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66Criança Esperança: 30 anos, 30 histórias“Passava as férias na casa da minha mãe, em Lavras da Mangabeira,interior do Ceará. Já tinha cinco filhos criados, quatro mulheres e umhomem. Foi quando ali, no meio do sertão, apareceu o Felipe. Ele erafilho de uma vizinha. Tinha 6 meses, estava desnutrido, raquítico etinha uma perna quebrada devido aos maus-tratos da mãe. O pai nãoquis assumir a criança. Vivia numa rede e acabava tendo convulsões,acho que perdia o ar de tanto chorar. Resolvi levá-lo comigo de voltapra casa, em Fortaleza. Pedi para a mãe, e ela o entregou na hora.Logo na primeira consulta, o médico disse que só faria o tratamentose o bebê ficasse comigo por pelo menos seis meses. Pesava 3,1 quilos,quando meninos dessa idade pesam pelo menos o dobro. Meusfilhos, meu marido, todos acharam que era loucura eu ter trazido obebê. Diziam que eu estava arranjando trabalho e que eu não saberialidar com ele quando crescesse. Mesmo assim, ficamos com ele efomos nos apegando.Eu trabalhava como professora, e meu maior medo era que eleprecisasse ficar internado para ganhar peso. Eu não podia passar odia no hospital. No dia da pesagem, cheguei a colocar uma moeda de50 centavos dentro de cada meia dele para que o médico o deixasseir para casa. Com o tempo, ele não precisou mais das moedinhas.Minhas filhas começaram a ajudar. Levávamos o Felipe para a fisioterapiae repetíamos os exercícios em casa. Quando ele começou a andar,percebemos que ele tinha o lado esquerdo do corpo mais frágil, comos movimentos comprometidos. Era uma má-formação congênitaque, provavelmente, havia afetado o cérebro, diziam os médicos.O diagnóstico de autismo só ficou claro com o passar dos anos. Minhafilha Alana, que hoje é a diretora do Projeto Diferente, viu no elevadorum cartaz descrevendo os sintomas do autismo: movimentos repetitivos,dificuldade para se entrosar com outras crianças, atraso no aprendizado.Soubemos do Projeto Diferente, o único que atende, aqui em Fortaleza,crianças com autismo, inclusive associado à baixa visão.

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