<br />

continuarão a acontecer. Não podemos – e não devemos<br />

– coibir as iniciativas legítimas <strong>dos</strong> países e <strong>dos</strong> indivíduos<br />

de alcançarem níveis mais altos de desenvolvimento<br />

econômico. No entanto, devemos assegurar que este<br />

desenvolvimento ocorra levando em consideração o valor<br />

real <strong>dos</strong> <strong>ecossistemas</strong> naturais. Essa é uma questão im-<br />

portante tanto para o gerenciamento econômico quanto<br />

ambiental.<br />

Os Capítulos 1 e 2 deste relatório descrevem como a per<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e a consequente per<strong>da</strong> de serviços<br />

ecossistêmicos continuarão a ocorrer no ritmo atual ou<br />

até em ritmo mais acelerado caso políticas adequa<strong>da</strong>s<br />

não sejam efetiva<strong>da</strong>s. Na falta de tais políticas, alguns<br />

<strong>ecossistemas</strong> poderão ser degra<strong>da</strong><strong>dos</strong> a tal ponto que<br />

não será possível recuperá-los. Pesquisas acerca do custo<br />

<strong>da</strong> inação sugerem que, se nos mantivermos no caminho<br />

atual, em um cenário de business-as-usual, teremos<br />

que enfrentar sérias consequências até o ano 2050:<br />

• 11% <strong>da</strong>s áreas naturais que existiam no ano 2000 seriam<br />

perdi<strong>da</strong>s, principalmente por causa <strong>da</strong> conversão<br />

para a agricultura, <strong>da</strong> expansão <strong>da</strong> infraestrutura<br />

e <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças climáticas;<br />

• quase 40% <strong>da</strong>s terras atualmente cultiva<strong>da</strong>s com<br />

agricultura de baixo impacto poderiam ser converti<strong>da</strong>s<br />

para uso intensivo, acarretando per<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong><br />

maiores de biodiversi<strong>da</strong>de;<br />

• 60% <strong>dos</strong> recifes de coral seriam perdi<strong>dos</strong>, possivelmente<br />

já em 2030, por causa <strong>da</strong> pesca, poluição, doenças,<br />

espécies invasoras exóticas e pelo branqueamento<br />

do coral resultante <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças climáticas.<br />

As tendências atuais verifica<strong>da</strong>s na terra e no mar demonstram<br />

que a per<strong>da</strong> de biodiversi<strong>da</strong>de gera graves<br />

problemas para a saúde e o bem-estar <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de.<br />

As mu<strong>da</strong>nças climáticas estão agravando este quadro.<br />

Assim como com a mu<strong>da</strong>nça do clima, os mais pobres<br />

representam o segmento mais afetado pela per<strong>da</strong> contínua<br />

<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de. São eles os que dependem de<br />

modo mais direto <strong>dos</strong> serviços ecossistêmicos que estão<br />

sendo comprometi<strong>dos</strong> por uma análise econômica deficiente<br />

e desacertos na política.<br />

O objetivo maior do nosso trabalho é fornecer as ferramentas<br />

necessárias aos formuladores de política para<br />

que possam incorporar o valor real <strong>dos</strong> serviços ecossistêmicos<br />

em suas análises. Assim, por ser a <strong>economia</strong><br />

<strong>dos</strong> <strong>ecossistemas</strong> uma disciplina ain<strong>da</strong> em construção, o<br />

Capítulo 3 descreve as principais dificul<strong>da</strong>des em desenvolver<br />

e aplicar metodologias apropria<strong>da</strong>s. Em particular,<br />

há escolhas éticas que devem ser toma<strong>da</strong>s entre as gerações<br />

atuais e futuras e entre as populações de diferentes<br />

partes do mundo e em níveis distintos de desenvolvimen-<br />

Sumário executivo 9

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