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Revista n.° 31 - APPOA - Associação Psicanalítica de Porto Alegre

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Alguns autores (como Bergès e Balbo) usaram o termo afânise para sereferirem às formações holofrásicas, nas quais o filho, vampirizado pelo <strong>de</strong>sejoda mãe, faz como que um eco à fala <strong>de</strong>sta. Outros (como J. Hillman) trataramcomo casos <strong>de</strong> afânise os clássicos shakespearianos – Ricardo II e Hamlet –nos quais o “auto-espelhamento” vai se <strong>de</strong>sdobrando, até que a passagem aoato se torne inevitável. Seria o me funai da tragédia <strong>de</strong> Édipo: – “Quisera eununca ter nascido” (... para não ter <strong>de</strong> pagar pelos crimes cometidos pelosmeus pais)!Alfredo Jerusalinsky (2002) relaciona a afânise com a passagem ao ato,dizendo que esta seria uma manifestação <strong>de</strong> que o significante, por si só, nãodá conta, e que isso traria conseqüências reais, impossíveis <strong>de</strong> serem “amortecidas”pelas palavras: – “Apresenta-se como recurso ao qual o sujeito apeladiante da angústia provocada pelo temor <strong>de</strong> que seu <strong>de</strong>sejo possa acabar. Lacanaplica a esta formação inconsciente o nome <strong>de</strong> afanisis”.A LÓGICA DO SIGNIFICANTEPara explicar melhor minha hipótese sobre a afânise, retomarei brevementeo conceito <strong>de</strong> alienação em Lacan, e o que entendo por lógica dosignificante.O que consi<strong>de</strong>ro como sendo a lógica do significante tem a ver com aoperação da alienação: um primeiro termo, rechaçado enquanto real(Urverdrängung), e as conseqüências que advirão <strong>de</strong>ssa primeira exclusão.Lacan (1964) vai se utilizar <strong>de</strong>ssa lógica para discorrer sobre o surgimentoda linguagem no “falasser” (parlêtre).Figura 1Po<strong>de</strong>mos, para tentar resumir, dizer que é a partir <strong>de</strong> uma interdição realdo representante da pulsão incestuosa que surgirá o sujeito como “falasser”.(Figura 1) S1, o primeiro representante da representação (o Vorstellungsrepräsentanz,<strong>de</strong> Freud) <strong>de</strong>ssa pulsão primordial, fica recalcado junto com ela. S2 vem seacoplar ao espaço <strong>de</strong>ixado por esse recalque original, mas, aí, já ficou um vazio78

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