Caderno 0.p65 - Ministério do Esporte
Caderno 0.p65 - Ministério do Esporte
Caderno 0.p65 - Ministério do Esporte
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Victor Andrade de Melo & Maurício Drumond<br />
FUTEBOL E GÊNERO: ALGUMAS PALAVRAS SOBRE O CASO<br />
BRASILEIRO<br />
Falar de futebol é de certa forma falar de Brasil. Se em diversas<br />
áreas <strong>do</strong> conhecimento ou entretenimento globaliza<strong>do</strong> nem sequer<br />
se escuta o nome de brasileiros, ninguém que acompanhe<br />
o “world game” consegue escapar <strong>do</strong>s símbolos de nosso país.<br />
Nossos joga<strong>do</strong>res comumente estão entre os melhores <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />
estrelan<strong>do</strong> as grandes equipes, ganhan<strong>do</strong> títulos mundiais.<br />
Estamos no centro da arena <strong>do</strong> futebol mundial.<br />
Claro que essa mundialização <strong>do</strong> futebol brasileiro reflete também<br />
um esta<strong>do</strong> interno. O futebol no Brasil é, de fato, encara<strong>do</strong><br />
como algo muito maior <strong>do</strong> que um fenômeno esportivo, como<br />
um patrimônio sociocultural; o país, de alguma forma, se enxerga,<br />
literalmente, como o “país <strong>do</strong> futebol”, a “pátria das chuteiras”.<br />
São diversos os autores, de variadas origens e matizes, que<br />
associam o futebol a uma possível raiz antropológica <strong>do</strong> Brasil,<br />
reconhecen<strong>do</strong> sua importância para a construção de uma cultura<br />
e identidade nacional. O jornalista Roberto Pompeu de Tole<strong>do</strong>,<br />
ao escrever sobre diversas metáforas futebolísticas utilizadas em<br />
pronunciamentos públicos por autoridades nacionais (<strong>do</strong> presidente<br />
Lula ao ministro das Relações Exteriores, passan<strong>do</strong> por<br />
outros políticos e celebridades), comenta que:<br />
se não fosse o futebol, como nos entenderíamos? Se não<br />
fossem os provérbios <strong>do</strong> futebol, as frases célebres, as metáforas<br />
nele inspiradas, nós nos veríamos, para nos comunicar<br />
uns com os outros, mais indefesos que goleiro na hora<br />
<strong>do</strong> pênalti, mais perdi<strong>do</strong>s que time toman<strong>do</strong> olé. (Tole<strong>do</strong>,<br />
2002, p.134)<br />
155<br />
Miolo.p65 155<br />
8/2/2009, 19:48