A economia dos ecossistemas e da biodiversidade - TEEB
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Norma Neuheiser, UFZ<br />
por meio de merca<strong>dos</strong> de conformi<strong>da</strong>de, cria<strong>dos</strong> para<br />
que as externali<strong>da</strong>des de custo possam ser computa<strong>da</strong>s,<br />
securitiza<strong>da</strong>s e nivela<strong>da</strong>s, a fim de serem negocia<strong>da</strong>s entre<br />
poluidores, que arcam com um preço determinado<br />
pelo mercado para cobrir seus custos por poluírem. Esse<br />
tema será abor<strong>da</strong>do na próxima seção.<br />
Criação de novos merca<strong>dos</strong><br />
Já estão se formando novos merca<strong>dos</strong> que promovem<br />
e recompensam a biodiversi<strong>da</strong>de e os serviços<br />
ecossistêmicos. Alguns deles têm o potencial de<br />
crescer. Mas, para serem bem-sucedi<strong>dos</strong>, merca<strong>dos</strong><br />
precisam de infraestrutura institucional, incentivos,<br />
governança e financiamento adequa<strong>dos</strong> – em suma,<br />
investimento.<br />
Tradicionalmente, o estado tem sido considerado o único<br />
responsável pela gestão <strong>dos</strong> serviços públicos <strong>dos</strong><br />
<strong>ecossistemas</strong>, mas agora está claro que os merca<strong>dos</strong><br />
também podem contribuir para essa tarefa, muitas vezes<br />
sem gasto de dinheiro público. Abor<strong>da</strong>gens basea<strong>da</strong>s no<br />
mercado podem ser flexíveis e custo-efetivas – uma característica<br />
geralmente ausente <strong>da</strong>s políticas tradicionais<br />
com incentivos para a conservação. Isto pode ser particularmente<br />
importante para as populações de países em<br />
desenvolvimento (ver Quadro 4.3).<br />
Estendendo o princípio<br />
do “poluidor pagador”<br />
Há uma crescente tendência ao uso de avaliações de<br />
<strong>da</strong>nos para enfrentar a degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e<br />
<strong>dos</strong> serviços ecossistêmicos. Muitas vezes, o poluidor é<br />
obrigado a pagar pelos <strong>da</strong>nos causa<strong>dos</strong>, seja por meio<br />
do pagamento pelos projetos de limpeza e restauração<br />
em si, ou por meio de sentenças indenizatórias punitivas<br />
emiti<strong>da</strong>s por tribunais. Alguns exemplos importantes são:<br />
• o derramamento de Exxon Valdez, – uma mancha de<br />
óleo de 7800 quilômetros quadra<strong>dos</strong> que ain<strong>da</strong> afeta<br />
a pesca no Alasca, tendo custado ao poluidor US$3,4<br />
bilhões em multas, custos de limpeza e indenização<br />
(Space Daily 2008).<br />
• Rio Guadiamar – principal fonte de água <strong>da</strong>s marismas<br />
do Parque Nacional de Doñana na Espanha, foi<br />
afetado pelo devastador rompimento de uma barragem<br />
na mina de Aznalcóllar, que liberou lamas tóxicas<br />
cuja limpeza e recuperação geraram para as autori<strong>da</strong>des<br />
espanholas custos de mais de 150 milhões de<br />
euros (Nuland e Cals, 2000).<br />
Estes incidentes estabeleceram grandes precedentes<br />
para a recuperação de custos basea<strong>da</strong> em eventos. O<br />
princípio do “poluidor-pagador” pode ain<strong>da</strong> ser ampliado<br />
Quadro 4.3: Pagamentos por serviços<br />
ambientais na Costa Rica<br />
De 1997 a 2004, a Costa Rica investiu cerca de<br />
US$ 200 milhões em seu programa de PSE, protegendo<br />
mais de 460 mil hectares de florestas e<br />
plantações florestais, e indiretamente contribuindo<br />
para o bem-estar de mais de 8.000 pessoas.<br />
Diversas associações e parcerias nos níveis nacional<br />
e internacional foram construí<strong>da</strong>s em torno<br />
do programa, contribuindo para sua sustentabili<strong>da</strong>de<br />
financeira de longo prazo.<br />
O programa de PSE na Costa Rica é praticamente<br />
uma estratégia nacional para a conservação florestal<br />
e <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e o desenvolvimento<br />
sustentável. Tem sido uma poderosa ferramenta<br />
para demonstrar os valores adicionais <strong>dos</strong><br />
<strong>ecossistemas</strong> florestais além <strong>da</strong> madeira, e, assim,<br />
oferece incentivos aos produtores para que<br />
forneçam estes valores. A legislação garante<br />
compensação por quatro serviços ambientais:<br />
redução <strong>da</strong> emissão de gases de efeito estufa,<br />
serviços de água, valor paisagístico e biodiversi<strong>da</strong>de.<br />
O programa de PSE contribuiu para a redução do<br />
desmatamento, ao mesmo tempo em que reativou<br />
a indústria florestal.<br />
Portela e Rodriguez 2008<br />
54 A <strong>economia</strong> <strong>dos</strong> <strong>ecossistemas</strong> e <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de