RELATO DE CASO191Atrofia <strong>de</strong> íris após tratamentoestético facial com luz intensa pulsadaIris atrophy after aesthetic treatment with intense pulsed lightÂngelo Ferreira Passos 1 , Daniele Fioroti Borges 2RESUMORelato <strong>de</strong> um caso <strong>de</strong> complicação ocular, em consequência do uso <strong>de</strong> luz intensa pulsada, para tratamento facialcosmético. A lesão consistiu em atrofia iriana no setor temporal, com gran<strong>de</strong> área <strong>de</strong> transiluminação, sinéquiasposteriores, <strong>de</strong>formida<strong>de</strong> e redução da dilatação pupilar. O objetivo é alertar para os riscos do procedimento para osolhos, caso não sejam tomadas as medidas a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> proteção ocular.Descritores: Terapia a laser/efeitos adversos; Iris/lesões; Irite; Transiluminação; Atrofia; Relatos <strong>de</strong> casosABSTRACTThe authors report a case of ocular complication, following Intense Pulsed Light for cosmetic facial treatment. Thelesion was iris atrophy with a large transilumination area, posterior synechiae, <strong>de</strong>formity and reduced dilation of thepupil, on the temporal si<strong>de</strong>. The aim is to alert for the risk of ocular lesion related to this procedure, if a<strong>de</strong>quatemeasures to protect the eyes are not taken.Keywords: Laser therapy/adverse effects; Iris/injuries; Irite; Transilumination; Atrophy; Case reports1Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Espírito Santo – UFES - Vitória (ES), Brasil; Hospital Universitário Cassiano Antônio <strong>de</strong> Moraes - Vitória(ES), Brasil;2Hospital Universitário Cassiano Antônio <strong>de</strong> Moraes – Vitória (ES), Brasil.Hospital Universitário Cassiano Antônio <strong>de</strong> Moraes da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Espírito Santo – UFES - Vitória (ES), Brasil.Os autores <strong>de</strong>claram inexistir conflitos <strong>de</strong> interesseRecebido para publicação em 19/12/2010 - Aceito para publicação em 28/8/2011Rev Bras Oftalmol. 2012; 71 (3): 191-3
192Passos AF, Borges DFINTRODUÇÃOAprocura por tratamentos para rejuvenescimentovem crescendo, aumentando o número <strong>de</strong>procedimentos a laser, já que este é uma boaopção terapêutica, por ser pouco invasivo, <strong>de</strong> rápida execuçãoe recuperação além <strong>de</strong> ter bons resultados. (1)O Laser já tem seus benefícios <strong>de</strong>finidos no tratamento<strong>de</strong> vários problemas, como <strong>de</strong>spigmentação, alteraçãoda textura da pele, rugas, telangiectasias e remoção <strong>de</strong>pelos. (1,2) Outra fonte <strong>de</strong> luz comumente utilizada e com osmesmos benefícios é a Luz Intensa Pulsada (Intense PulsedLight - IPL), que utiliza um feixe <strong>de</strong> luz não coerente, comcomprimento <strong>de</strong> onda que varia <strong>de</strong> 500 – 1200 nm, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndodo tratamento a ser realizado. (3)Com o aumento do número <strong>de</strong> procedimentosutilizando IPL, observou-se também a elevação do número<strong>de</strong> efeitos adversos. Na maioria das vezes, essessão transitórios, como dor, eritema, vesículas ou crostassuperficiais, nos sítios <strong>de</strong> tratamento, po<strong>de</strong>ndo haver tambémhipo ou hiperpigmentação. (4)O objetivo <strong>de</strong>sse artigo é relatar a ocorrência <strong>de</strong>um caso <strong>de</strong> lesão ocular <strong>de</strong>finitiva relacionado ao uso doIPL, alertando para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medidas a<strong>de</strong>quadas<strong>de</strong> proteção. Foram encontrados apenas dois relatosna literatura <strong>de</strong> lesão semelhante, causada por este tipo<strong>de</strong> tratamento.Relato do casoPaciente do sexo feminino, branca, <strong>de</strong> 45 anos, atendidaem consulta <strong>de</strong> rotina, em abril <strong>de</strong> 2010, com histórico<strong>de</strong> que, há oito meses, havia sido submetida a tratamentoestético <strong>de</strong>rmatológico facial, inclusive na regiãoem torno dos olhos com laser. Relatou que, algumas horasapós o tratamento, apresentou quadro <strong>de</strong> forte dor oculare turvação visual, sendo que esses sintomas eram maisproeminentes no olho esquerdo. Na ocasião, foi medicadapor especialista, tendo sido prescritos analgésicos e medicaçãotópica, que não soube precisar. O quadro ocularpersistiu por alguns dias, mas não houve retorno ao médicopara reavaliação. O tratamento realizado foi IPL, como equipamento Harmony, Alma Lasers Ltd., Israel. Utilizou-seo comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> 690 nm, sem uso <strong>de</strong>proteção ocular.Durante consulta <strong>de</strong> rotina, informou acuida<strong>de</strong>visual <strong>de</strong> 20/20 em ambos olhos, com