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as marcas no divã

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Arrisco-me a apontar algum<strong>as</strong> tendênci<strong>as</strong> alimentad<strong>as</strong> pela expansão<br />

evangélica:<br />

1. O capitalismo br<strong>as</strong>ileiro deverá se fortalecer com uma atitude mais<br />

disciplinada em relação ao trabalho. Afinal, isso já ocorre entre os<br />

segmentos pentecostais. A presença de mais “caxi<strong>as</strong>” e me<strong>no</strong>s “malandros”<br />

(na linguagem de Roberto DaMatta) pode equilibrar melhor<br />

esses dois polos da personalidade br<strong>as</strong>ileira. Estudos clássicos<br />

mostraram o quanto a ética do trabalho disciplinado impulsio<strong>no</strong>u<br />

o capitalismo <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>.<br />

2. Ao contrário da resignação típica em alguns segmentos d<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses<br />

C e D, a moral dos <strong>no</strong>vos grupos pentecostais impõe a “teologia da<br />

prosperidade”. O progresso social, a conquista de bens e a evolução<br />

de seus padrões de consumo servem como alavanc<strong>as</strong> poderos<strong>as</strong><br />

<strong>no</strong> desenvolvimento social desses grupos. “A posse, a aquisição e<br />

exibição de bens, a saúde em bo<strong>as</strong> condições e a vida sem maiores<br />

problem<strong>as</strong> ou aflições são apresentad<strong>as</strong> como prov<strong>as</strong> da espiritualidade<br />

do fiel.” 19<br />

Em minha opinião, entender em profundidade como a moral e os<br />

valores evangélicos criam padrões de comportamento de consumo<br />

diferentes do establishment de consumidores católicos é uma missão<br />

“sagrada” para profissionais de marketing e comunicação. Uma sugestão<br />

de pesquisa seria comparar du<strong>as</strong> amostr<strong>as</strong> de consumidores filiados<br />

às du<strong>as</strong> vertentes religios<strong>as</strong> dominantes, isto é, católicos e protestantes<br />

(evangélicos).<br />

Trata-se de um jogo <strong>no</strong> qual não se perde. C<strong>as</strong>o os resultados mostrem<br />

diferenç<strong>as</strong> substanciais em padrões de comportamento de consumo e<br />

mídia entre os dois mundos, temos algo muito valioso n<strong>as</strong> mãos. C<strong>as</strong>o<br />

eles se <strong>as</strong>semelhem, estaremos descobrindo algo precioso e inesperado:<br />

a força do mercado d<strong>as</strong> marc<strong>as</strong> é algo que integra a todos nós.<br />

3. Há fortes indícios de que esse grupo de pesso<strong>as</strong> tende a se concentrar<br />

n<strong>as</strong> marc<strong>as</strong> mais poderos<strong>as</strong> do mercado, seja porque i<strong>no</strong>vação<br />

e experimentalismo não são seus traços mais típicos, seja porque<br />

o progresso social, inspirado pela “teologia da prosperidade”, se<br />

materializa mais plenamente por meio de tais marc<strong>as</strong>. Como um<br />

rebanho acompanhando p<strong>as</strong>tores, esse segmento social acompanha<br />

marc<strong>as</strong> de prestígio, que inspiram respeito.<br />

19 Maria<strong>no</strong>, Ricardo. Neopentecostais. São Paulo: Loyola, 1999. (N. E.)<br />

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