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Albert Eckhout e o Novo Mundo - Profª Carla Mary S. Oliveira

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Nesse sentido, as imagens são testemunhas mudas das transformações de uma sociedade<br />

e, embora elas sejam capazes de moldar imaginários culturais que resistem ao tempo e possam<br />

nos fornecer dados e características de diferentes povos e épocas, elas continuam sendo<br />

apenas meras representações visuais concebidas de forma subjetiva, carregadas de opiniões<br />

pessoais. Por isso, ao analisá-las, se deve ter cautela e ciência de suas fragilidades, para assim<br />

evitar-se conclusões errôneas e anacronismos.<br />

Segundo Eduardo França Paiva, a iconografia é, sem dúvida, uma fonte histórica das<br />

mais ricas, porém não podemos nos esquecer que ela “traz embutida as escolhas do produtor<br />

e todo o contexto no qual foi concebida idealizada, forjada ou inventada”(PAIVA, 2006, p.<br />

17), e que assim como qualquer outra fonte deve ser explorada com os devidos cuidados.<br />

Portanto, as imagens não devem ser concebidas como certidões que atestam o que foi vivido,<br />

pois elas não são uma representação fiel dos acontecimentos passados, nem, muito menos,<br />

fotografias instantâneas da realidade, elas são apenas a representação visual, concebida de<br />

uma forma crítica e, por isso, carregada dos conceitos de uma determinada realidade histórica.<br />

Sendo assim, o pesquisador da imagem tem a obrigação de entender que as<br />

interpretações de qualquer documento são filhas de seu tempo e que para diferentes tempos<br />

históricos teremos diferentes interpretações a respeito de um mesmo objeto de estudo. Assim,<br />

devemos ir além daquilo que está explícito na própria imagem, estar cientes das entrelinhas,<br />

tendo a capacidade de enxergar além das formas que a compõem e ter consciência de que<br />

todas as possíveis conclusões a respeito desta fonte serão conclusões passageiras e passíveis<br />

de modificações e novas revisões, pois, como já afirmamos aqui, cada momento histórico<br />

produz diferentes e distintas compreensões sobre um mesmo documento, seja ele escrito ou<br />

visual, e esse movimento é inevitável, pois acompanha o movimento de construção e<br />

reconstrução de teorias da própria História que, como sabemos, não é imutável, tampouco<br />

fixa. Assim:<br />

Essa história ameaça ser infinita, uma vez que toda leitura nova acrescenta<br />

outras camadas ao seu enredo. Ao lê-la hoje, emprestamos à pintura uma<br />

abundância de detalhes curiosos, dos quais o artista não podia ter ideia; nós<br />

mesmos, é claro, não podemos saber que capítulos novos serão<br />

acrescentados à história nas leituras futuras. O enigma permanece o mesmo:<br />

só as respostas variam. (MANGUEL, 2001, p. 83)<br />

Além disso, a imagem esconde silêncios e códigos que devem ser decifrados e<br />

compreendidos, para isso, é preciso que se saiba fazer as indagações certas, é preciso se voltar<br />

para as perguntas que caracterizam o início de todas as reflexões históricas e que se<br />

constituem como parte integrante da função do historiador, a de questionar: Quando? Onde?<br />

11

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