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Mai-Jun - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

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202Schellini SA, Sousa RLFduzidos mostraram que a mesma está presente, inclusivecom altas taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção, o que levou os pesquisadoresa concluir que é importante divulgar que oTracoma não foi erradicado e <strong>de</strong>ve permanecer no diagnósticodiferencial <strong>de</strong> conjuntivite folicular crônicaem crianças e adolescentes em alguns municípios (19) .Estudos feitos no interior <strong>de</strong> São Paulo também apontama presença da doença em diferentes taxas: Presi<strong>de</strong>ntePru<strong>de</strong>nte - SP (2,6%), Franco da Rocha - SP (1,5%),Francisco Morato - SP (3,6%) (14,19,20) .Assim é possível observar que, apesar da diminuiçãoacentuada na prevalência e na incidência doTracoma, a doença sempre existiu em nosso meio, acometendomajoritariamente as populações mais carentese <strong>de</strong>sassistidas, presente inclusive nas gran<strong>de</strong>s metrópoles.O agenteO Tracoma é causado pela C. trachomatis, quepossui 15 sorotipos diferentes já i<strong>de</strong>ntificados. Ossorotipos L1, L2 e L3 são os gran<strong>de</strong>s responsáveis pelasíndrome do linfogranuloma venéreo; A, B, Ba e C sãomais frequentemente associados ao tracoma; os <strong>de</strong> D aK estão ligados a outras manifestações sexualmente transmitidas,sendo que os sorotipos mais frequentes são os dotipo D, E e F. Assim como em outras doenças sexualmentetransmissíveis (DST), a infecção genital é uma porta<strong>de</strong> entrada e aumenta o risco <strong>de</strong> contrair o vírus HIV,agente da síndrome da imuno<strong>de</strong>ficiência adquirida(Aids/SIDA).O controle do tracoma <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da i<strong>de</strong>ntificação<strong>de</strong> portadores assintomáticos, os quais representam umreservatório para o agente patogênico. Acredita-se quea imunida<strong>de</strong> é apenas parcialmente protetora, pois o risco<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver sequelas como gravi<strong>de</strong>z ectópica ouinfertilida<strong>de</strong> aumenta com os sucessivos episódios <strong>de</strong>infecção.Os sinais, os sintomas e o diagnósticoO agente provoca uma conjuntivite crônica, que seacompanha <strong>de</strong> poucos sinais e sintomas, <strong>de</strong>ntre eles: pruridoocular, hiperemia leve, pouca ou nenhuma secreçãoocular. A dificulda<strong>de</strong> maior para o diagnóstico <strong>de</strong>correexatamente da cronicida<strong>de</strong>, o que faz com que os sintomassejam frustros ou ausentes. Confun<strong>de</strong>-se, ainda, com aconjuntivite alérgica que não infrequentemente se encontraassociada ao quadro da conjuntivite tracomatosa.O diagnóstico do Tracoma é essencialmente clínico. Aconfirmação laboratorial <strong>de</strong>ve ser utilizada, para aconstatação da presença do agente etiológico na comunida<strong>de</strong>,e não para a confirmação <strong>de</strong> cada caso.A OMS orienta que o diagnóstico <strong>de</strong> Tracoma<strong>de</strong>ve ser dado quando houver pelo menos dois dos seguintessinais clínicos: folículos na conjuntiva tarsal superior,folículos no limbo ou fossetas <strong>de</strong> Herbert, cicatrizconjuntival típica e pannus no limbo superior (21,22) .Visando a pesquisa da doença em comunida<strong>de</strong>s(trabalhos <strong>de</strong> campo), a mesma organização estabeleceuum esquema simples <strong>de</strong> classificação do Tracoma,com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> simplicida<strong>de</strong> diagnóstica e implicaçõesepi<strong>de</strong>miológicas (Tabela 1). Cada um dos sinaistem importância para compreensão do estadoepi<strong>de</strong>miológico da população (23) .A prevalência da doença ativa é representadapela proporção <strong>de</strong> pessoas com TF (tracoma folicular) eTI (tracoma folicular intenso); aqueles com TI representamindivíduos com doença grave, requerendo prontotratamento. A prevalência <strong>de</strong> TT (triquíase tracomatosa),por sua vez, indica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento cirúrgicopara aquela comunida<strong>de</strong>, enquanto que a prevalência<strong>de</strong> CO (opacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> córnea) indica o impacto doTracoma como causa <strong>de</strong> perda visual.Há várias formas <strong>de</strong> pesquisar o Tracoma na população.Atingir a população portadora é mais simplesse a pesquisa se inicia pelos escolares, já que as criançasestão reunidas nos espaços didáticos. A partir dos casospositivos, os adultos acometidos (comunicantes) po<strong>de</strong>mser i<strong>de</strong>ntificados e todos <strong>de</strong>vem receber o tratamentoclínico que atualmente é feito com a administração viaoral <strong>de</strong> Azitromicina. Todos os acometidos passam porexames periódicos para certificação da cura.Caso a doença tenha permanecido por muitos anosna comunida<strong>de</strong> investigada, as seguidas reinfecções po<strong>de</strong>rãoocasionar a triquíase tracomatosa, a qual po<strong>de</strong>ráser responsável por lesões corneanas por traumatismodireto, seguindo-se <strong>de</strong> opacida<strong>de</strong> da córnea e perda davisão. A forma cicatricial da doença po<strong>de</strong>rá requerertratamento cirúrgico.Esta é a sistemática para quem se lança a campopara pesquisar esta afecção, <strong>de</strong>vendo ser a equipe preparadapara tal.Importância <strong>de</strong> se pesquisar e ensinar o TracomaDetectar e tratar o Tracoma é muito importante,já que estas medidas são capazes <strong>de</strong> alterar o quadro dadoença. O Tracoma pesquisado em escolares <strong>de</strong> Botucatuno ano <strong>de</strong> 1992 mostrou prevalência <strong>de</strong> 11%, tendo sidoos casos e comunicantes tratados (9) . Nova pesquisa feitano ano <strong>de</strong> 2005, conduzida nos mesmos mol<strong>de</strong>s que aanterior, apontou significativa queda do número <strong>de</strong> casosem relação ao levantamento anterior, comprevalência <strong>de</strong> TF <strong>de</strong> 3,7% (24) .Rev Bras Oftalmol. 2012; 71 (3): 199-204

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