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água na boca
Divulgação
A fotografia na gastronomia:
das cavernas à era digital
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Por Henrique Ferrera *
Dia desses, eu estava folheando
uma revista especializada em gastronomia
quando me deparei
com uma pintura rupestre num anúncio
de turismo. Ao observar aquela imagem,
me surpreendi pensando: caramba, minha
profissão é muito antiga! Desde a préhistória
o homem vem registrando e contando
sua história por meio das imagens.
E a primeira manifestação artística da humanidade
no campo das imagens foi a
pintura rupestre que reproduzia, entre
outras, cenas de caçadas, de animais abatidos
ou do próprio ato de se alimentar.
Ao longo da história, imagens de comida
sempre foram registradas com paixão
pela humanidade. De uma forma ou
de outra, todas as civilizações tiveram re-
gistros pictóricos que representassem
seus costumes alimentares. Em cada época
os artistas interpretaram de forma diferente
esses costumes, independentemente
da técnica utilizada. Cenas de
plantações, de arranjos com frutas ou de
reuniões familiares nos davam uma noção
de como era a relação entre o homem,
a arte e seu meio de vida na época
daquele registro.
Na era moderna não foi diferente.
Todos os grandes mestres da pintura tiveram,
entre suas obras, “fotografias” de
comida. Muitas obras com esse tema foram
criadas no período da Renascença,
movimento nascido na Itália do Século
XIV sob forte influência de mudanças
sociais, culturais e religiosas, quando foram
desenvolvidas técnicas e regras de
proporção e composição que ainda hoje
servem de referência para fotógrafos,
pintores e artistas visuais.
Mas foi o Impressionismo um dos
movimentos artísticos que mais recorreram
à alimentação como temática. Nascido
na Europa do Século XIX, o Impressionismo
representou uma importante
quebra de paradigmas no campo das artes,
batendo de frente com outro movimento
que ia em direção oposta, o Realismo,
em que os artistas buscavam a representação
fiel da realidade.
Ainda nos dias atuais há artistas que
recorrem a técnicas de pintura em que
cenas de alimentos são reproduzidas com
tamanho realismo que as obras chegam a
ser confundidas com fotografia. É o Hiperrealismo,
rico em detalhes e texturas, como
nas obras do alemão Tjalf Sparnaay ou nos
reflexos do italiano Luigi Benedicenti.