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Caderno 0.p65 - Ministério do Esporte

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<strong>Esporte</strong> e Cinema: Novos Olhares<br />

Sobre Garrincha, dizia Mário Filho que quan<strong>do</strong> fazia suas<br />

“peripécias”, instaurava-se um verdadeiro deleite estético em to<strong>do</strong>s<br />

os especta<strong>do</strong>res, independente <strong>do</strong> clube de preferência. Seu<br />

irmão, Nélson Rodrigues, o comparava a Charles Chaplin, por<br />

essa habilidade de congregar to<strong>do</strong>s em torno de uma alegria em<br />

comum, em torno de uma gargalhada. Aliás, uma das mais belas<br />

seqüências <strong>do</strong> cinema brasileiro onde Garrincha aparece pode<br />

ser vista no poético filme Nós que aqui estamos por vós esperamos,<br />

de Marcelo Masagão (1999). O cineasta procurou fazer uma síntese<br />

<strong>do</strong> “breve século XX”, <strong>do</strong>s principais acontecimentos, das<br />

principais mudanças, de personagens importantes. Em determina<strong>do</strong><br />

momento, monta um verdadeiro pas-de-deux entre o baila<strong>do</strong><br />

de Fred Astaire e o movimento das pernas de Garrincha ao<br />

driblar seus adversários: certamente refere-se a <strong>do</strong>is grandes “dançarinos”<br />

<strong>do</strong> século que passou.<br />

Os <strong>do</strong>is craques receberam ainda citações em várias outras<br />

manifestações artísticas. Na literatura brasileira, por exemplo,<br />

sobre Garrincha disse Carlos Drummond de Andrade: “O pior é<br />

que as tristezas voltam e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se<br />

de um novo, que nos alimente o sonho” (apud Maurício,<br />

2002, p.49) Paulo Mendes Campos, que pensou em escrever<br />

sobre o joga<strong>do</strong>r um livro, constatava: “Ele era desimportante<br />

sem saber que o era. E era também perfeitamente espontâneo – e<br />

isso é ainda mais raro de se achar – ao receber alegremente a<br />

glória e o carinho <strong>do</strong> povo” (Campos, 2000, p.32). Vinícius de<br />

Moraes a ele dedicou a poesia “O anjo de pernas tortas”. (Pedrosa,<br />

1967, p.124)<br />

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8/2/2009, 19:48

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