correção <strong>de</strong> +2.25esférico, e J1 com adição <strong>de</strong> +1.50. Ao examebiomicroscópico apresentava, no olho esquerdo,conjuntiva e córnea sem alterações, câmara anterior semreação, atrofia iriana temporal, mais intensa na porçãociliar que na pupilar, esten<strong>de</strong>ndo-se aproximadamente<strong>de</strong> 1:00 às 3:00 horas. O <strong>de</strong>feito era caracterizado porintensa transiluminação iriana, <strong>de</strong>notando acentuadalesão do epitélio pigmentário (Figura 1). Havia sinéquiasposteriores e a pupila apresentava discreta irregularida<strong>de</strong>,com significativa redução da mobilida<strong>de</strong> e da dilataçãona área correspon<strong>de</strong>nte à lesão. Por outro lado, asuperfície anterior da íris não apresentava lesão aparente,sugerindo que não tinha ocorrido alteração significativano estroma (Figura 2). Não foram observadasalterações no cristalino.Fundoscopia em ambos olhos apresentava papilafisiológica, sem alterações na retina do polo posterior eda periferia.A paciente informava que passou a apresentarfotofobia após ter sido submetida ao tratamento com IPL.DISCUSSÃOA IPL é uma forma não invasiva <strong>de</strong> tratamentorejuvenescedor, atuando não só em tecidos pigmentados,como também em lesões vasculares, como astelangiectasias. O método também é utilizado para <strong>de</strong>pilação.(1,2)O equipamento <strong>de</strong> IPL emite amplo espectro <strong>de</strong>luz, com comprimentos <strong>de</strong> onda que variam <strong>de</strong> 500 a1200 nanômetros, em pulsos curtos. (5) Diferentes tecidosabsorvem diferentes comprimentos <strong>de</strong> onda. Por isso, filtrossão utilizados na tentativa <strong>de</strong> selecionar o comprimento<strong>de</strong> onda i<strong>de</strong>al para o tecido ou lesão a ser tratada.O intervalo entre os pulsos também é ajustado, paramanter a área tratada aquecida e diminuir o dano àsestruturas vizinhas. (3)A íris possui gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pigmento eabsorve amplo espectro <strong>de</strong> comprimentos <strong>de</strong> onda (faixa<strong>de</strong> 400-750 nm), o que a torna uma estrutura extremamentevulnerável ao IPL. (3) Assim, se for atingida,po<strong>de</strong> apresentar inflamação, atrofia, perda <strong>de</strong> pigmento,transiluminação, sinéquias e distorção pupilar, (1,3) comalteração da dilatação. A disfunção iriana po<strong>de</strong> resultarem aumento da fotossensibilida<strong>de</strong>, lacrimejamento, diminuiçãoda percepção <strong>de</strong> contraste, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptaçãoao claro-escuro e glare. (3) A paciente em questãoqueixava-se <strong>de</strong> fotofobia.O caso do presente relato se refere a uma lesãoocular típica por IPL, tendo em vista sua semelhança comlesões comprovadamente causadas pelo mesmo tipo <strong>de</strong>tratamento. (1,3) O comprimento <strong>de</strong> onda utilizado foi <strong>de</strong>690 nm e, portanto, <strong>de</strong>ntro do espectro absorvido pela íris. (3)Foram encontrados dois relatos <strong>de</strong> caso com le-Rev Bras Oftalmol. 2012; 71 (3): 191-3
- Page 1 and 2: vol. 71 - nº 3 - Maio/Junho 2012RB
- Page 3 and 4: 144Revista Brasileira de Oftalmolog
- Page 5 and 6: 146173 Características e deficiên
- Page 7 and 8: 148Rezende F, Bisol RAR, Tiago Biso
- Page 9 and 10: 150Ventura BV, Ventura M, Lira W, V
- Page 11 and 12: 152Ventura BV, Ventura M, Lira W, V
- Page 13 and 14: 154Ventura BV, Ventura M, Lira W, V
- Page 15 and 16: 156Moura EM, Volpini M, Moura GAGIN
- Page 17 and 18: 158Moura EM, Volpini M, Moura GAGco
- Page 19 and 20: 160ARTIGO ORIGINALEficácia da comb
- Page 21 and 22: 162Almodin J, Buhler Junior C, Almo
- Page 23 and 24: 164ARTIGO ORIGINALHipermetropia ap
- Page 25 and 26: 166Ambrósio Jr R, Silva RS; Lopes
- Page 27 and 28: 168Ambrósio Jr R, Silva RS; Lopes
- Page 29 and 30: 170Ambrósio Jr R, Silva RS; Lopes
- Page 31 and 32: 172Ambrósio Jr R, Silva RS; Lopes
- Page 33 and 34: 174Ventura CVOC, Gomes MLS, Ventura
- Page 35 and 36: 176Ventura CVOC, Gomes MLS, Ventura
- Page 37 and 38: 178Ventura CVOC, Gomes MLS, Ventura
- Page 39 and 40: 180ARTIGO ORIGINALPeriocular basal
- Page 41 and 42: 182Macedo EMS, Carneiro RC, Carrico
- Page 43 and 44: 184RELATO DE CASODiplopia após inj
- Page 45 and 46: 186Rassi MMO, Santos LHBTABELA 1Per
- Page 47 and 48: 188RELATO DE CASOSíndrome de Down:
- Page 49: 190Lorena SHTachados de blefarite e
- Page 53 and 54: 194ARTIGO DE REVISÃOImportance of
- Page 55 and 56: 196Veloso CER, Almeida LNF, De Marc
- Page 57 and 58: 198Veloso CER, Almeida LNF, De Marc
- Page 59 and 60: 200Schellini SA, Sousa RLFINTRODUÇ
- Page 61 and 62: 202Schellini SA, Sousa RLFduzidos m
- Page 63 and 64: 204Schellini SA, Sousa RLF18. Ferra
- Page 65 and 66: 206Instruções aos autoresA Revist
- Page 67: 208RevistaBrasileira deOftalmologia