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A economia dos ecossistemas e da biodiversidade - TEEB

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MARCO DE VALORAÇão Proposto<br />

As considerações feitas neste capítulo levaram a um marco<br />

de valoração (veja Figura 3.4) que pretendemos usar<br />

na Fase II, em conjunto com nossa meta-análise de estu<strong>dos</strong><br />

de valoração, para que se possa preparar um marco<br />

que seja globalmente abrangente e geograficamente específico<br />

e uma estrutura estimativa para a valoração econômica<br />

<strong>dos</strong> <strong>ecossistemas</strong> e <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de. O marco<br />

é baseado em estu<strong>dos</strong> científicos (Balmford et al. 2008)<br />

e em questões relaciona<strong>da</strong>s com a ética, equi<strong>da</strong>de e na<br />

taxa de desconto discuti<strong>da</strong>s anteriormente.<br />

Abaixo seguem os elementos chaves para o nosso marco<br />

proposto:<br />

• ‌Examinar as causas <strong>da</strong> per<strong>da</strong> <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de:<br />

planejar cenários apropria<strong>dos</strong> para avaliar as consequências<br />

<strong>da</strong> per<strong>da</strong> <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de, o que significa<br />

incluir informações sobre o que causa essa per<strong>da</strong>.<br />

Por exemplo, a per<strong>da</strong> de peixes marinhos ocorre<br />

pelo excesso de pesca, então seria adequado comparar<br />

um cenário de business-as-usual (excesso de<br />

pesca contínuo) com um cenário em que a pesca<br />

seja maneja<strong>da</strong>. A evidência sugere que se perde biodiversi<strong>da</strong>de<br />

justamente onde seria socialmente mais<br />

vantajoso preservá-la. A identificação <strong>da</strong>s falhas de<br />

mercado, de informação e de política pode aju<strong>da</strong>r a<br />

identificar soluções políticas.<br />

• ‌Avaliar políticas alternativas e estratégias confronta<strong>da</strong>s<br />

pelos tomadores de decisão: a análise precisa<br />

contrastar dois ou mais “esta<strong>dos</strong>” ou cenários<br />

que correspon<strong>da</strong>m à ação alternativa (ou inação) para<br />

reduzir a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e <strong>dos</strong> ecosssitemas<br />

(Mundo A e Mundo B). Esta abor<strong>da</strong>gem também é<br />

usa<strong>da</strong> para a avaliação de impacto e análise custobenefício<br />

para assegurar que os tomadores de decisão<br />

tomem decisões informa<strong>da</strong>s basea<strong>da</strong>s em uma<br />

análise sistemática de to<strong>da</strong>s as implicações <strong>da</strong>s várias<br />

escolhas políticas.<br />

• ‌Avaliar os custos e benefícios <strong>da</strong>s ações para conservar<br />

a biodiversi<strong>da</strong>de: a análise precisará abor<strong>da</strong>r<br />

diferenças em benefícios obti<strong>dos</strong> pela conservação<br />

<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de (por exemplo, purificação <strong>da</strong> água<br />

obti<strong>da</strong> pela proteção de florestas) e o custo incorrido<br />

(por exemplo, benefícios perdi<strong>dos</strong> pela conversão <strong>da</strong>s<br />

florestas para cultivo agrícola).<br />

• ‌Identificar riscos e incertezas: há muitas coisas que<br />

não sabemos sobre como a biodiversi<strong>da</strong>de é valiosa<br />

para nós, mas isto não significa que aquilo que não<br />

se sabe não tenha valor – corremos o risco de perder<br />

serviços ecossistêmicos muito importantes, mas<br />

ain<strong>da</strong> não reconheci<strong>dos</strong>. A análise precisa identificar<br />

estas incertezas e avaliar estes riscos.<br />

• ‌Ser geograficamente explícito: a valoração econômica<br />

precisa ser espacialmente explícita porque a produtivi<strong>da</strong>de<br />

natural do ecossistema e o valor de seus<br />

serviços variam conforme sua localização. Além disso,<br />

os benefícios podem ser usufruí<strong>dos</strong> em locais diferentes<br />

<strong>da</strong>queles onde são produzi<strong>dos</strong>. Por exemplo, as<br />

florestas de Ma<strong>da</strong>gascar têm produzido medicamentos<br />

para o tratamento do câncer que salvam vi<strong>da</strong>s em<br />

todo o mundo. Ademais, a escassez relativa de um<br />

serviço, assim como fatores socioeconômicos locais,<br />

podem afetar os valores de forma substancial. Considerar<br />

as dimensões geográficas também permite um<br />

melhor entendimento <strong>dos</strong> impactos <strong>da</strong> conservação<br />

em objetivos de desenvolvimento e para a compreensão<br />

<strong>dos</strong> trade-offs entre benefícios e custos de várias<br />

opções, e, assim, apontar regiões que podem oferecer<br />

melhor custo-benefício para a conservação.<br />

• ‌Considerar a distribuição <strong>dos</strong> impactos <strong>da</strong> per<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e conservação: os beneficiários<br />

de serviços ecossistêmicos, com frequência não são<br />

os mesmos <strong>da</strong>queles a quem incorrem os custos <strong>da</strong><br />

conservação. Incompatibili<strong>da</strong>des podem levar a decisões<br />

corretas no âmbito local, mas inadequa<strong>da</strong>s<br />

para a socie<strong>da</strong>de como um todo. Políticas efetivas e<br />

equitativas reconhecerão estas dimensões geográficas<br />

e as corrigirão com as ferramentas apropria<strong>da</strong>s, assim<br />

como pagamentos para os serviços ecossistêmicos.<br />

As figuras 3.5 e 3.6 ilustram a dimensão <strong>dos</strong> serviços<br />

ecossistêmicos e, portanto, a necessi<strong>da</strong>de de considerar<br />

o padrão geográfico na produção e no uso desses<br />

serviços. Até mesmo grandes ci<strong>da</strong>des como Londres dependem<br />

de uma diversi<strong>da</strong>de de benefícios produzi<strong>da</strong> por<br />

<strong>ecossistemas</strong> e biodiversi<strong>da</strong>de, com frequência em uma<br />

distância considerável.<br />

Este marco será usado durante a Fase II, mas não será<br />

possível coletar informação para elaborar mapas detalha<strong>dos</strong><br />

para to<strong>dos</strong> os tipos de serviços ecossistêmicos<br />

e biomas. Além disso, a avaliação dependerá em grande<br />

parte <strong>da</strong> “transferência de benefícios”, tornando claras as<br />

premissas e definindo as condições em que será possível<br />

extrapolar as informações limita<strong>da</strong>s, considerando escala<br />

e dependência espacial <strong>dos</strong> vários serviços. As bases de<br />

<strong>da</strong><strong>dos</strong> geográficas serão utiliza<strong>da</strong>s, destacando-se onde<br />

será necessário preencher as lacunas de informação<br />

existentes.<br />

REUNINDO OS ASPECTOS ECONÔMICOS E<br />

ECOLÓGICOS NO MARCO DE VALORAÇÃO<br />

A valoração <strong>dos</strong> <strong>ecossistemas</strong> requer a integração de ecologia<br />

e <strong>economia</strong> em um marco interdisciplinar. A ecologia<br />

deve fornecer a informação necessária na geração de serviços<br />

ecossistêmicos, enquanto a <strong>economia</strong> contribuiria com<br />

as ferramentas para a estimativa de seus valores (veja 3.4).<br />

A caminho de um marco de valoração 43

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