O PROBLEMA DO MAL
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09/04/201209/04/2012 Exclusividade Semeadores da Palavra<br />
O <strong>PROBLEMA</strong> <strong>DO</strong> <strong>MAL</strong>: INTRODUÇÃO ÀTEODICEIA ■ 27<br />
O m onoteísm o ético, teísta em sua abordagem, tem esse<br />
dilema diante de si. Assim, quando se procura justificar a Deus,<br />
tentando salvaguardá-lo com respeito a uma responsabilidade<br />
direta com respeito ao mal, constrói-se uma teodiceia. A tensão<br />
entre a realidade de Deus e a realidade do mal tem se mantido na<br />
história do pensamento ocidental. Naturalmente, esse problema é<br />
discutido e compartilhado pelas principais religiões monoteístas:<br />
cristianismo, judaísmo e islamismo.4 A importância da discussão<br />
para o pensamento teísta foi muito bem expressa na tradição judaica<br />
por Nachmânides quando se referiu ao problema do mal como<br />
a questão mais difícil que se encontra tanto na raiz da fé<br />
quanto da apostasia, com a qual estudiosos de todas as<br />
épocas, povos e línguas têm lutado (Sherwin, 960).<br />
1.3 Os diversos tipos de teodiceia<br />
Historicam ente, na tentativa de construir-se essa explicação<br />
que procura justificar a Deus, vários tipos básicos de teodiceia<br />
foram elaborados. Apresentaremos aqui os principais tipos e suas<br />
respectivas definições:<br />
1.3.1 Teodiceia do livre-arbítrio<br />
Essa é a posição clássica e mais antiga na história das religiões<br />
monoteístas. Diante da realidade do mal, ela afirma que Deus<br />
permite o mal e o utiliza para fins bons. Ele permite o mal para<br />
produzir um bem maior. Para explicar a origem do mal, afirma-se<br />
que o mal sempre seria uma possibilidade, visto que Deus criou<br />
seres dotados de vontade livre. E para que fossem de fato livres, e<br />
não máquinas, esses seres sempre teriam a possibilidade de optar<br />
is am ism o a ênfase da transcendência divina diminui a necessidade de uma teodiceia (CRAGG,<br />
5). Todavia há nos textos mais antigos um esforço para explicar a razão do sofrimento. Apesar<br />
o Corão enfatizar a soberania e o controle absolutos de Deus {Surah 6.125; 61.5), há sinais claros<br />
*e uma teodiceia islâmica: o ímpio é responsável pelo mal que escolheu (Surah 2.24; 4.80); o sofrimento<br />
é visto como provação (29.1; 3.135) e há uma expectativa escatológica baseada na justiça<br />
retributiva (9.74; 75.23).