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O PROBLEMA DO MAL

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09/04/201209/04/2012 Exclusividade Semeadores da Palavra<br />

O <strong>PROBLEMA</strong> <strong>DO</strong> <strong>MAL</strong>: INTRODUÇÃO À TEODICEIA ■ 33<br />

pelo estado impessoal no nirvana. Esse pessimismo também<br />

encontra exemplos no pensamento grego clássico. Hegesias de<br />

Cirenaica ensinava ser a vida sem valor e que o único bem, que<br />

nunca seria alcançado, seria o prazer (Newport, 224). Todavia, esse<br />

pessimismo não marca o pensamento helênico propriamente dito<br />

que, de modo geral, acreditava na vitória sobre o mal por meio da<br />

virtude e da sabedoria.<br />

É no pensamento europeu contemporâneo que encontraremos<br />

um exemplo destacado dessa posição: Arthur Schopenhauer (1788-<br />

1860).9 O conhecido filósofo pessimista10 acreditava que a realidade<br />

última é a cega vontade irracional de viver que a todos impulsiona.<br />

Tal vontade transcendental (equivalente ao ser - númeno kantiano)<br />

é essencialmente má, particularmente pelo fato de haver criado<br />

o nosso corpo com desejos que não podem ser satisfeitos. O<br />

sofrimento é causado pelo desejo incessante que nunca pode ser<br />

plenamente atendido. A dor e a ilusão são inevitáveis. A maior<br />

tragédia humana é o fato de ter o homem nascido. O pessimismo do<br />

filósofo que defendia a abolição da vontade foi atenuado pela ideia<br />

de que a arle, como pura contemplação atenuadora das paixões,<br />

funcionaria como uma “solução temporária” do problema do mal<br />

(Newport, 224).11<br />

1.4.3 O d u a lism o<br />

O dualismo é a posição que admite as duas realidades. O bem<br />

e o mal são dois princípios que coexistem em eterna oposição<br />

9 Outro representante destacado é o filósofo EDUARD VON HARTM ANN (1842-1906). O pensamento<br />

e SCHOPENHAUER sobre a questão é descrito em sua obra famosa: O Mundo como vontade<br />

e representação.<br />

lida^j mbén\ no existencialismo contemporâneo filósofos ateus que enfatizam o absurdo da reaçartd<br />

lm ?» ° homem como um ser sem ^aida. Seus principais representantes são JEAN PAUL<br />

U q . e ÂLBERT C AM U S (1913-1960), que ficou fam oso por sua obra: A Peste.<br />

mnrPHlnCIP!iIS 9 ' an(?es filósofos ateus que rejeitaram as explicações teístas e tornaram-se críticos<br />

oriae ^ * 9 'ao foram: LUCRÉCIO, filósofo epicurista que entendia que a ideia de Deus tinha<br />

psicor n° T d ° 0 na ignorância hu rio s ; LUDWIG FEUERBACH que via Deus como a projeção<br />

gestão d'Ca t0daS melhores qual'dades do ser humano; SIG M U N D FREUD, conhecido pela suda<br />

fin 6^ Ue 3 re^9'ão é uma neurose causada pela sublimação dos instintos (Deus é a projeção<br />

inferlo^3 ° FRIEDRI(:H n ie tzSCHE que via a religião como arma ideológica dos miseráveis e<br />

que e ^ C° ntra ° S aristocratas e superiores, sendo a defesa dos fracos contra os fortes; KARL MARX,<br />

m, nl m °P°s'Ç3o a Nietzsche, via a religião como ópio do povo, sendo a arma dos opressores para<br />

mpular as classes dominadas (MONDIN, 80-86).

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