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A economia dos ecossistemas e da biodiversidade - TEEB

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to de duas maneiras: instituindo-se políticas adequa<strong>da</strong>s<br />

(que recompensem a preservação do fluxo desses bens<br />

públicos e penalizem sua destruição), e incentivando-se<br />

merca<strong>dos</strong> adequa<strong>dos</strong> (principalmente os “merca<strong>dos</strong> de<br />

conformi<strong>da</strong>de” que atribuem valores comerciais priva<strong>dos</strong><br />

ao fornecimento ou utilização desses bens e criam estruturas<br />

de incentivos para pagar por eles). Destaca-se o<br />

exemplo de pagamentos por serviços ecossistêmicos, e<br />

alguns merca<strong>dos</strong> emergentes, que poderiam aproveitar<br />

o poder <strong>da</strong> oferta e <strong>da</strong> procura se houver infraestrutura,<br />

incentivos, governança e financiamento adequa<strong>dos</strong>.<br />

Pagamentos por serviços<br />

ecossistÊMICOS<br />

Klaus Henle, UFZ<br />

Os pagamentos por serviços ecossistêmicos (PSE)<br />

podem criar deman<strong>da</strong>, uma força de mercado necessária<br />

para corrigir o desequilíbrio que prejudica<br />

a biodiversi<strong>da</strong>de e dificulta o desenvolvimento sustentável.<br />

Os PSE são pagamentos por um serviço ou pelo uso<br />

<strong>da</strong> terra que viabilizam garantir tal serviço (UNEP/IUCN<br />

2007). Os governos estão criando ca<strong>da</strong> vez mais programas<br />

de incentivos que apoiam os proprietários que<br />

protegem os serviços ecossistêmicos por meio <strong>da</strong> compensação<br />

por receitas perdi<strong>da</strong>s (Millennium Ecosystem<br />

Assessment 2005). Os pagamentos são particularmente<br />

importantes quando não é possível comprar e reservar<br />

terra para conservação, ou onde não é possível estabelecer<br />

áreas protegi<strong>da</strong>s.<br />

Os pagamentos podem ser internacionais (PSEI). Um<br />

exemplo importante é o Mecanismo de Desenvolvimento<br />

Limpo (MDL), que opera no âmbito do Protocolo de<br />

Quioto. A Conferência <strong>da</strong>s Partes realiza<strong>da</strong> em Bali concordou<br />

em considerar projetos REDD (Redução de Emissões<br />

por Desmatamento e Degra<strong>da</strong>ção Florestal) como<br />

parte do regime pós-2012. Este é um marco importante,<br />

pois engloba 18-20% <strong>da</strong>s emissões globais de gases de<br />

efeito de estufa gera<strong>da</strong>s pelo desmatamento de florestas<br />

tropicais e mu<strong>da</strong>nças no uso <strong>da</strong> terra relaciona<strong>da</strong>s (Rede<br />

de Ação pelo Clima, Rede CAN 2008). Evitar o desmatamento<br />

e criar e restaurar florestas podem, simultaneamente,<br />

proteger a biodiversi<strong>da</strong>de e os serviços ecossistêmicos,<br />

bem como combater as mu<strong>da</strong>nças climáticas.<br />

Mas é preciso haver apoio financeiro significativo – possivelmente<br />

US$ 10 bilhões por ano para um impacto significativo<br />

sobre as taxas de desmatamento (Dutschke e<br />

Wolf 2007) – e ain<strong>da</strong> há incerteza sobre como implementar<br />

estratégias REDD e sobre o seu escopo (Miles 2007).<br />

É preciso elaborar mecanismos financeiros adequa<strong>dos</strong><br />

para estimular a ativi<strong>da</strong>de. Uma opção é um mecanismo<br />

baseado no mercado que permitiria o comércio de créditos<br />

por desmatamento evitado. As vantagens de começar<br />

cedo com projetos-piloto devem ser pondera<strong>da</strong>s<br />

contra o risco de se empurrar a pressão do desmatamento<br />

para florestas vizinhas.<br />

Iniciativas REDD podem reduzir significativamente as<br />

emissões de gases de efeito estufa a um custo baixo, e<br />

ao mesmo tempo, aju<strong>da</strong>r a conservar as florestas e sua<br />

biodiversi<strong>da</strong>de. No entanto, é preciso considerar os riscos<br />

potenciais de efeitos em cadeia. É improvável que<br />

estratégias REDD incluam apoio a outros serviços ecossistêmicos<br />

além de armazenamento de carbono, e outros<br />

serviços podem ser <strong>da</strong>nifica<strong>dos</strong> por pressões de desmatamento<br />

desloca<strong>da</strong>s. Por exemplo, as pressões para retira<strong>da</strong><br />

de lenha e forragem de uma floresta degra<strong>da</strong><strong>da</strong> no<br />

âmbito de um projeto REDD poderiam se deslocar para<br />

uma área de floresta vizinha com <strong>ecossistemas</strong> mais saudáveis<br />

e mais biodiversi<strong>da</strong>de, e a área vizinha seria então<br />

afeta<strong>da</strong>. Iniciativas REDD poderiam resultar em reduções<br />

de emissões, mas ao custo <strong>da</strong> per<strong>da</strong> de biodiversi<strong>da</strong>de.<br />

O PSE pode ser substancial e apoiar políticas convencionais<br />

de biodiversi<strong>da</strong>de. O governo <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong><br />

gasta mais de US$1,7 bilhão por ano em pagamentos<br />

diretos a agricultores para a proteção do meio ambiente<br />

(Kumar 2005). Os pagamentos no âmbito do Programa<br />

de Incentivo à Quali<strong>da</strong>de Ambiental do Ministério <strong>da</strong> Agricultura<br />

incentivam o uso sustentável <strong>da</strong> irrigação, nutrientes<br />

e fertilizantes, manejo integrado de pragas e proteção<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> selvagem. Da mesma forma, o mecanismo <strong>da</strong><br />

União Europeia para promover a agricultura ecológica e<br />

silvicultura é parte importante <strong>dos</strong> programas de desenvolvimento<br />

rural <strong>da</strong> UE (Comissão Europeia 2005), que<br />

totalizam cerca de 4,5 bilhões de euros por ano (Comissão<br />

Europeia 2007). Em 2005, esquemas agro-ambientais<br />

cobriam uma área de 36,5 milhões de hectares na<br />

UE-27 (excluindo a Hungria e Malta), por meio de 1,9<br />

milhão de contratos com agricultores. O PSE pode <strong>da</strong>r<br />

às comuni<strong>da</strong>des a oportuni<strong>da</strong>de de melhorar suas vi<strong>da</strong>s<br />

por meio do acesso a novos merca<strong>dos</strong>. Uma característica<br />

de sucesso é a combinação de “incentivos e punição”<br />

por meio <strong>da</strong> introdução de legislação de proteção junto<br />

Da <strong>economia</strong> à política 53

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