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as marcas no divã

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Moderninho, hein?<br />

Existe uma tentação à qual muit<strong>as</strong> vezes é difícil resistir: procurar o<br />

<strong>no</strong>vo, o moder<strong>no</strong>, o atual na atividade de comunicação de marketing.<br />

Quant<strong>as</strong> vezes ouvi tanto anunciantes quanto publicitários<br />

dizerem cois<strong>as</strong> como esta: “É preciso rejuvenescer <strong>no</strong>ssa marca”. Ou<br />

então: “Falta algo de contemporâneo e mais atual na comunicação<br />

de <strong>no</strong>ssa marca”.<br />

Essa compulsão pelo <strong>no</strong>vo manifesta-se em vários cenários: um <strong>no</strong>vo<br />

diretor de marketing ou de criação na agência ou mesmo uma <strong>no</strong>va<br />

agência que p<strong>as</strong>sa a atender o cliente. Às vezes, até sem ess<strong>as</strong> mudanç<strong>as</strong><br />

mais drástic<strong>as</strong>, a compulsão pelo <strong>no</strong>vo ronda <strong>no</strong>sso dia a dia. A simples<br />

mudança de a<strong>no</strong> e a preocupação em formular a estratégia de comunicação<br />

para o a<strong>no</strong> seguinte é suficiente. Quant<strong>as</strong> vezes a comunicação<br />

da marca <strong>no</strong> a<strong>no</strong> seguinte não é nem a pálida lembrança do que foi em<br />

a<strong>no</strong>s anteriores! Como algum<strong>as</strong> operações plástic<strong>as</strong> que criam “<strong>no</strong>v<strong>as</strong><br />

identidades”, embora cirurgião e paciente estivessem apen<strong>as</strong> em busca<br />

de rejuvenescimento.<br />

Esse “instinto selvagem”, que conspira contra a identidade d<strong>as</strong> marc<strong>as</strong>,<br />

é o mesmo que contribui para sucatear seu valor. A busca compulsiva<br />

de algo mais atual e moder<strong>no</strong> não se justifica por si mesma. Somente se<br />

justifica quando resulta de alguma necessidade estratégica que vai além<br />

da simples preocupação com o rejuvenescimento e com o charme de ser<br />

contemporâneo.<br />

Marc<strong>as</strong> não são fortes por quererem ser jovens e atuais!<br />

Nestlé, Sadia, Coca-Cola, Omo, Toddy, O Boticário, Philips e outr<strong>as</strong><br />

centen<strong>as</strong> de marc<strong>as</strong> poderos<strong>as</strong> demonstram e<strong>no</strong>rme preocupação em<br />

preservar e desenvolver o que el<strong>as</strong> têm de básico em sua identidade e<br />

não embarcam em aventur<strong>as</strong> modernizador<strong>as</strong> com o intuito de serem<br />

apen<strong>as</strong> contemporâne<strong>as</strong>.<br />

Marc<strong>as</strong> fortes não extraem seu poder de fluidos juvenis! O que desenvolve<br />

seu brand equity, ou seja, seu patrimônio, é uma personalidade<br />

consistente, facilmente identificada pelos consumidores e capaz de<br />

ocupar lugar funcional e emocional em su<strong>as</strong> vid<strong>as</strong>. Ser jovem é decorrência<br />

de necessidades estratégic<strong>as</strong> maiores na gestão de marc<strong>as</strong> e não<br />

algo que valha por si.<br />

A construção de marc<strong>as</strong> fortes é sobretudo o esforço “ecológico” de<br />

preservação d<strong>as</strong> raízes de sua identidade. Uma quantidade e<strong>no</strong>rme de<br />

marc<strong>as</strong> já p<strong>as</strong>sou pelo impiedoso processo de “dev<strong>as</strong>tação ambiental” de<br />

sua personalidade original. Algum<strong>as</strong> deixaram de existir e outr<strong>as</strong> não<br />

conseguiram nem ao me<strong>no</strong>s se desenvolver – morreram antes disso!<br />

Transformar a preocupação em ser moder<strong>no</strong> e jovem na necessidade<br />

estratégica mais importante da comunicação da marca é ig<strong>no</strong>rar du<strong>as</strong><br />

armadilh<strong>as</strong> que estão sempre a <strong>no</strong>ssa espreita: a armadilha da esquizofrenia<br />

e a armadilha do a<strong>no</strong>nimato. Em um c<strong>as</strong>o, estamos lidando<br />

com o problema de múltipl<strong>as</strong> personalidades e, <strong>no</strong> outro, com o de<br />

nenhuma personalidade. Qual d<strong>as</strong> du<strong>as</strong> armadilh<strong>as</strong> é mais perigosa?<br />

Amb<strong>as</strong> matam!<br />

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