as marcas no divã
cMkzK8
cMkzK8
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
“Et<strong>no</strong>grafia de marca 11 ”<br />
O contato et<strong>no</strong>gráfico é a maneira<br />
de identificar a origem da conexão<br />
entre marc<strong>as</strong> e consumidores. Em<br />
outr<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>, permite compreender<br />
a combinação entre a estrutura de<br />
valores dos consumidores e a cultura<br />
d<strong>as</strong> marc<strong>as</strong>.<br />
Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa, um dos maiores<br />
poet<strong>as</strong> da língua portuguesa, diz em “Guardador de rebanhos”:<br />
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia.<br />
M<strong>as</strong> o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha<br />
aldeia. Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha<br />
aldeia 12 .<br />
Et<strong>no</strong>grafia de marca é essencialmente isto: uma forma de penetrar e<br />
entender o valor da relação que se estabelece, de modo muito particular,<br />
entre consumidores e os elementos de sua cultura e de sua vida,<br />
como é o c<strong>as</strong>o d<strong>as</strong> marc<strong>as</strong>. Et<strong>no</strong>grafia de marca é um esforço para<br />
compreender quanto determinado comportamento ou percepção de<br />
uma marca pode ser universal e amplo, valendo-se de observações<br />
muito particulares. Ou seja, é acompanhar como o consumidor se<br />
relaciona com o “rio da minha aldeia”.<br />
11 Trabalho elaborado por Cecília Russo e Jaime Troia<strong>no</strong> em 2000. (N. E.)<br />
12 Disponível em: . Acesso em: 1 mar. 2009. (N. E.)<br />
Nosso envolvimento com et<strong>no</strong>grafia de marca, <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s,<br />
tem crescido constantemente, sobretudo porque outr<strong>as</strong> form<strong>as</strong> de<br />
acesso à compreensão d<strong>as</strong> relações entre consumidores e marc<strong>as</strong><br />
nem sempre funcionam bem. B<strong>as</strong>ta que o contato com os consumidores<br />
seja feito de maneira inadequada para que eles se escondam<br />
atrás de álibis, pudores e fr<strong>as</strong>es politicamente corret<strong>as</strong>. Bronislaw<br />
Mali<strong>no</strong>wski, um dos mais importantes mestres da moderna antropologia,<br />
confessava quanto eram complexos e incompreensíveis os<br />
elementos da cultura de sociedades primitiv<strong>as</strong> que ele estudou na<br />
Melanésia, durante um primeiro período de contato: peç<strong>as</strong> que não<br />
se encaixavam um<strong>as</strong> n<strong>as</strong> outr<strong>as</strong>, comportamentos que aparentemente<br />
não faziam sentido etc. Somente a gradual imersão naquela cultura<br />
criaria condições para compreender e dar sentido a sua complexidade.<br />
Só um profundo mergulho na vida daquela sociedade<br />
permitiria entender o papel e significado de cada um dos elementos<br />
que compõem sua cultura.<br />
Nos estudos de marc<strong>as</strong> e de comportamento do consumidor, quando<br />
não dedicamos atenção suficiente às particularidades que compõem<br />
sua cultura, seus hábitos e comportamentos e <strong>no</strong>s esforçamos para dar<br />
sentido a eles, é me<strong>no</strong>s provável a capacidade de compreendê-los em sua<br />
totalidade. Para penetrar <strong>no</strong> coração d<strong>as</strong> marc<strong>as</strong> e na alma dos consumidores,<br />
é preciso, muit<strong>as</strong> vezes, usar um reluzente e afiado formão.<br />
Et<strong>no</strong>grafia de marca é uma ferramenta poderosa, e por vezes insubstituível,<br />
porém, exige muito cuidado pelo grau de intimidade que se estabelece<br />
com o consumidor e o quanto ele se expõe. Portanto, para fugir<br />