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Ética e mercado no jornalismo catarinenseMONITOR DE MÍDIAGlobo pode revisarcritérios e princípiosRogério Christofoletti em 14/08/2006Há exatos cinco anos, um seqüestro chacoalhavaa mídia nacional. Um não, dois. Crimesem série. Primeiro, Patrícia Abravanel sumiu;depois, após retornar do cativeiro, o inesperadoaconteceu: foi a vez de seu pai, o comunicadorSilvio Santos. O circo midiático se estendeu porsemanas, não apenas por mostrar a fragilidade nasegurança dos famosos, mas também por discutirlimites à atuação dos meios de comunicação. Issoporque, no primeiro crime, Silvio Santos chegoua pedir aos veículos que se mantivessem distantesdo caso e não alardeassem notícias na tentativa depreservar a vida da filha. Muitas empresas jornalísticasatenderam ao apelo. A Globo não.Em agosto de 2001, Ana Paula Padrão – entãona emissora do Rio de Janeiro – explicou publicamentede sua bancada no Jornal da Globoas razões para furar o bloqueio do silêncio: “Nãodivulgar só beneficiaria os seqüestradores. Nãodivulgar é como dar uma aspirina a um doenteterminal”. Em alto e bom som: a Globo não negociacom criminosos.Mas o tempo passa e mudam as vontades. Orecente seqüestro de dois profissionais da Globopor criminosos da facção Primeiro Comando daCapital revelou uma nova forma de reagir a esseseventos. A emissora não apenas atendeu à chantagemdos seqüestradores – divulgou um vídeocom reivindicações – como deu pleno conhecimentodo que estava acontecendo. Não se furtoua divulgar o fato, mas não demonstrou a onipotênciae arrogância, anteriormente exibidas.Gota d’água?Se a grande imprensa estava precisando de umpretexto, já não precisa mais esperá-lo. Já tem. Nãopode mais ignorar que setores da vida urbana sofremcom práticas terroristas. O assassinato do jornalistaTim Lopes, em 2002, foi tratado como uma ação ignóbil,mas isolada de chefões do narcotráfico. Os constantesataques à Polícia paulista vêm sendo consideradosofensivas orquestradas. Mas parecia estagnar notopo da garganta a palavra “terrorismo”.Agora, com o seqüestro de profi s sionais da mídiapara forçar a divulgação massiva do discurso do crime,a tendência de midiatizar as ações do PCC atingiu umnível inédito. Não porque envolva jornalistas, mas porqueforce as empresas de comunicação a dar suporte– mesmo sob coação – aos criminosos.Após a morte de Tim Lopes, a Globo reviu seusprocedimentos acerca do uso de câmeras ocultas. Aliás,a morte do jornalista é o clichê mais lembrado quandoesses recursos são discutidos. Após os ataques em SãoPaulo, a Polícia alterou sua rotina? E os jornalistas?Com o seqüestro de seus funcionários, muda a posturada Globo frente ao crime? Muda o jornalismo ou mudaa empresa? Modifi c am-se os critérios de cobertura? Osjornalistas fi c arão mais distantes dos fatos? Arriscar-seainda fará parte de suas rotinas? Os princípios da Globovão se manter os mesmos?http://www.univali.br/monitor 66

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