A economia dos ecossistemas e da biodiversidade - TEEB
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4DA ECONOMIA À POLÍTICA<br />
A<br />
imperfeição <strong>da</strong> bússola econômica <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />
pode ser repara<strong>da</strong> com uma abor<strong>da</strong>gem<br />
econômica apropria<strong>da</strong> aplica<strong>da</strong> à informação<br />
certa. Isso permitirá o aprimoramento <strong>da</strong>s políticas<br />
em vigor, a formulação de novas políticas e a criação<br />
de novos merca<strong>dos</strong>: to<strong>dos</strong> são fatores necessários<br />
para a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s pessoas e<br />
o restabelecimento <strong>da</strong> saúde do planeta.<br />
No último capítulo descrevemos como a biodiversi<strong>da</strong>de<br />
é seriamente afeta<strong>da</strong> pelas políticas – ou ausência delas.<br />
Uma vez que não existem merca<strong>dos</strong> para a maioria <strong>dos</strong><br />
“bens e serviços públicos” <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e <strong>dos</strong> <strong>ecossistemas</strong>,<br />
seus custos e benefícios muitas vezes são distribuí<strong>dos</strong><br />
entre diferentes atores ou em diferentes níveis, assim<br />
como qualquer “externali<strong>da</strong>de”. Há pouco ou nenhum<br />
reinvestimento privado na manutenção e conservação<br />
desses recursos. Frequentemente, o poluidor não paga<br />
por causar prejuízos a terceiros. A pesca subsidia<strong>da</strong> esgota<br />
os estoques de peixes em níveis muito acima <strong>dos</strong> que<br />
ocorreriam na ausência de tais subsídios. Serviços florestais<br />
vitais – como regulação e abastecimento de água, retenção<br />
do solo, fluxo de nutrientes, melhoria de paisagens<br />
– não recompensam os beneficiários e são forneci<strong>dos</strong> em<br />
níveis muito inferiores aos desejáveis. O benefício <strong>da</strong> conservação<br />
de uma espécie para gerações futuras é global,<br />
ao passo que os custos para a sua conservação são locais<br />
e não compensa<strong>dos</strong>, e por isso ocorre a extinção.<br />
Apesar de to<strong>dos</strong> esses “desencontros”, há espaço para<br />
otimismo. Em nossos estu<strong>dos</strong> de Fase I, observamos<br />
várias boas políticas já em vigor em muitos países que<br />
abor<strong>da</strong>m essas questões. No entanto, é necessário que<br />
se faça uma análise mais profun<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>economia</strong> <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de<br />
e serviços ecossistêmicos para tornar essas<br />
soluções reproduzíveis em diferentes escalas e para que<br />
sejam funcionais após seus estágios iniciais, fases “piloto”<br />
e em outros locais que não os atuais.<br />
O relatório final sobre A Economia <strong>dos</strong> Ecossistemas e<br />
<strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de (<strong>TEEB</strong>) abor<strong>da</strong>rá sistematicamente<br />
uma vasta gama de opções de políticas para melhorar a<br />
conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e <strong>dos</strong> serviços ecossistêmicos,<br />
e irá demonstrar como são gera<strong>da</strong>s melhorias<br />
nas políticas a partir <strong>da</strong> aplicação e integração <strong>da</strong> nova<br />
<strong>economia</strong> <strong>dos</strong> <strong>ecossistemas</strong> e <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de. A seguir,<br />
vamos <strong>da</strong>r alguns exemplos para ilustrar como os<br />
valores econômicos <strong>dos</strong> benefícios e custos <strong>dos</strong> <strong>ecossistemas</strong><br />
podem ser internaliza<strong>dos</strong> e utiliza<strong>dos</strong> para aju<strong>da</strong>r a<br />
melhorar as políticas vigentes ou oferecer novas opções.<br />
Os exemplos vêm de diferentes áreas de políticas, mas<br />
transmitem quatro mensagens principais, detalha<strong>da</strong>s nas<br />
seções seguintes:<br />
• repensar os subsídios de hoje para refletir as priori<strong>da</strong>des<br />
de amanhã;<br />
• recompensar benefícios não reconheci<strong>dos</strong>, penalizar<br />
os custos não computa<strong>dos</strong>;<br />
• compartilhar os benefícios <strong>da</strong> conservação;<br />
• mensurar o que gerimos.<br />
REPENSAR OS SUBSÍDIOS DE HOJE PARA REFLE<br />
TIR AS PRIORIDADES DE AMANHÃ<br />
Subsídios existem em todo o mundo e nos diversos<br />
setores <strong>da</strong> <strong>economia</strong>. Eles afetam a to<strong>dos</strong> nós e muitos<br />
deles afetam a saúde <strong>dos</strong> <strong>ecossistemas</strong> do planeta.<br />
Os subsídios prejudiciais devem ser modifica<strong>dos</strong><br />
de modo a frear a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e para possibilitar<br />
o manejo adequado <strong>dos</strong> recursos do planeta.<br />
Os subsídios podem apoiar a inovação social e ambiental,<br />
bem como o desenvolvimento tecnológico e econômico.<br />
Quadro 4.1: Subsídios prejudiciais<br />
ao meio ambiente<br />
A OECD define como subsídio “o resultado de uma<br />
ação governamental que confere uma vantagem<br />
aos consumidores ou produtores, a fim de complementar<br />
sua ren<strong>da</strong> ou reduzir os seus custos”.<br />
No entanto, esta definição ignora as consequências<br />
para os recursos naturais e não abrange o<br />
subsídio como resultado <strong>da</strong> inação. Subsídios<br />
ambientalmente prejudiciais são o resultado de<br />
uma ação ou omissão do governo que “confere<br />
uma vantagem aos consumidores ou produtores,<br />
a fim de complementar seus rendimentos ou<br />
reduzir seus custos, mas que vai contra as boas<br />
práticas ambientais”.<br />
Da <strong>economia</strong> à política 51