21.07.2015 Views

1DkBFq1

1DkBFq1

1DkBFq1

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

206Criança Esperança: 30 anos, 30 históriase do Estatuto da Criança e do Adolescente – e criar um espaço ondeteriam o direito de ser felizes.Ao sair do UNICEF, recebi alguns convites, mas somente um apontavana direção do sonho: a Terra Nuova, uma ONG italiana de cooperaçãointernacional me chamou para coordenar um projeto com meninos derua em Salvador. Meu princípio inegociável era não repetir o que já sefazia no Brasil.Queria dar a melhor educação aos mais pobres. Eu rejeitava a tese deque, para quem nada tem, qualquer coisa serve. Além disso, defendia oprofissionalismo dos educadores e um sistema de formação permanente.Não queria instalar oficinas de carpintaria, corte e costura ou manicure.Queria arte e cultura a serviço da educação.É impossível educar sem estética, sem beleza, sem arte e cultura.Ou seja: me recusei a realizar um projeto educativo pobre para pobres. E aTerra Nuova aceitou o desafio, juntamente com o Movimento Nacional deMeninos e Meninas de Rua [MNMMR], que deu um apoio fundamentaldo ponto de vista político e institucional para um projeto que ainda nemtinha nome. Trabalhávamos para garantir aos filhos da exclusão o direitoà vida com ‘V’ maiúsculo.Uma tarde, eu estava em casa, na Praia de São Tomé de Paripe, emSalvador, e observava o pôr do sol, pensando em qual poderia ser onome do projeto. Naquele momento, algumas crianças corriam na praia.Eram todas negras e estavam banhadas pelo sol do fim de tarde. Decidichamar de Axé, que no candomblé é o principio vital, a energia que movetodas as coisas. O nome homenageia a cultura afro-brasileira e afirma quea criança é o axé mais precioso de uma nação.No início, fui crucificado... Falar de beleza e colocar as crianças paradançar e jogar capoeira? As pessoas me diziam que eu estava doido. Queaquelas crianças só queriam encher a barriga, que estavam morrendo defome. Ninguém se interessaria por dança, música... Aqui, na Bahia, temosa predominância dos elementos afros, dos quais o Axé se apropriou, mas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!