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Revista n.° 31 - APPOA - Associação Psicanalítica de Porto Alegre

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A AGRESSIVIDADE NOS LIMITES...Antes <strong>de</strong> referirmo-nos aos processos dialéticos, consi<strong>de</strong>remos a dimensãopolítica da ativida<strong>de</strong> do eu. Nessa dimensão dá-se a circulação social <strong>de</strong>um eu que, junto a outros em condição <strong>de</strong> semelhantes, proce<strong>de</strong> sucessivamentea uma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões 5 . Destacamos que nessa circulação, social e <strong>de</strong>efeitos políticos, o eu encontra lugar como indivíduo. Enquanto tal, ele circulacom apoio na falta <strong>de</strong> uma divisão <strong>de</strong> si mesmo. O termo indivíduo tem aqui osentido <strong>de</strong> não-dividido e refere-se a uma condição <strong>de</strong> não-divisão. O processo<strong>de</strong>cisório pressupõe, por sua vez, a passagem do eu <strong>de</strong> um estado <strong>de</strong> cisão aum estado <strong>de</strong> não-cisão. Em síntese, exercitando sua prerrogativa <strong>de</strong> criar unida<strong>de</strong>s,como já dissemos, o eu faz e refaz um on<strong>de</strong> não havia. Nesse sentido,estamos tratando <strong>de</strong> situar a constituição da noção <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> como realizaçãoalienante, com base num processo dialético em que, sob i<strong>de</strong>ntificaçõesresolutivas, o eu vai e vem da cisão à <strong>de</strong>cisão.Em alguns aspectos, talvez o individualismo ou a prevalência das imagensnos tempos mo<strong>de</strong>rnos possam nos interessar nesta discussão, ao consi<strong>de</strong>rarmosa individuação como afirmação própria <strong>de</strong> um eu que toma <strong>de</strong>cisões.Alguma imagem figurará, em todo caso, o movimento supostamente correspon<strong>de</strong>nteà tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. Fica implícito que, nesses tempos, a suposição emquestão compõe a realização alienante e que a imagem do movimento supostamente<strong>de</strong>cisório po<strong>de</strong> adquirir caráter político.Individuação indica também, numa <strong>de</strong> suas acepções 6 , “realização daidéia geral em cada indivíduo singular”. Destacamos, aqui, “realização da idéia”e “idéia geral”, ten<strong>de</strong>ndo a pensar que a individuação da realização alienanterequer processos lógicos como o <strong>de</strong> generalização. Junto ao <strong>de</strong> generalização,também o <strong>de</strong> categorização. Esses processos têm limitações tão evi<strong>de</strong>ntescomo as da linguagem e as <strong>de</strong> Eros, sobre a qual se apóia a ativida<strong>de</strong> do eu emsua circulação social <strong>de</strong> caráter individual. Em todo caso, a ativida<strong>de</strong> do eu nosparece prisioneira <strong>de</strong>sses limites.Seguimos ao lado do dicionário. Para “generalização” temos: “processopelo qual se reconhecem caracteres comuns a vários objetos singulares, daíresultando quer a formação <strong>de</strong> um novo conceito ou idéia, quer o aumento daextensão <strong>de</strong> um conceito já <strong>de</strong>terminado que passa a cobrir uma nova classe <strong>de</strong>exemplos” 7 . Fica evi<strong>de</strong>nte, segundo esta acepção, sua articulação à noção <strong>de</strong>5Aqui, mais uma vez, nossa referência encontra-se nos textos sobre o inconsciente e sobre otempo lógico, <strong>de</strong> Freud e <strong>de</strong> Lacan, anteriormente mencionados.6Cf. Novo Aurélio, Dicionário Eletrônico, versão 3.0, Nova Fronteira, verbete “individuação”.7Cf. I<strong>de</strong>m, verbete “generalização”.99

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