Características e <strong>de</strong>ficiências dos programas <strong>de</strong> pós-graduação em oftalmologia no Brasil segundo pós-graduandos participantes 177Tabela 4Distribuição das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aperfeiçoamento curricular segundo a instituição <strong>de</strong>cre<strong>de</strong>nciamento (CBO, MEC, CBO e MEC) por frequênciaCurrículoAulas teóricasSim Não <strong>Mai</strong>or Menor <strong>Mai</strong>or quantida<strong>de</strong> e Outrasquantida<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> melhores preceptoresn % n % n % n % n % n %CBO 15 60,0 10 40,0 9 36,0 3 12,0 3 12,0 10 40,0MEC 14 53,8 12 46,2 7 26,9 3 11,6 9 34,6 7 26,9MEC e CBO 33 58,9 23 41,1 32 57,1 1 1,8 7 12,5 16 28,6Total 62 57,9 45 42,1 48 44,9 7 6,5 19 17,8 33 30,8p-valor 0,8848 0,1543Cirurgias ExperimentaisAtivida<strong>de</strong>s cirúrgicas<strong>Mai</strong>or Satisfatório <strong>Mai</strong>s Menos <strong>Mai</strong>or quantida<strong>de</strong> e Outrosquantida<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> melhores preceptoresn % n % n % n % n % n %CBO 21 84,0 4 16,0 18 72,0 0 0,0 4 16,0 3 12,0MEC 20 76,9 6 23,1 17 65,4 1 3,8 6 23,1 2 7,7MEC e CBO 40 71,4 16 28,6 36 64,3 2 3,6 7 12,5 11 19,6Total 81 75,7 26 24,3 71 66,4 3 2,8 17 15,9 16 15,0p-valor 0,4693 0,6475Tabela 5Distribuição das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> melhoria na infraestrutura segundo a instituição <strong>de</strong>cre<strong>de</strong>nciamento (CBO, MEC, CBO e MEC) por frequênciaInternet / Biblioteca Equipamentos Instalações FísicasNecessida<strong>de</strong> Satisfatório Necessida<strong>de</strong> Satisfatório Necessida<strong>de</strong> Satisfatórion % n % n % n % n % n %CBO 17 68,0 8 32,0 19 76,0 6 24,0 17 68,0 8 32,0MEC 16 61,5 10 38,5 20 76,9 6 23,1 18 69,2 8 30,8MEC e CBO 35 62,5 21 37,5 41 73,2 15 26,8 37 66,0 19 34,0Total 68 63,6 39 36,4 80 74,8 27 25,2 72 67,3 35 32,7p-valor 0,8668 0,925 0,957Os alunos revelaram uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>melhoria do conteúdo nuclear programático do currículona maioria das instituições avaliadas, não havendosignificância estatística entre o tipo do cre<strong>de</strong>nciamento(teste Qui-quadrado p= 0,8848). Foi sugerido pelos alunosmaior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aulas teóricas em 48 (44,9%)dos casos e maior volume cirúrgico em 71 (66,4%) (Tabela4).<strong>Mai</strong>or necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cirurgias experimentais foisugerida por 81 alunos (75,7%), especialmente nas instituiçõescre<strong>de</strong>nciadas pelo CBO (84,0%), entretanto nãohouve significância estatística entre os grupos estudados(teste Qui-quadrado p=0,4693). Além disso, melhoria<strong>de</strong> recursos para o ensino (biblioteca / internet) foiindicada por 68 alunos (63,6%), dos equipamentos e instalaçõesfísicas por 80 (74,8%) e 72 (67,3%) alunos, respectivamente(Tabela 4). Não houve significância estatísticaentre o órgão <strong>de</strong> cre<strong>de</strong>nciamento e asinfraestruturas analisadas (teste Qui-quadrado, p= 0,8668,p= 0,925 e p=0,957, respectivamente) (Tabela 5).Rev Bras Oftalmol. 2012; 71 (3): 173-9
178Ventura CVOC, Gomes MLS, Ventura BVOC, Ventura LO, Carlos Teixeira Brandt CTDISCUSSÃOO papel <strong>de</strong> assegurar a formação <strong>de</strong> oftalmologistaséticos, competentes, habilidosos e preparados parao mercado <strong>de</strong> trabalho tem sido um compromisso constantedos cursos <strong>de</strong> pós-graduação em oftalmologia doBrasil.Estudos recentes <strong>de</strong>monstram a importância davalorização da perspectiva dos pós-graduandos quantoao ensino da oftalmologia. (2,5,9,12) O presente estudo foirealizado com este objetivo. Ofereceu-se a oportunida<strong>de</strong>para que alunos <strong>de</strong> pós-graduação pu<strong>de</strong>ssem avaliara qualida<strong>de</strong> e recomendar melhorias para o currículo einfraestrutura das instituições.Em 1983, havia no país 32 cursos cre<strong>de</strong>nciadospelo CBO e 30 pelo MEC. (13) Nos últimos anos, tem seobservado um gran<strong>de</strong> aumento da oferta <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong>pós-graduação em oftalmologia, tanto pelas instituiçõescre<strong>de</strong>nciadas pelo MEC (87), quanto pelas cre<strong>de</strong>nciadaspelo CBO (50), sendo que 42 instituições estãocre<strong>de</strong>nciadas pelos dois órgãos (MEC e CBO). (10,17) Umaexplicação plausível para este crescimento <strong>de</strong>ve-se anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suprir um país tão populoso, consi<strong>de</strong>radoo quinto maior do mundo em termo <strong>de</strong> dimensões. (18)Entretanto, este crescimento não tem seguido uma distribuiçãoregional homogênea, o que é compatível comos dados obtidos da amostra