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Mai-Jun - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

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192Passos AF, Borges DFINTRODUÇÃOAprocura por tratamentos para rejuvenescimentovem crescendo, aumentando o número <strong>de</strong>procedimentos a laser, já que este é uma boaopção terapêutica, por ser pouco invasivo, <strong>de</strong> rápida execuçãoe recuperação além <strong>de</strong> ter bons resultados. (1)O Laser já tem seus benefícios <strong>de</strong>finidos no tratamento<strong>de</strong> vários problemas, como <strong>de</strong>spigmentação, alteraçãoda textura da pele, rugas, telangiectasias e remoção <strong>de</strong>pelos. (1,2) Outra fonte <strong>de</strong> luz comumente utilizada e com osmesmos benefícios é a Luz Intensa Pulsada (Intense PulsedLight - IPL), que utiliza um feixe <strong>de</strong> luz não coerente, comcomprimento <strong>de</strong> onda que varia <strong>de</strong> 500 – 1200 nm, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndodo tratamento a ser realizado. (3)Com o aumento do número <strong>de</strong> procedimentosutilizando IPL, observou-se também a elevação do número<strong>de</strong> efeitos adversos. Na maioria das vezes, essessão transitórios, como dor, eritema, vesículas ou crostassuperficiais, nos sítios <strong>de</strong> tratamento, po<strong>de</strong>ndo haver tambémhipo ou hiperpigmentação. (4)O objetivo <strong>de</strong>sse artigo é relatar a ocorrência <strong>de</strong>um caso <strong>de</strong> lesão ocular <strong>de</strong>finitiva relacionado ao uso doIPL, alertando para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medidas a<strong>de</strong>quadas<strong>de</strong> proteção. Foram encontrados apenas dois relatosna literatura <strong>de</strong> lesão semelhante, causada por este tipo<strong>de</strong> tratamento.Relato do casoPaciente do sexo feminino, branca, <strong>de</strong> 45 anos, atendidaem consulta <strong>de</strong> rotina, em abril <strong>de</strong> 2010, com histórico<strong>de</strong> que, há oito meses, havia sido submetida a tratamentoestético <strong>de</strong>rmatológico facial, inclusive na regiãoem torno dos olhos com laser. Relatou que, algumas horasapós o tratamento, apresentou quadro <strong>de</strong> forte dor oculare turvação visual, sendo que esses sintomas eram maisproeminentes no olho esquerdo. Na ocasião, foi medicadapor especialista, tendo sido prescritos analgésicos e medicaçãotópica, que não soube precisar. O quadro ocularpersistiu por alguns dias, mas não houve retorno ao médicopara reavaliação. O tratamento realizado foi IPL, como equipamento Harmony, Alma Lasers Ltd., Israel. Utilizou-seo comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> 690 nm, sem uso <strong>de</strong>proteção ocular.Durante consulta <strong>de</strong> rotina, informou acuida<strong>de</strong>visual <strong>de</strong> 20/20 em ambos olhos, com correção <strong>de</strong> +2.25esférico, e J1 com adição <strong>de</strong> +1.50. Ao examebiomicroscópico apresentava, no olho esquerdo,conjuntiva e córnea sem alterações, câmara anterior semreação, atrofia iriana temporal, mais intensa na porçãociliar que na pupilar, esten<strong>de</strong>ndo-se aproximadamente<strong>de</strong> 1:00 às 3:00 horas. O <strong>de</strong>feito era caracterizado porintensa transiluminação iriana, <strong>de</strong>notando acentuadalesão do epitélio pigmentário (Figura 1). Havia sinéquiasposteriores e a pupila apresentava discreta irregularida<strong>de</strong>,com significativa redução da mobilida<strong>de</strong> e da dilataçãona área correspon<strong>de</strong>nte à lesão. Por outro lado, asuperfície anterior da íris não apresentava lesão aparente,sugerindo que não tinha ocorrido alteração significativano estroma (Figura 2). Não foram observadasalterações no cristalino.Fundoscopia em ambos olhos apresentava papilafisiológica, sem alterações na retina do polo posterior eda periferia.A paciente informava que passou a apresentarfotofobia após ter sido submetida ao tratamento com IPL.DISCUSSÃOA IPL é uma forma não invasiva <strong>de</strong> tratamentorejuvenescedor, atuando não só em tecidos pigmentados,como também em lesões vasculares, como astelangiectasias. O método também é utilizado para <strong>de</strong>pilação.(1,2)O equipamento <strong>de</strong> IPL emite amplo espectro <strong>de</strong>luz, com comprimentos <strong>de</strong> onda que variam <strong>de</strong> 500 a1200 nanômetros, em pulsos curtos. (5) Diferentes tecidosabsorvem diferentes comprimentos <strong>de</strong> onda. Por isso, filtrossão utilizados na tentativa <strong>de</strong> selecionar o comprimento<strong>de</strong> onda i<strong>de</strong>al para o tecido ou lesão a ser tratada.O intervalo entre os pulsos também é ajustado, paramanter a área tratada aquecida e diminuir o dano àsestruturas vizinhas. (3)A íris possui gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pigmento eabsorve amplo espectro <strong>de</strong> comprimentos <strong>de</strong> onda (faixa<strong>de</strong> 400-750 nm), o que a torna uma estrutura extremamentevulnerável ao IPL. (3) Assim, se for atingida,po<strong>de</strong> apresentar inflamação, atrofia, perda <strong>de</strong> pigmento,transiluminação, sinéquias e distorção pupilar, (1,3) comalteração da dilatação. A disfunção iriana po<strong>de</strong> resultarem aumento da fotossensibilida<strong>de</strong>, lacrimejamento, diminuiçãoda percepção <strong>de</strong> contraste, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptaçãoao claro-escuro e glare. (3) A paciente em questãoqueixava-se <strong>de</strong> fotofobia.O caso do presente relato se refere a uma lesãoocular típica por IPL, tendo em vista sua semelhança comlesões comprovadamente causadas pelo mesmo tipo <strong>de</strong>tratamento. (1,3) O comprimento <strong>de</strong> onda utilizado foi <strong>de</strong>690 nm e, portanto, <strong>de</strong>ntro do espectro absorvido pela íris. (3)Foram encontrados dois relatos <strong>de</strong> caso com le-Rev Bras Oftalmol. 2012; 71 (3): 191-3

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