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Revista n.° 31 - APPOA - Associação Psicanalítica de Porto Alegre

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TEXTOSprocurava restaurantes para comer miolos frescos. Nesse caso, é trabalhada anoção <strong>de</strong> acting-out.Desses exemplos, o que me interessa <strong>de</strong>stacar é a seguinte afirmação<strong>de</strong> Lacan (1998b [1954]: neles ocorre uma intersecção do Simbólico e do Real,que opera sem a mediação do Imaginário. Enfatizo que Lacan ainda não tinha afigura do nó borromeano, que surgiu em sua obra apenas em 1972, quandocoloca, então, a vida fazendo parte do registro do Real, e a morte fazendo partedo registro do Simbólico.Portanto, temos que a condição da <strong>de</strong>negação é estar ligada à produção<strong>de</strong> um símbolo, o que não ocorreu nos exemplos apresentados por Lacan. Elediz, por sua vez, que o efeito provocado pela forclusão e pelo acting-out é <strong>de</strong>corrente<strong>de</strong> uma absolvição simbólica, ou uma espécie <strong>de</strong> apagamento do Outro.Não havendo uma matriz simbólica, não há como ocorrer <strong>de</strong> forma diferente: oque não veio à luz do Simbólico retorna no Real.Mas no caso da minha paciente, talvez ela esteja coberta <strong>de</strong> razão. Onão exige muito trabalho interno. Já que a operação necessária para a inscriçãosignificante, mediada pelo imaginário, é resultado <strong>de</strong> um processo bem maiscomplexo que o simples enunciado da palavra não.Aliás, como sugere o título <strong>de</strong>ste texto, passar das letras eneaotil à palavranão – figurativamente, da letra ao significante – pressupõe uma representaçãoprovocada pelo próprio efeito da castração. Os versos da canção, ou, talvez,das letras da música, indicam isso, o não po<strong>de</strong> até não ficar bem no coração doobjeto amado, o problema é que sem ele não há como negociar.128REFERÊNCIASFREUD, S. Proyecto <strong>de</strong> psicologia (1950[1895]). In: _____. Obras completas SigmundFreud. 5. ed. Buenos Aires: Amorrortu Editores, 1996. v. 1.FREUD, S. Fragmentos <strong>de</strong> analisis <strong>de</strong> un caso <strong>de</strong> histeria (Caso Dora) (1905). In:_____. Obras completas Sigmund Freud. 5. ed. Buenos Aires: Amorrortu Editores,1996. v. 7._____. La negacion (1925). In: _____. Obras completas Sigmund Freud. 5. ed.Buenos Aires: Amorrortu Editores, 1996. v. 19.HYPPOLITE, Jean. Comentário falado sobre a Verneinung <strong>de</strong> Freud (1954). In: LACAN,Jacques. Escritos. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998, p. 893-902.LACAN, Jacques. O seminário – Livro 1. Os escritos técnicos <strong>de</strong> Freud(1953-1954).Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1983._____. O seminário – Livro 11. Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise(1964). Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985._____. Introdução ao comentário <strong>de</strong> Jean Hyppolite sobre a Verneinung <strong>de</strong> Freud(1954). In: ______. Escritos. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998a, p. 370-382._____. Resposta ao comentário <strong>de</strong> Jean Hyppolite sobre a Verneinung <strong>de</strong> Freud(1954). In: Escritos. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998b, p. 383-401.

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