estudada, on<strong>de</strong> o su<strong>de</strong>steconcentrou a maior frequência dos pós-graduandoscre<strong>de</strong>nciados pelo MEC (52,87%), CBO (58,82%) e porambos os órgãos simultaneamente (61,9%). (19)A oferta e distribuição <strong>de</strong> serviços cre<strong>de</strong>nciadospelo CBO ou pelo MEC para o ensino da oftalmologiano país <strong>de</strong>ve ser visto com cautela, no sentido <strong>de</strong> promoverum ensino <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Verificou-se que existe umafragmentação na supervisão e cre<strong>de</strong>nciamento nos cursos<strong>de</strong> pós-graduação em oftalmologia do Brasil, <strong>de</strong>vendohaver um maior intercâmbio entre o CBO e aCNRM. (11) Os dados obtidos no presente estudo também<strong>de</strong>monstram que na percepção do aluno existe a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> uma melhoria na qualida<strong>de</strong> do ensino da oftalmologiado Brasil, tanto nas instituições cre<strong>de</strong>nciadaspelo CBO quanto pelo MEC. Alguns serviços não oferecempreceptoria clínica, cirúrgica e na emergênciaoftalmológica em todos os turnos, falhando também quantoà qualida<strong>de</strong> do ensino prestado. Estes fatores po<strong>de</strong>mcausar sérios prejuízos na curva <strong>de</strong> aprendizado do médicoainda em formação, por isso o investimento nos recursoshumanos <strong>de</strong>ve ser priorida<strong>de</strong> nas instituições, poissão responsáveis pela transmissão do conhecimento esua <strong>de</strong>ficiência po<strong>de</strong> repercutir negativamente na socieda<strong>de</strong>,gerando profissionais inseguros na conduta <strong>de</strong>seus pacientes. (3,7-9,12)A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melhoria do conteúdo nuclearprogramático foi constatada anteriormente, on<strong>de</strong> mais<strong>de</strong> 20% dos cursos não possuíam disciplina <strong>de</strong> histologia,patologia, imunologia, farmacologia, microbiologia, cirurgiaexperimental em seus programas. (13) Neste estudo,a maioria dos alunos manifestou o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ter maioracesso a cirurgias experimentais (75,7%) e realizarmaior volume cirúrgico (66,4%). A habilida<strong>de</strong> cirúrgicaindividual exerce uma importante influência no <strong>de</strong>sempenhoprofissional, entretanto a prática cirúrgicaexperimental aliada a um maior número <strong>de</strong> procedimentosrealizados sob supervisão minimiza as taxas <strong>de</strong>complicações operatórias. (9,20) Melhor infraestrutura dasinstituições <strong>de</strong> ensino (equipamentos, acervo da biblioteca,acesso a internet e melhores instalações físicas),po<strong>de</strong> minimizar <strong>de</strong> forma significativa as diferenças dasaú<strong>de</strong> ocular da população dos países em <strong>de</strong>senvolvimento.(12)Preocupados em oferecer um ensino <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>,o Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Medicina (CFM) aprovou aresolução 1785/2006 da Comissão Mista <strong>de</strong> Especialida<strong>de</strong>s(CME), composta pela CFM, AMB e a CNRM,on<strong>de</strong> foram instituídas normas orientadoras e reguladoraspara a padronização das residências médicas <strong>de</strong> cadaespecialida<strong>de</strong> quanto ao currículo. (21) Com esta visão, oCBO, através da comissão <strong>de</strong> ensino, tem realizado fórunspara os diretores dos 50 cursos cre<strong>de</strong>nciados do país. (10)A meta <strong>de</strong>sses fóruns é padronizar um currículo mínimo,obtido com a cooperação das socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cadasubespecialida<strong>de</strong> afiliadas ao CBO. Este currículo <strong>de</strong>veaten<strong>de</strong>r aos critérios internacionais e ao mesmo tempose a<strong>de</strong>quar à realida<strong>de</strong> brasileira.O ensino da oftalmologia nos EUA e Canadá, seguemos critérios <strong>de</strong>terminados pelo RRC e RCPSC, respectivamente.(4-9) Programas virtuais como o “MedicalResi<strong>de</strong>nt Progress Notebook (RPN)” e o “Surgical RPN”utilizados nos EUA po<strong>de</strong>m ser uma po<strong>de</strong>rosa ferramentana tentativa <strong>de</strong> padronização curricular entre os cursos,permitindo uma integração entre as instituições, além<strong>de</strong> ser fonte complementar <strong>de</strong> disciplinas básicas <strong>de</strong>ntroda oftalmologia. (11,13) CONCLUSÃOAs variáveis analisadas foram similares nos serviçoscre<strong>de</strong>nciados pelo MEC, CBO e por ambos.Em geral, as instituições oferecem as preceptorias(clínica, cirúrgica e na emergência) <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>Rev Bras Oftalmol. 2012; 71 (3): 173-9
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