O PROBLEMA DO MAL
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Digitalizado : By Karmitta<br />
09/04/201209/04/2012Exclusividade Semeadores da Palavra<br />
24 ■ O <strong>PROBLEMA</strong> <strong>DO</strong> <strong>MAL</strong> NO ANTIGO TESTAMENTO<br />
diversos ângulos distintos de interpretação do conceito na história<br />
do pensamento humano, a definição de mal enquanto sofrimento<br />
também não é tão simples assim. Será que podemos confiar numa<br />
avaliação hedonista-imediatista para considerarmos qualquer dor<br />
ou sofrimento como mal? Por que essa avaliação deve ser aceita?<br />
Pode-se igualmente entender-se que tudo o que propicia algum tipo<br />
de prazer físico ou psíquico deve ser considerado bom? Na tentativa<br />
de entendermos o conceito de mal, devemos, ao menos, relacionar<br />
três dificuldades principais para a determinação de seu conceito:<br />
a) O papel da subjetividade.1 Há certas coisas que causam<br />
bem-estar a algumas pessoas e a outras não. Um prato<br />
delicioso, na opinião de alguém, pode até causar enfermidade<br />
em outra pessoa. A diversidade de apreciação estética/ética<br />
da realidade permite a pergunta: existe uma experiência má<br />
absoluta? O que é mau para uma pessoa ou uma cultura,<br />
é necessariamente mau para todos? Podemos resolver o<br />
problema com base na subjetividade humana?<br />
b) O referencial. Por que algo é bom? Qual é o critério que<br />
delimita se algo é bom ou mau? A opinião pública? O prazer<br />
individual? A razão? A fé? O Estado? A maioria? Quantos<br />
crimes cometidos na história humana foram descritos como<br />
virtuosos por parte daqueles que os praticaram? O que<br />
aconteceu? Bravura e coragem? Ou covardia e crueldade?<br />
Assim, antes de delimitar o que é o mal, precisaríamos definir<br />
qual é o nosso ponto de partida sobre o mesmo. No mínimo,<br />
seria indispensável definir o que não é o mal.<br />
c) O fator tem po. Outro elem ento relativizador do que<br />
chamamos de mal, pelo menos do ponto de vista da própria<br />
experiência sensível, é, sem dúvida, o tempo. O conteúdo<br />
empírico de nossa existência muitas vezes aponta para uma<br />
mudança em nosso juízo do que é o mal. Determinados<br />
acontecimentos tristes e ruins são posteriormente reconhe<br />
1 Vale observar a divisão do conceito na língua alemã: O substantivo das Übel é usado para leferir-***