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pecado foi realmente perdoado; mas ainda não fomos totalmente curad<br />
os. ,,73<br />
Conclusão<br />
Confirma-se que a parábola do Bom Samaritano como usada por Lutera<br />
serve de espelho que ajuda a perceber o desenvolvimento da sua teologia.<br />
Quando as citações são lidas pela primeira vez e fora do seu contexto,<br />
tem-se a impressão de que o reformador está dizendo sempre a mesma coisa.<br />
As palavras são quase as mesmas, mas há uma profunda diferença no<br />
seu significado. Esta diferença é marcada especialmente pelo contexto em<br />
que aparecem.<br />
A tradição medieval costumava aplicar o texto da parábola a partir<br />
do versículo 35 de Lucas 10. A mensagem da mesma estava relacionada<br />
com o "tesouro de méritos" e às "obras de supererogação". Lutero mudou<br />
esta tradição. O seu ponto de partida passou a ser o versículo 23 de Lucas<br />
10, o que levaria a Ullla leitura diferente do texto. Contra as obras de justiça<br />
própria, diria que o homern é salvo apenas pela graça de Deus .<br />
Como o exanle das citações rei.relou5 Lutero apresentava um conceito<br />
de salvação que lTIudaria totaln1ente anos mais tarde. Primeiro~ salvação era<br />
um processo que durava toda a vida. Deus operava uma "justificação sanati\r'a5~<br />
que começava ül11 processo de cura. rv1ais tarde faria uma clara distinção<br />
entre justificação e santificação: Deus aceita "todo o homem", que pela<br />
justiça de Cristo, imputada a ele, já pode ter plena segurança da sua salvação~<br />
iniciando-se então o processo de cura ou santificação.<br />
No Lutero jovem, o ser humano nunca estava completamente seguro<br />
da sua salvação; no Lutero lnadufo5 tinha certeza >6de que viveria". No Lutero<br />
jovem, o Senhor expunha à morte e castigava a fim de curar (ação<br />
terapêutica), no Lutem maduro, as igrejas eram lugar de consolo (lei e e<br />
vangelho compreendidos de forma apropriada). No Lutero jovem, o ser<br />
humano era parcialmente justo e parcialmente enfermo; no Lutero maduro,<br />
era totalrnente justo e totalmente pecador ao mesmo tempo. No Lutero jovem,<br />
Cristo era um exemplo a fim de que o homem pudesse tornar-se um<br />
bom filho de Deus. No Lutero maduro, Cristo continuava sendo exemplo,<br />
,.; The Lasl 51'/7II0n in íVillenbelg (1546), Semwlls i, em Luther's Works, AE, ed. e trad.<br />
John W. Doberstein (PhiladeJphia: MuhJenberg Press, ]959), S] :373.<br />
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