O PROBLEMA DO MAL
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Digitalizado : By Karmitta<br />
09/04/201209/04/2012 Exclusividade Semeadores da Palavra<br />
34 ■ O <strong>PROBLEMA</strong> <strong>DO</strong> <strong>MAL</strong> NO ANTIGO TESTAMENTO<br />
no universo. Esta é a posição do zoroastrianismo persat do<br />
maniqueísmo. Zoroastro (628-551 a.C.) atribuía os dois prinqpios<br />
respectivamente a Ahura M azda (Ormuzd, o bem) e Angra Mmyu<br />
(Ahrim an, o mal). Os dois eram inteiramente independentes mas<br />
acreditava-se que o bem seria vitorioso no final. O zoroaírianismo<br />
influenciou o maniqueísmo, seita persa fundada porMani<br />
(IIIs.—273 a.C.), que acreditava ser a matéria essencialmentsmá,<br />
não podendo entrar em contato com Deus. O mundo, portanto,<br />
teria sido criado pelo demiurgo, uma emanação de Deus.<br />
Um dualismo mais moderado, à semelhança do maniqueísmo<br />
persa, que acreditava que o mal é essencialmente ligado à maéria,<br />
é encontrado no pensamento grego. Esse dualismo cósmicopode<br />
ser traçado a partir de Platão (427-347 a.C.). O mal resiAe na<br />
deficiência do mundo material, oposto ao mundo das ideias.Mais<br />
tarde, outros movimentos e pensadores como o gnosticisno, o<br />
neoplatonismo (Plotino 205-270) marcam essa posição (leale<br />
345-346). Na filosofia contemporânea, podemos destacar a tgura<br />
do filósofo Georg W. Hegel (1770-1831). O próprio idealista aknão<br />
chegou a atribuir o mal à “matéria rude” do mundo que aindi não<br />
tinha se tornado espírito, Geist (Hegel, 48).<br />
O argumento dualista baseia-se na ideia de que não pode javer<br />
intersecção entre o bem e o mal. Se os dois existem, segue-srque<br />
possuem origens distintas.12 O mal é um princípio autôiomo<br />
que nada tem a ver com o bem. O dualismo ainda entende que<br />
seu principal argumento está no fato de que essa plena distinção<br />
entre os dois princípios evita que Deus seja o autor do mal. Senão<br />
se preservar a plena contraditoriedade entre os dois princípios,<br />
Deus terá de ser responsabilizado pelo mal. De outro ladc, não<br />
se pode evitar a conclusão derivada dessa posição: Deus deixa<br />
de ser Todo-poderoso.<br />
12 O dualismo pleno sempre foi rejeitado pelo pensamento monoteísta por admitir um pod* divino<br />
equivalente a Deus, o que provocaria um "diteísmo". Um dos modelos radicais e cruéis de lualismo<br />
nesse século foi o nazismo, onde o elemento “ariano"era visto com o referencial do bem eosemita<br />
(o judeu) como referencial do mal. Veja Shalom Rosenberg (ROSENBERG, 16).