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Revista n.° 36 - APPOA - Associação Psicanalítica de Porto Alegre

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Robson <strong>de</strong> Freitas PereiraTexto e contextoAfim <strong>de</strong> situar o leitor e contextualizar o escrito que vem a seguir, optamospor advertir que a parte inicial aponta três aspectos importantes para apsicanálise, que po<strong>de</strong>m ser lidos a partir dos efeitos do Seminário proferido porLacan ([1962-63] 2005) nos anos 1962-1963. Anos em que, acompanhados pelotema da angústia, evi<strong>de</strong>nciam-se as mudanças clínico-conceituais e odirecionamento político institucional que viria marcar <strong>de</strong>finitivamente os rumosda psicanálise contemporânea. Para os analistas que acompanharam essesacontecimentos direta ou indiretamente, isso talvez não seja novida<strong>de</strong>; mas,passados quase cinquenta anos, achamos importante situá-los para as novasgerações <strong>de</strong> psicanalistas, que se responsabilizam pelos efeitos <strong>de</strong>ssas profundasmodificações em sua formação. Na parte seguinte do texto, tecemos consi<strong>de</strong>raçõesclínicas sobre a transferência e o <strong>de</strong>sejo do analista. Trata-se <strong>de</strong> conceitocuja <strong>de</strong>terminação mais precisa Lacan inicia neste seminário da angústia,e que segue sendo um legado a ser trabalhado por todo psicanalista que seaproprie da experiência <strong>de</strong> análise.O seminário A angústia, 1962-1963 – ObservaçõesPolítico-institucionais – 1963 encerra “nossos mais belos anos”, nodizer <strong>de</strong> Elisabeth Roudinesco (1988) em sua História da psicanálise na França,vol. II. Depois <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong> seminários na SFP (Socieda<strong>de</strong> Francesa <strong>de</strong>Psicanálise 3 ) e negociações para o reconhecimento do novo grupo, termina olongo processo <strong>de</strong> avaliações. As críticas à análise didática (e consequentelugar dos didatas), às sessões <strong>de</strong> tempo variável e às mudanças conceituaissão inaceitáveis. A tentativa <strong>de</strong> impedir que Lacan continue com sua transmissãoe “análises didáticas” provoca sua <strong>de</strong>finitiva saída da IPA (InternationalPsycoanalytical Association) e subsequente fundação da EFP (Escola Freudiana<strong>de</strong> Paris) em 1964.Questões clínicas – Uma clínica propriamente lacaniana tem sua confirmaçãonesse momento. Analista não é sujeito (no senso comum) no <strong>de</strong>cursodo tratamento; ele está no lugar do objeto, faz aparência <strong>de</strong>sse objeto que écausa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo e resto simultaneamente. Por isso, interessa o corte que sustentaa abertura do inconsciente. Há a colocação em causa da concepção <strong>de</strong>contratransferência enquanto sustentação da i<strong>de</strong>ntificação ao analista como i<strong>de</strong>al3A SFP consistia num grupo, li<strong>de</strong>rado por Lacan, Dolto e Lagache, que rompeu com a Socieda<strong>de</strong>Psicanalítica <strong>de</strong> Paris, fundada por Marie Bonaparte.10

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