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Medicina

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1 0 .Oficina Irritada<br />

Eu quero compor um soneto duro Como poeta algum ousara escrever. Eu quero pintar um soneto escuro, Seco, abafado,<br />

difícil de ler.<br />

Quero que meu soneto, no futuro, Não desperte em ninguém nenhum prazer. E que, no seu maligno ar imaturo, Ao mesmo<br />

tempo saiba ser, não ser.<br />

Esse meu verbo antipático e impuro Há de pungir, há de fazer sofrer, Tendão de vênus sob o pedicuro.<br />

Ninguém o lembrará: tiro no muro, Cão mijando no caos, enquanto arcturo, Claro enigma, se deixa surpreender.<br />

ANDRADE, Carlos Drummond de. Oficina irritada. In: Claro Enigma. 1. ed. São Paulo: Companhia da Letras, 2012, p.38.<br />

Considere as seguintes afirmações:<br />

I. O poema é composto de ritmo ordenado, por se tratar de um soneto, e apresenta versos alexandrinos insólitos.<br />

II. O poeta se distancia de um lirismo mais suave, romântico, levando à composição de seus versos um ar de dureza, de<br />

“desidealização” da própria poesia, fato percebido na construção de imagens grotescas insólitas.<br />

III. O eu-lírico discutindo o próprio fazer literário configura caráter metalingüístico.<br />

IV. O verso “Eu quero pintar um soneto escuro”, assim como outros versos do poema, traz à poética do texto um tom niilista.<br />

É correto o que se afirma em:<br />

A ) II e III apenas<br />

B ) I e II apenas<br />

C ) II, III e IV apenas<br />

D ) I, II, III e IV.<br />

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