O PROBLEMA DO MAL
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09/04/201209/04/2012<br />
Digitalizado : By Karmitta<br />
Exclusividade Semeadores da Palavra<br />
52 ■ O <strong>PROBLEMA</strong> <strong>DO</strong> <strong>MAL</strong> NO ANTIGO TESTAMENTO<br />
como mal pelos homens são os sofrimentos que lhes sobrevêm por<br />
causa das atitudes que representam privação do conhecimento ou<br />
privação da virtude. Em suas palavras:<br />
É por causa de nossas próprias deficiências que lamentamos<br />
e clamamos por ajuda. Sofremos por causa dos males que<br />
produzimos a partir de nossa livre vontade; mas nós os<br />
atribuímos a Deus (Guia 3,12).<br />
Com uma teodiceia do livre-arbítrio, Maimônides concluiu que<br />
Deus escolhe limitar o seu poder para que os homens exerçam sua<br />
liberdade. O mal torna-se o preço que os homens devem pagar e<br />
que Deus deve tolerar (Berkovits, 79).<br />
Maimônides preserva a ideia de que vivemos num universo<br />
bom, tendo, portanto, uma visão otimista. Além disso, crê na<br />
potência humana para resolver grande parte do mal presente neste<br />
mundo. Essa é sua grande contribuição.<br />
2.10 O pensamento judaico contemporâneo<br />
O problema do mal no judaísmo contemporâneo foi profundamente<br />
revisitado por causa da tragédia do Holocausto. A maioria<br />
dos pensadores mais recentes têm rejeitado a ideia de uma teodiceia<br />
retributiva depois da Segunda Guerra Mundial. Alguns como<br />
Eliezer Berkovits e Emil Fackenheim consideram até mesmo<br />
obsceno procurar explicar pela justiça retributiva a morte de<br />
milhões de crianças inocentes (Sherwin, 963).10 Todavia, vários<br />
estudiosos judeus recentes têm focalizado o problema de ângulos<br />
distintos (EJJ, 778):<br />
Hermann Cohen entende que o sofrimento é algo positivo.<br />
Na sua opinião, o sofrimento incita a consciência humana e<br />
leva o homem em direção à ação ética. Ele relaciona a eleição<br />
de Israel com a figura bíblica do servo sofredor (veja Isaías 53),<br />
10 Sherwin baseia-se na obra de BERKOVITS: Faith after Holocaust (1973), 89.