renato russo em dose dupla na telona: somos tão ... - Roteiro BrasÃlia
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Fotografia de gastronomia, desenho rupestre,<br />
Impressionismo? Você deve estar se perguntando:<br />
qual a relação entre tudo isso? Total.<br />
Um foi base para o outro, que foi a base do<br />
outro e que foi referência para outros tantos.<br />
Desde a textura, o contraste e a luz do Impressionismo,<br />
a composição meticulosa da Re<strong>na</strong>scença<br />
e o olhar apurado de seus grandes mestres,<br />
até a observação sobre como é tratado o<br />
alimento <strong>na</strong> cultura oriental, onde não somente<br />
o sabor, mas também a estética <strong>na</strong> apresentação<br />
dos alimentos é levada muito a sério.<br />
Gastronomia é mais do que comida, é cultura,<br />
e todo esse conhecimento, quando b<strong>em</strong><br />
assimilado, cria parâmetros de produção, composição<br />
e ilumi<strong>na</strong>ção que são a base criativa, as<br />
referências para que profissio<strong>na</strong>is da fotografia<br />
gastronômica possam realizar um trabalho consistente.<br />
De um modo ou de outro, a gastronomia<br />
s<strong>em</strong>pre esteve ligada à história do hom<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />
sua busca incessante pelos prazeres dos sabores.<br />
Recent<strong>em</strong>ente a cultura da gastronomia experimentou<br />
um boom, e muito disso se deve à popularização<br />
das câmeras digitais e à enxurrada de<br />
fotos publicadas diariamente <strong>na</strong> rede mundial.<br />
Para se ter uma ideia, cerca de dez milhões de<br />
fotografias são postadas s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>lmente <strong>na</strong> web<br />
com a hashtag food, e mais outras milhares são<br />
postadas pelos recentíssimos instagramers, ou<br />
foodstagramers, como preferir<strong>em</strong>, que não resist<strong>em</strong><br />
ao impulso de, mesmo estando com muita<br />
fome, fotografar seu prato antes de devorá-lo.<br />
B<strong>em</strong> ou mal, com maior ou menor qualidade,<br />
a popularização de fotos de comida aproxima<br />
as pessoas da gastronomia e esse conhecimento<br />
as tor<strong>na</strong> mais exigentes e, por consequência,<br />
aumenta muito a responsabilidade e o<br />
nível de qualidade exigidos do fotógrafo (profissio<strong>na</strong>l),<br />
cuja função é transmitir ao leitor a<br />
sensação de identificação com aquele produto<br />
ou marca, contextualizando-o cultural e socialmente<br />
por meio de imagens atraentes e b<strong>em</strong><br />
elaboradas, de modo que ele possa “sentir” o<br />
sabor, a textura e o cheiro daquele alimento.<br />
B<strong>em</strong>, lá se vão 50 mil anos desde os primeiros<br />
registros e cá estamos, humildes pintores da<br />
escola de Niépce, <strong>em</strong> t<strong>em</strong>pos pós Henry Tarbot,<br />
armados com nossas velhas, ou novas, daguerreótipas<br />
guerreiras digitalíssimas, inspirados <strong>na</strong>s<br />
coloridas composições de Paul Gauguin, <strong>na</strong> luz<br />
de Édouard Manet e <strong>na</strong>s cores fortes de Paul<br />
Cézanne, colorindo retângulos <strong>em</strong> branco com<br />
a mesma paixão dos artistas pré-históricos, fazendo<br />
da fotografia de gastronomia a mais pura<br />
arte de provocar os sentidos e encantar.<br />
Cook with food, do belga Frans Snyders (1630)<br />
Salmon, do pintor modernista francês Édouard Manet (1868)<br />
Fotos: Divulgação<br />
* Fotógrafo e artista plástico.<br />
Camarão à moranga, do restaurante Ares do Brasil (2013)<br />
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