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Revista n.° 36 - APPOA - Associação Psicanalítica de Porto Alegre

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EDITORIALEm Freud encontramos a concepção <strong>de</strong> objeto como objeto perdido; emLacan, como objeto faltante. Pensar que ele esteja à frente do <strong>de</strong>sejo, como umobjeto <strong>de</strong>sejado, é apoiar-se numa miragem <strong>de</strong> gozo; cena da fantasia <strong>de</strong> sermoso que faltaria para realizar a <strong>de</strong>manda do Outro. Cena fantasmática queorganiza o cenário <strong>de</strong> nossa realida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> nosso mundo. No entanto, o objetoque anima nosso <strong>de</strong>sejo está atrás, ele é causa; sua função, pois, é furtar-se àcaptação.Quando algo <strong>de</strong> nossa realida<strong>de</strong> muda, a cena também muda, e nãoconseguimos mais <strong>de</strong>finir a <strong>de</strong>manda do Outro. Ocasião <strong>de</strong> emergência da angústia:no lugar da miragem <strong>de</strong> gozo, ao invés do objeto <strong>de</strong>sejável, surge o<strong>de</strong>sejante, perante o qual o sujeito se pergunta “que objeto a eu sou para o<strong>de</strong>sejo do Outro?”. O sujeito não é senão signo do <strong>de</strong>sejo do Outro, em posição<strong>de</strong> objeto a para tal <strong>de</strong>sejo. Na falta <strong>de</strong> significante que represente o sujeito parao Outro, o Eu se <strong>de</strong>svanece. No lugar da unida<strong>de</strong> narcísica, há somente umcorpo tomado <strong>de</strong> sensações, reduto último <strong>de</strong> uma subjetivida<strong>de</strong> em risco.Ante a angústia, qual a direção da cura numa análise?Se a angústia é sinal, isso significa que ela remete a algo que não é elamesma, ela não representa a si mesma, mas ela po<strong>de</strong> dar pistas à intervençãoanalítica.No que diz respeito à transferência, não cabe ao analista domesticar aangústia, nem tampouco induzi-la, ensina Lacan no Seminário dos Quatro conceitosfundamentais. O <strong>de</strong>sejo do analista o colocará na via <strong>de</strong> suportar o lugar<strong>de</strong> semblante <strong>de</strong> a, fazendo aparência do objeto que causa o <strong>de</strong>sejo, para mantera abertura à posição <strong>de</strong>sejante do sujeito. Afinal, se a angústia surge noponto situado a meio caminho entre o <strong>de</strong>sejo e o gozo, não seria o <strong>de</strong>sejo o seumelhor “remédio”?8

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