Tratamento da úlcera escleral pós-cirurgia <strong>de</strong> pterígio e betaterapia por enxerto <strong>de</strong> esclera autóloga <strong>de</strong> espessura parcial157Figura 1: Úlcera escleral pós-exérese <strong>de</strong> pterígio e betaterapiaFigura 2: Medida da lesão escleralFigura 3: Delaminação do enxerto escleralFigura 4: Enxerto no leito receptor para ser suturadoFigura 5: Pós-operatório tardioRev Bras Oftalmol. 2012; 71 (3): 155-9
158Moura EM, Volpini M, Moura GAGconjuntiva autóloga. As técnicas disponíveis para o tratamentodo pterígio <strong>de</strong>vem ser avaliadas segundo doiscritérios: ausência <strong>de</strong> complicações que comprometama visão e redução da frequência <strong>de</strong> recidivas.O enxerto autólogo <strong>de</strong> conjuntiva tem sido utilizado<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1985 no tratamento do pterígio com o objetivo<strong>de</strong> reduzir as taxas <strong>de</strong> recidiva. (6) Esta técnica consisteno enxerto <strong>de</strong> conjuntiva bulbar incluindo a região dolimbo corneal obtido do setor superior do mesmo olho;remove-se o pterígio e transplanta-se a conjuntiva paraa área receptora. O enxerto <strong>de</strong>ve ser suturado mantendoa margem limbar na periferia da córnea. Kenyon etal. observaram uma taxa <strong>de</strong> recorrência <strong>de</strong> 5,3% empterígios recidivados ou avançados utilizando esta técnica.(7) As complicações <strong>de</strong>correntes do enxerto <strong>de</strong>conjuntiva tais como: granuloma, cisto conjuntival, infecçãoou falência do transplante po<strong>de</strong>m ocorrer.Estudos <strong>de</strong>monstram que pacientes submetidos àexérese <strong>de</strong> pterígio associada à betaterapia, com seguimentopor mais <strong>de</strong> 10 anos <strong>de</strong>senvolveramescleromalacia em 10% e a<strong>de</strong>galçamento escleral graveem 4,5%. A ocorrência <strong>de</strong> necrose escleral pelo uso<strong>de</strong> betaterapia, revela o provável <strong>de</strong>sconhecimento dadosagem segura e do esquema <strong>de</strong> fracionamento nopós-operatório. A esclera posterior parece ser mais resistenteà radioterapia, enquanto a anterior é mais susceptívelà combinação <strong>de</strong> cirurgia e betaterapia. (5) Outrosfatores que po<strong>de</strong>riam contribuir para esta complicaçãosão: cauterização excessiva, que provocaria umaretração tecidual, <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> filme lacrimal comprometendoa lubrificação local, ausência <strong>de</strong> conjuntivapela técnica cirúrgica da esclera nua e possível<strong>de</strong>scalibração dos aparelhos <strong>de</strong> irradiação. (7,8)Clinicamente as úlceras esclerais po<strong>de</strong>m ser classificadasem três grupos: a) superficial, caracterizada porexposição das camadas da esclera com uma área <strong>de</strong>conjuntiva avascular, ulceração rasa com comprometimento<strong>de</strong> menos <strong>de</strong> um terço <strong>de</strong> espessura escleral; b)Mo<strong>de</strong>rada, caracterizada pelo envolvimento <strong>de</strong> um adois terços da espessura escleral, com base frequentementeconstituída por uma fina camada <strong>de</strong> fibras escleraissobre o tecido uveal subjacente; po<strong>de</strong>m ser encontradastambém placas <strong>de</strong> calcificação no seu leito. (1) Esta lesãopo<strong>de</strong> ser observada, em geral muitos anos após o tratamentoinicial; este período po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> 9 a 30 anos. (5)O tratamento cirúrgico com enxertos somente está indicadonos casos <strong>de</strong> úlceras esclerais profundas.A técnica cirúrgica indicada para a úlcera escleralprofunda é um reforço tecidual às custas <strong>de</strong> um enxerto.Várias modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento foram propostas paraa correção <strong>de</strong>sta complicação tardia: córnea e esclerahomólogas, dura-mater, <strong>de</strong>rme <strong>de</strong> espessura parcial,pericárdio humano processado, cartilagem auricular eperiósteo autógeno. (10-17)A esclera e córnea homólogas têm a vantagemda disponibilida<strong>de</strong> em Banco <strong>de</strong> Olhos, mas sua qualida<strong>de</strong>po<strong>de</strong> variar, sendo necessário a<strong>de</strong>lgaçamento do tecidopara evitar <strong>de</strong>snivelamento no limbo corneal. (18)Estes tecidos, às vezes são conservados em glicerina ouálcool, que não são completamente virucidas e po<strong>de</strong>riamteoricamente transmitir doenças infecciosas. (18,19)A dura-mater foi utilizada em cirurgia plásticaocular para o revestimento <strong>de</strong> implantes orbitais e emoutras especialida<strong>de</strong>s cirúrgicas. As vantagens <strong>de</strong>ste tecidosão: resistência tecidual, flexibilida<strong>de</strong>,biocompatibilida<strong>de</strong> e eventual substituição pelo tecidoconjuntivo do hospe<strong>de</strong>iro. (19) Entretanto, a preocupaçãoaumentou com a utilização da dura-mater processada<strong>de</strong> cadáveres porque a doença <strong>de</strong> Creutzfeldt-Jacob(DCJ) po<strong>de</strong>ria estar associada ao seu uso. (20)O enxerto dérmico <strong>de</strong> espessura parcial por serautólogo não apresenta antigenicida<strong>de</strong>, e po<strong>de</strong> integrare reepitelizar em uma superfície avascular, não sendonecessário o recobrimento conjuntival. Além disso sãoflexíveis, com boa resistência tensional, <strong>de</strong> fácil manuseioe boa moldagem na área da enxertia. (14)O enxerto autólogo <strong>de</strong> cartilagem auricular nãoapresenta antigenicida<strong>de</strong>, porém é um tecido difícil <strong>de</strong>manusear, pois não é flexível e rompe com facilida<strong>de</strong>.Além disso, a moldagem no leito receptor po<strong>de</strong> ser comprometida<strong>de</strong>vido à espessura e convexida<strong>de</strong> irregular.(16) O enxerto <strong>de</strong> periósteo autólogo não exibe ativida<strong>de</strong>osteogênica. As suas principais vantagens são: aausência <strong>de</strong> antigenicida<strong>de</strong>, boa integração com os tecidosoculares, boa resistência e fácil manuseio. (17)O pericárdio humano processado fornece umapoio que promove a epitelização. Apresenta as seguintesvantagens: custo baixo, material estéril, prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong>longo e fácil manuseio. (15) O pericárdio processadotem sido empregado nos casos <strong>de</strong> pterígio recidivado,mas não há referência quanto ao seu uso nos casos <strong>de</strong>úlceras esclerais pós-betaterapia. (21)O presente estudo <strong>de</strong>monstrou que a escleraautóloga <strong>de</strong>laminada apresenta a melhor compatibilida<strong>de</strong>tecidual, não sofrendo reação imunológica ereabsorção. Além disso, este tecido escleral apresentagran<strong>de</strong> resistência tensional, pouca distensibilida<strong>de</strong> egran<strong>de</strong> flexibilida<strong>de</strong>. É <strong>de</strong> fácil manuseio e <strong>de</strong> excelentemoldagem na área receptora, sendo um material vanta-Rev Bras Oftalmol. 2012; 71 (3): 155-9
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