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Ética e mercado no jornalismo catarinenseMONITOR DE MÍDIAFaltou jornalismo na ArenaRogério Christofoletti em 29/09/2004Os cidadãos joinvillenses, os torcedores doJoinville Esporte Clube e os leitores de A Notíciaviveram dias de festa por causa da inauguração deum novo estádio de futebol na cidade no últimosábado de setembro. A abertura da Arena Joinvillerecebeu ampla cobertura do diário local, quenão se limitou a apenas noticiar o evento, mas dedicougenerosos espaços em pelo menos três dias.Nada contra se o destaque não tivesse sido excessivo,como percebeu o leitor mais atento.No dia da inauguração, 25, A Notícia deu apágina A4 ao tema e trouxe um suplemento especialde nada menos que 16 páginas! Isso mesmo:dois cadernos com textos, fotos e anúncios, especialmenteproduzidos para a ocasião. Na matériada A4, a chamada para o evento era clara, com boxdetalhando a programação e foto – de divulgação– ocupando cinco das seis colunas do jornal.O suplemento encartado na mesma ediçãonão foi produzido por A Notícia, mas pela EditoraFuncional, que usou os serviços de alguns profis sionais do jornal, conforme se viu no expedienteda publicação. Mesmo não respondendo totalmentepelo conteúdo, o AN tem responsabilidadesobre o produto, já que esse leva consigo a rubricado veículo. E aí é que está um ponto importantea se discutir. Embora assuma formato de cadernojornalístico especial, o suplemento não bebeapenas nas águas da reportagem, mas também domarketing e da publicidade. Os títulos dos textosatestam essa proximidade que em nada contribuipara o jornalismo e uma melhor informação doleitor: “Sonho que está virando realidade” (p.2),“Espaço para a realização de grandes eventos”(p.4), “Dirigentes esportivos enaltecem a obra”(p.7), “Bairros próximos têm novas perspectivas”(p.12), “Joinville passa a viver uma nova realidade”(p.13), “Futebol é paixão de multidões” (p.14)e “Maior obra do gênero em Santa Catarina” (p.15).Algumas perguntas ajudam a pensar esseterreno pantanoso onde afundam o senso crítico,o senso de realidade e as devidas proporções: Parao leitor comum, fica clara a distinção do que é exclusivamentejornalístico e aquilo que se desviapara o lado promocional? A quem interessa tantopositivismo e festejos? O tom ufanista adotadona publicação é bem recebido pelo público leitor?Esse tom ajuda a entender melhor a obra que estásendo inaugurada? Essas estratégias funcionamcomo instrumento de divulgação da obra? Satisfazemos investidores? Agradam os leitores?No interior do suplemento, duas ocorrênciasque podem trazer à discussão acima aspectos maispolíticos. Na página 10, artigo do governadorLuiz Henrique da Silveira relata a “idéia fi x a” dese construir o novo estádio. Numa volta ao passadorecente quando era o prefeito da cidade, LuizHenrique conta como o projeto foi evoluindo, eaí, o estádio é deixado de lado: o vice-prefeito àépoca assumiu a obra, “assumiu a função comoum guerreiro. Viajou, foi conhecer os melhoresestádios do mundo. Não descansou, enquantonão defi n iu o terreno (...) e iniciou a construção.O Governo do Estado entrou com R$ 10 milhõesde reais, mas o Tebaldi entrou com tudo nessehttp://www.univali.br/monitor 28

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